Sábado, 3 de Maio de 2025

VILAR MAIOR
Muita água!
Muita Fraga!
E muita giesta!
Vilar Maior! Badamalos! Arrifana!
Folha do Escabralhado e da Bismula!
Terras por onde o rio da minha alma corre!
O lugar do Pereiro!
E lá ao fundo cantando a Ribeira…
O cheiro a resina dos pinheiros…
A flor das giestas…
As maias!
O açude dos dos Gatas acima das poldras!
O moinho! As Veiga semeadas!
E ao passar ao bacelo do Carlos Freire,
A curva das cerejeiras…
A torre de menagem …
A flecha branca da igreja…
As alminhas…
O Pelourinho…
O paço dos Rebochos
A lenda da senhora dos cornos…
Vozes e passos indo e vindo no grande no casarão deserto…
Almas penadas do outro mundo…
E o Vento fazendo ranger as portas!
As noites frias!
A lareira acesa pela noite fora!
As bogalhadas!
Os caretos de Entrudo!
O toco! As janeiras!
As ceifas, as malhas!
Os bailaricos no terreiro!
A concertina do Zé Laranja …
Eternamente desafinada
(como se alguém se importasse!...)
a tocar no cima do povo!
A capela dos Senhor dos Aflitos!
A capelinha de S. Sebastião…
Carreirinhos abertos na erva das Hortas da Ribeira
Levando aos poiares de pesca!
Leiras de pimentos e feijões de estacada ao alto nas hortas
Ai a frescura da adega!
Ai o presunto dependurado do tecto
(guitarra portuguesa comida às fatias)
Com um copo de tinto a correr da pipa!
Ai pimentos curtidos na talha!
Ai queijinho fresco de cabra todos os dias!
E as resguardas da ponte…
Ai se aquela resguardas falassem!
Sob a nogueira ao portão do Manel
Os beijos dos namorados!
Ai nogueira que velha estás!
Ai casais de namorados, o que é feito de voz agora?
Ai Mocidade! Mocidade!
Quando o sonho comandava a vida!
A minha gaita-de-beiços
Comprada no mercado de Alfaiates!
Como me lembrais agora?
E a grande Amoreira
que havia no Curral grande do Simões
E a rusga aos ninhos?
E o rebusco às vinhas
à saída da escola?
E o Chico Bárbara passando à porta
a cavalo no seu boi preto
cumprimentando com um ´’olá menino Joãozinho’?
Ai! Ai! Ai!
Mil vezes ai!
Que a minha mocidade
há muito foi na enxurrada
da vida!
Agora…
É a Marta quem me diz
- Pai vamos apanhar as sardaniscas!
E eu…
Mocidade… Mocidade…
Pela mão dela,
Vou
à caça de sardaniscas
nos muros dos quintais…
Também
a cavalo no meu boi
preto!
João Valente Martins
Segunda-feira, 14 de Abril de 2025

Às vezes espanta-me a cegueira dos outros, desta vez envergonho-me da minha.
Terça-feira, 1 de Abril de 2025

(15.05.1933 - 29.03.2025)
Faleceu a ti Beatriz. A filha mais nova de José Duarte e de Ana Joaquina Dias, irmã da Filomena, da Ana e do João. Com a sua morte aproxima-se o fim de toda uma geração que viveu tempos difíceis. A Beatriz, sozinha, criou quatro filhos, hoje quatro homens. Trabalhou duramente na aldeia, fazendo trabalho na casa e no campo. Como tantos emigrantes, também ela demandou as terras de França onde trabalhou durante muitos anos. Por fim, regressou à sua aldeia, trazendo consigo as marcas de uma existência vivida com valentia. Com a perda da autonomia, ela que toda a vida cuidou dos outros, encontrou cuidados e acolhimento no lar da Bismula onde terminou os seus dias.
Do seu jeito de ser fica-nos a sua amabilidade, o seu sorriso, o seu exemplo de mulher corajosa e cuidadora e, sobretudo, generosidade. E, na hora da morte o que fica não é o que recebemos mas o que demos. O funeral decorreu na segunda feira, com missa de corpo presente, a que se seguiu o enterro no cemitério, num harmonioso fim de tarde de sol primaveril.
