António Gata (1876-1938), filho de Bernardo António Guerra e Ana Cardoso foi uma das personagens mais marcantes da primeira metade do século XX na Vila como proprietário, lavrador e comerciante. Pessoa bem formada e íntegra, defendeu o padre Júlio Matias na tentativa (bem sucedida) de o colocar fora da freguesia, quando os ventos da instauração da República eram pouco favoráveis à defesa do clero. Foi presidente da junta e era uma figura com peso político local. Teve três filhos ordenados sacerdotes - Abel, Júlio e Alberto. Foi o Aníbal que deu continuidade à atividae económica, sobretudo a comercial.
O Comércio de António Gata era um dos maiores da região servindo não apenas Vilar Maior mas freguesias próximas, sendo incrível a quantidade e variedade de bens que se vendiam que era praticamente tudo o que se consumia desde bens alimentares, vestuário, bebidas, tabaco, ferramentas para as várias profissões, petróleo, artigos de papelaria e correio, folha de flandres para o latoeiro, brochas e pregos de tamanhos vários, protetores e graxa para sapatos, artigos de higiene e toilete, guloseimas, retrosaria e tudo o que costureiras e alfaiates necessitassem, artigos de papelaria e correio ... tudo admiravelmente organizado e arrumado. Tudo isto feito por um só homem que tinha uma contabilidade de tudo isto e de todos os gastos de casa numa escrita de fazer inveja. Era preciso estar atento às necessidades dos clientes, fazer as encomendas aos aos fornecedores, avaliar a qualidade dos produtos,escolher os melhores preços, fazer reclamações...
O livro de cartas comerciais de António Gata é um manancial de informações históricas sobre o consumo dos vilarmaiorenses nessa época e donde retirámos, entre muitos outros, estes apontamentos:
Este livro de 500 páginas contém as cartas comerciais de António Gata aos seu fornecedores, sendo que começa na página 150, abrange o período que vai de 1 Junho de 1921 a 4 de Setembro de 1924.
Algumas das cartas são o envio de dinheiro para crédito: «Anexo envio escudos 305$00 que me creditarão com os meus agradecimentos para saldo»
Outras em que há diferendos quanto a preços e que caso não haja redução de preços e ampliação de prazos a devolverá
Ou fazendo notar,
«Estou informado que no Porto, à porta de vários armazéns se vê arroz, em sacos marcado para $50 e $60, bacalhaus por preços muito mais baixos do que me fazem a mim, parece que não deveria ser assim»
«Sou a dizer-lhe que continuo no mesmo propósito, não aceito as fazendas sem que haja probabilidades de as vender, por aqui não se corta um metro de fazenda nenhuma, só fazendo-se um preço muito reduzido … em muitos artigos estou a perde muito dinheiro, as coisa não estão boas»
E a contrariedade com os produtos: «Bacalhau desta vez fiquei muito mal servido…»
Ou reclamar de descontos «disse que o desconto que fazia era de 4% sobre o total da factura e eu pedi para me fazerem 5%...» e promete devolver os lenços se não lhe fizerem o preço a que os estão a vender na Cerdeira.
Exemplo de carta:
Exmo Sr Guimarães Ayres Porto
«Anexo envio a Vª Shª escudos 181$06 que creditarão em m/ conta bem assim o bónus de 3% de antecipação e transferência.
(…) »
Solicitação de amostras de arrozes, açúcar, bacalhau e respectivos preços
Em 2 de fev. de 1922 faz uma encomenda de folha de Flandres que era a matéria prima de Albino Leonardo, latoeiro
1 cx chapa … … … 1,20x0,40 m
1 cx chapa …….. 1,20x0,30m
1 cx chapa ……… 1,20x0,25
Uma reportagem sobre os talentos da Vila. Vamos colocar a Vila no mapa
Tivemos notícia de que faleceu em Lisboa Manuel Gonçaves Boavida Castelo Branco, filho de figuras marcantes em Vilar Maior, na segunda metade do século XX: Fernando Boavida Castelo Branco e professora Adélia Gata Gonçalves. Aos irmãos e demais familiares as nossas sentidas condolências.
