Essa necessidade cega da conquista de terra aos cabeços tornando-a agricultável, o que era feito cavada a cavada, palmo a palmo, dando origem à construção dos designados cômoros (espécie de sucalcos ) pelos beirões do interior, traz-me à memória uma frase que li pela primeira vez num compêndio de Geografia Mundial e que dizia: Deus fez a Terra, mas os holandeses fizeram a Holanda. Frase que pretende retratar a perseverança , o empenho e tenacidade desse povo, na tomada de terras ao mar na construção dos famosos diques. Portanto, enquanto os beirões fizeram dos cabeços terra, os Holandeses, lograram fazê-la do mar. Porém, ainda que o empenho e tenacidade de uns outros seja equiparável, já os resultados finais são diametralmente opostos. No caso dos holandeses onde antes era mar, hoje são extensas planícies, quais verdadeiros jardins plantados de tulipas. Nos cômoros dos beirões pululam as silvas, as giestas, em suma, o mato. São as condições naturais a determinar as diferenças, diremos. Mas não só, direi eu.