Aos filhos José, Carlos, Fernando e António e suas famílias as nossas sentidas condolências.
"Aqueles que passam por nós, não vão sós,
Não nos deixam sós,
Deixam um pouco de si,
levam um pouco de nós"
Antoine de Saint Exupéry
Domingo, 9 de Março de 2025

Caros leitores e conterrâneos,
Hoje, ao sentar-me para escrever mais uma vez neste espaço que construímos juntos, fui tomado por uma surpresa e uma emoção indescritível: este é o post de número 2000 do blog Vilar Maior, minha terra, minha gente.
Parece que foi ontem que, em 6 de agosto de 2006, publiquei as primeiras palavras neste cantinho virtual dedicado à nossa terra, à nossa história e às nossas memórias. O tempo passou e, com ele, vieram tantas recordações, relatos, fotografias e partilhas que ajudaram a manter viva a identidade de Vilar Maior e o amor que nos une a esta terra. Por aqui passou tanto da Vila - pessoas, lugares, acontecimentos, histórias. Tudo aqui registado, vivos e defuntos. Aqui se reencontraram pessoas das mais diversas partes do mundo.
Cada post publicado foi um elo nesta corrente de memória coletiva. Juntos, revisitámos tradições, contámos histórias de gentes que marcaram a nossa comunidade e celebrámos as belezas que fazem de Vilar Maior um lugar tão especial. Mas, acima de tudo, fortalecemos laços, mesmo à distância, porque este blog sempre foi mais do que um simples espaço virtual: é um ponto de encontro para todos aqueles que levam Vilar Maior no coração.
A marca dos 2000 posts não é apenas um número. É um testemunho do carinho e dedicação que tenho por esta terra, mas também da força da comunidade que se reuniu em torno deste espaço. Cada visita, cada comentário, cada partilha me impulsionaram a continuar e são a razão de eu seguir escrevendo.
Agradeço, de coração, a todos que acompanharam esta jornada, seja desde o início ou nos anos mais recentes. Que venham mais histórias, mais memórias, mais recordações e, quem sabe, mais 2000 postagens para honrar e celebrar nossa querida Vilar Maior!
Com gratidão e amizade, Júlio Marques
Sábado, 8 de Março de 2025

As mulheres da minha aldeia sempre foram o pilar invisível, mas inquebrantável, que sustentou famílias, tradições e memórias. Eram elas que amanheciam antes do sol, preparando o pão, cuidando dos filhos, lidando com a terra e com os animais, sem nunca se queixarem do peso que carregavam nos ombros. Mulheres de mãos calejadas e olhares firmes, que sabiam que a vida era feita de trabalho e resistência.
Também havia os homens – e que seria deles sem elas? A natureza, na sua inteligência, mandava, regra geral, que os homens morressem primeiro, pois não saberiam cuidar de si. Viúvas ficavam vestidas de negro para sempre, não apenas em sinal de luto, mas porque a sociedade esperava delas essa devoção silenciosa. Seguiam em frente, carregando sozinhas a memória dos que partiram e a responsabilidade de manter as famílias unidas.
Na minha aldeia, as mulheres eram as primeiras a levantar e as últimas a descansar. Elas davam à luz, criavam os filhos, enterravam os seus mortos e seguiam vivendo, mesmo quando a vida parecia não lhes dar tréguas. Eram donas de uma força silenciosa e de uma dignidade que o tempo não conseguiu apagar.
Hoje, quero homenagear essas mulheres, que foram mães, avós, irmãs e filhas, que amaram e sofreram em igual medida, que riram e choraram sem nunca perder a essência daquilo que eram. Mulheres que, mesmo sem saber, ensinaram-nos o verdadeiro significado de coragem e resiliência.