Uns vieram na primeira, outros vieram na segunda e chegou a vez de vir colocar a sua banca na III Feira de Talentos. Não se engane a si dizendo que não tem jeito para vender ou que não tem nada para vender. O ideal é que todas as pessoas vendam alguma coisa que todos têm alguma coisa para vender desde produtos agrícolas (cebolas, batatas, feijão, gravanços, chícharos, alhos, abóboras e tudo o mais comestível), compotas (o doce de ginja, cereja, amora, abóbora, a marmelada) frutos sêcos (figos, nozes, amendoas), bebidas (vinho, licores, aguardentes, geropiga), queijos (frescos, curados...) ervas aromáticas, chás (poejos, tilia...), mel do Cimo da vila. Este ano é ano de muito bracejo, faça uma vassouras. Vá até ao Cesarão, Coa, Barragem de Alfaiates pesque uns barbos, umas bogas e venha vendê-as.
Se não vá à arca e tire de lá aquela toalha de linho esquecida e mostre-a ou venda-a; venda os atafais da burra, o cabresto, a cilha. Venda alguma coisa.
A única coisa que pedimos é que não venda é a alma ao diabo!
Foto de José Valente
Faleceu a esposa de José Simões Valente no p.p. dia 4 a quem apresentamos sentidas condolências. José Simões Valente reside há muitos anos em Filadélfia. Todos nos lembramos com carinho dos seus pais Aurélio Simões e Marquinhas Ferreira, moradores na Rua de Cima na casa contígua à do ti Fernando Cerdeira. Ao Zé Simões Valente devemos uma boa parte de fotografias, dos anos cinquente e sessenta do século passado, sobre pessoas, paisagens e acontecimentos da vila, algumas delas publicadas neste blog. Obrigado
No longo caminho da humanização refere-se que a descoberta do fogo terá sido o maior dos inventos humanos, não sendo difícil aportar razões que suportam tal tese. Porém, prefiro sustentar que a maior invenção do homem foi Deus ou os deuses e que sem tal descoberta jamais o homem se inventaria a si mesmo. As mais belas histórias do homem, aquelas que dão sentido à sua história, são em todas as civilizações histórias dos deuses.
Por isso, olhamos para a Vila e os monumentos mais importantes e abundantes são os religiosos desde cruzes,cruzeiros e alminhas a capelas e Igrejas. Sejamos mais ou menos praticantes, do que não restam dúvidas é que a nossa matriz cultural é uma matriz cristã.
Num país cada vez mais reduzido a uma estreita faixa ao longo do mar, com um interior cada vez mais de ninguém, onde por falta de uma polítiva clarividente há cada vez menos economia, menos pessoas levando ao fecho de escolas, de centros de saúde, de estações de correio, de postos da GNR, conforta-nos ver a atitude da Igreja, apesar da exiguidade de recursos, a manter os serviços litúrgicos mínimos, a abrir as portas das Igejas pelo menos ao domingo. Independentemente das questões de fé, todos temos que reconhecer a importância da presença da Igreja. Quando, às vezes, na missa de domingo conto o número de pessoas e chego às vinte, lembro-me da passagem do Evangelho que diz «onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu etarei entre eles».
Vilar Maior tem a sorte de ter um pároco jovem empenhado na evangelização e na promoção ativa dos valores humanos, que se interessa pelas pessoas, pela cultura e pelo povo de Vilar Maior como é bom exemplo a Representação da Paixão de Cristo que se realizou pela segunda vez.
Por tudo isto, me chocou saber que o total da Côngrua da Vila para o pároco não ultrapassou os quinhentos euros, em 2013, a mais baixa (muito mais baixa) de todas de todas as freguesias que assiste. Alguma coisa não bate certo, mas penso que os homens de boa vontade da vila estarão de acordo em reverter esta situação.
Porque quando a Igreja de Vilar Maior tiver encerrado, teremos encerrado Vilar Maior.
Fui hoje à minha consulta anual à senhora Dra Veterinária que me faz sempre uma grande festa:
- Olá Czar, como estás?
Depois os procedimentos profissionais: Peso 28 Kg, igual ao ano anterior; Verificação do estado de dentes e boca, ouvidos, olhos, apalpação, oscultação e uma pica.
Desta vez tive direito a cortar unhas, coisa que me arrelia e que não fora o patrão convencer-me jamais lho permitiria. Como me portei bem deu-me um biscoito. Diz que estou muito bem com os treze anos de idade, mas que a idade não perdoa. Saí vaidoso com os elogios recebidos e não lhe disse mas pensei-o, à maneira de cão: Cá starei para o ano.
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