Lembramos aquelas que, desde tenra idade, pegaram na enxada e no sacho, que cavaram a terra com mãos calejadas e pés firmes, que mondaram ervas, ceifaram o trigo, regaram os campos, garantindo o sustento da casa. Mulheres que, mesmo cansadas, voltavam para os seus lares, onde a lida nunca terminava. Acendiam o lume, enchiam a panela com o que a terra dá e, com mestria, aproveitavam cada ingrediente com sabedoria, lavavam a roupa na presa de Vale de Castanheiros ou na ribeira, fiavam e teciam, transformando fios em peças de aconchego. E cantavam, para afugentar o mal.
Foram mães dedicadas, esposas incansáveis, filhas diligentes e avós sábias. Carregaram cestos e cântaros à cabeça, levaram os filhos ao colo e suportaram fardos invisíveis, aqueles que a vida lhes impôs sem pedir licença. Com a força de quem nunca desiste, enfrentaram o vento e a chuva, o frio e o calor, sem nunca baixar os braços. Resistiram.
Hoje, queremosr lembra e honrar estas mulheres. Porque foram elas que, com sacrifício e resiliência, ergueram famílias e transmitiram valores. São elas que nos ensinaram que a verdadeira força não mais do que nos músculos, se encontra na alma, na coragem de continuar, no amor que colocaram em cada tarefa, em cada gesto.
Que neste dia e em todos os outros, possamos reconhecer e agradecer o legado que deixaram e continuam a deixar. Porque sem elas, a nossa aldeia não seria o que é. Sem elas não seríamos, deram-nos tudo. deram-nos a vida, cuidaram de nós. A todas as mulheres da nossa terra, a nossa eterna gratidão.
Sexta-feira, 7 de Março de 2025

Com 85 anos de idade, faleceu, em França, a nossa conterrânea Lurdes Bárbara Cunha, filha de Francisco Cerdeira Cunha e de Justina Bárbara. Fazia parte de uma extensa fratria: Isabel, José, Manuel (já falecidos) e Celeste, Francisco, António e Fernando. Apresentamos as nossas condolências às filhas, irmãos e restante família.
Quinta-feira, 6 de Março de 2025
LÁSTIMA.
Acabaram-se as brincadeiras e o caracteristico ambiente de folia e
boa disposição dos dias carnavalescos .
Voltamos à realidade das venturas e agruras do dia a dia comuns.
Logo de manhã,bem cedinho,ainda sob o manto cinzento do alvorecer chuvoso,meto-me a caminho do Centro de Saúde da nossa cidade do Sabugal.
Não há marcações e ê confiar na sorte de se ser atendido.
Com pontualidade germânica ,que é aconselhada a quem quer ver resolvidos os seus assuntos mais urgente,meti caminho pelos 20 quilómetros que distam da minha residência até à cidade capital do concelho.
A sala de espera muito composta de gente de idade avançada, aguardava pela ajuda daqueles em quem se confia,em última instância.
Pontualmente,às 8 horas , a funcionária administrativa faz deslizar o pesado vidro da abertura e,com voz timida e seca,anuncia o que todos já temem: HOJE NÃO HÁ MEDICO!!
Hoje não ha medico,como não houve muitas vezes no passado recente.
Medico que "garante" urgências e atende os que têm direito a medico de familia ,e não o têm.
Assim,aqui não há marcações e quem precise de atendimento médico proximo,tem de arriscar . Ou tem de ter meios para procurar
a medicina privada,a medicina dos priveligiados.
Quem cala consente e estas gentes humildes,não têm outra consolacāo que não seja esperar por melhores dias,que nunca mais chegam.
Carlos Gata
Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2025
(Texto de 2004, do blog Pitagórico antes do nascimento do Vilar Maior, minha terra, minha gente)
Mais uma vez me pus a caminho pelo IP5 que por Albergaria nos leva à raia. Chegados a Vilar Formoso, vira-se a Sul, passas-se por Nave de Haver, ao lado das Batocas e depois de virar à direita passa-se por Aldeia da Ribeira e chega-se a Vilar Maior. Com esta viagem não nos deslocamos apenas no espaço: mergulhámos no Portugal interior, profundo, no antes de D. Dinis: as pessoas velhas que por lá moram e os mais novos que por lá vão, vêm do princípio dos tempos, basta olhar-lhes atentamente as feições. Entramos ali como se fizessemos um parentese na História - estão ali os personagens todos no presente que são e no passado que se lhe conhece. Eu olho-os e falo com eles e pergunto-lhes pelos parentes e ficam satisfeitos por dizerem e eu por ouvir. Contam-me histórias, repetidas todas em todos os encontros que já tivemos e voltá-las-ão a repetir eu sei lá quantas vezes. Histórias onde não há ficção: as pessoas são reais, os burros, as vacas e as cabras são reais, os lugares são reais. E eles pensam que eu ao ouvi-los sou tão real como eles a contá-las. Esquecia-me de dizer que a viagem é para assistir à festa. Festas há muitas mas esta é a festa. Aos de fora ( coitados não são de cá, são de terra alheia, infelizes que nem sabem quanto perdem) tenho de lhes dizer que é a festa do Sr dos Aflitos que todos conhecem e a quem todos rezam. Ele é ainda mais real do que tudo quanto dissemos ser real. Todos sabemos a sua casa e todos somos dele testemunhas. O senhor padre pregador pode falar de Deus pai, de Deus Espírito Santo, de nossa senhora e dos Santos mas existir realmente, existe o senhor dos Aflitos: Eu próprio sou testemunha anual: Finda a devota procissão tudo se conjuga para atingir o clímax da realidade: O adeus ao Senhor - o pregador mais pelo tom da voz que pelo conteúdo, o dolente hino cantado e acompanhado pela filarmónica, o abanar dos lenços, soluços abafados, lagrimas vertidas umas e contidas outras, e o recolher do senhor ao som portentoso de morteiros. E as almas contritas - as que deram graças, as que imploraram, as que aliviaram a dor - retornam aos corpos que enformam para os conduzirem aos cuidados mundanais e ao prazer do jantar da festa.
Depois é o caminho inverso pelo IP5, para um mundo bem menos real.
Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2025

Nem tudo se perdeu na Vila. Já não ouvimos os cantos das raparigas nem o assobiar dos rapazes, os ahuhios( leiam o h aspirado) dos solteiros alta noite, nem as mães a chamarem pelos filhos, nem o toque das avé-marias, das trindades ou das almas, nem as matracas em tempo quaresmal, nem o chiar dos carros das vacas, nem os tamancos ferrados sobre a calçada, nem o amassar ou espadelar do linho, ou os teares das tecedeiras, nem a bigorna do ferreiro e para não me alongar, continue que há muito mais a acrescentar. Era um mundo de sons de pessoas, animais, atividades, objetos, intrumentos, além dos sons da natureza. Felizmente, os meus tenores mão se calaram. Mas reparei que só os burros cantavam e não as burras. Perguntei à amiga Siri: - Olá Siri!
- Olá em que posso ajudar? E, eu: - Porquê que as burras não cantam?
Pensou que não fazia sentido a pergunta, que estaria a reinar com ela, fez um jogo de palavras acabando por me dizer que não sabia que cantar é assim tão difícil. Como insisti na pergunta acabou por fazer um poema que não fixei e não posso reproduzir.
Na verdade, eu acho engaçado poder em menos de um minuto pôr um burro a cantar mas a uma burra nem que estivesse um dia inteiro. Alguns destes meus ‘tenores’, basta verem aproximar-me para desatarem a cantar e darem, assim, início a um despique, não sobrepondo vozes, pois, ouvem primeiro e respondem depois, dando cumprimento ao provérbio: ‘ Quando um burro fala, o outro baixa as orelhas’
A paisagem sonora da aldeia mudou muito mas não por culpa dos burros que continuam a cumprir a sua parte. E eu aprecio e continuo sem resposta.
Ora, hoje que andava a rever textos antigos ao ler este, decidi perguntar à minha amiga
Juli@, que me disse:
"As burras (fêmeas do burro) não cantam simplesmente porque não têm a capacidade vocal para isso. Assim como outros membros da família dos equídeos (como cavalos e zebras), burras podem emitir sons, mas não de forma melodiosa como os pássaros.
O som que elas fazem é conhecido como zurrar. O zurro é um som alto e característico, geralmente descrito como um "ii-ó" bem marcado. Esse som é produzido através de vibrações das cordas vocais e da maneira como o ar é expelido pelos pulmões e modulado pela boca e garganta.
Então, a resposta curta é: não cantam porque não têm o aparelho vocal adaptado para isso, mas conseguem comunicar-se muito bem com seus zurrar!"
Sim, mas ainda sobre burros. Dizes que 'não cantam porque não têm o aparelho vocal adaptado para isso' , porém, poderíamos perguntar porquê? É possível uma resposta?
Resposta da Juli@
Excelente pergunta! A resposta para isso está na evolução e na biologia do aparelho vocal dos burros (e dos equídeos em geral). Aqui vai uma explicação mais aprofundada:
1. Evolução e Seleção Natural:
Os burros evoluíram em ambientes onde a comunicação precisava ser alta e poderosa, não melodiosa. O zurro é um som que pode ser ouvido a longas distâncias, útil para:
- Localizar outros membros do grupo em ambientes vastos e abertos, como desertos e savanas.
- Marcar território e alertar sobre possíveis predadores.
2. Anatomia do Aparelho Vocal:
O som é produzido na laringe, onde estão as cordas vocais. Nos burros:
- As cordas vocais são adaptadas para vibrações intensas e rápidas, produzindo um som alto e penetrante, mas não melódico.
- Não possuem o siringe (o órgão vocal especializado presente nas aves), que permite o controle preciso do tom e da melodia.
3. Função e Necessidade Comunicativa:
Diferente das aves, que usam o canto para atrair parceiros e defender território de forma complexa, os burros utilizam sons para:
- Avisar sobre perigos.
- Chamar outros membros do grupo.
- Expressar estados emocionais (medo, excitação, frustração).
Ou seja, a evolução favoreceu um som que é eficaz e funcional para as necessidades deles, em vez de um canto melodioso.
Em resumo, não cantam porque não precisaram desenvolver essa habilidade para sobreviver e se reproduzir. Evolutionariamente falando, o zurro cumpriu (e ainda cumpre) muito bem o seu papel!
Se chegou até aqui, parabéns. Já somos dois que nos interessamos pelo canto dos burros. E, já agora, entre nós, parabéns à UE que sentou os burros à manjedoura dos subsídios, por que não é o cantar que encanta os seus donos.
Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2025

(Da esquerda para a direita, mordomos - João Nobre, António Bárbara, António Simões e João Seixas;
mordomas: Isabel Clotilde, Irene Cruz, Teresa Badana, Elvira Silva)
Comissão de Festas do Senhor dos Aflitos, quaro mordomos homens casados e quatro mordomas, raparigas solteiras.
Agora com os contributos dos queridos comentadores já podemos deixar um post para a posteridade. Devo confessar-vos que considero este blog "VILAR MAIOR MINHA TERRA, MINHA GENTE" o maior legado que deixo a Vilar Maior. Esta fotografia, por exemplo, através dos representados, traz-nos à memória os seus familiares (pais, irmãos,filhos), as casas onde viviam, as suas profissões, as suas viagens, os modos e jeitos da sua maneira de ser e de estar. Não sabemos quem foi o fotógrafo (quase de certeza que o Toninho Simões sabe). Todos reconhecemos o lugar, à data, ainda sem alterações arquitetónicas que em nada o benificiaram. Se atentarem um pouco, ainda verão, ao fundo janelas de guilhotina e uma varanda corrida com cobertura. Antes que a Praça e o 'Cimento' fossem o lugar de encontro, de socialização e diversão, era o Largo do Pelourinho o centro da Vila. É dia de festa, num tempo em que era inpensável não haver foguetes até a realidade nos cair tragicamente em cima e despertar a nossa (in)conciência.