Vou por esses campos adentro
Por entre maias e rosmaninhos
Em cima da minha “bike” nova
À barreira da "Ponte-da-Guarda",
desmonto e sigo a pé.
Levanta-se um coelho numa cova
da horta do Zé da Cruz
e atravessa, de um pulo, o caminho.
Ao fim da subida
monto a "bike" novamente
deixando a sombra no alcatrão quente.
A meio da pequena descida,
uma pedra ao alto levantada:
Ali mergulhou o Agostinho
na sua velha motorizada.
"Ó vós que aqui passais
-convida a inscrição-
tende piedade da sua alma
e rezai um padre nosso e uma avé Maria".
Persignando-me, sigo adiante,
passando a ribeira,
que ainda corre,
e com enrome esforço de pernas,
dando à roda pedaleira,
as crejeiras do Ti Pascoal,
o depósito da àgua
e ao cemitério,
pergunto ao homem do tractor:
-Amigo, para a "Ponte Sequeiros", qual é o desvio?
-À saída, na curva, vire à esquerda e siga o rio.
A sede aperta,
encosto a "bike"
e entro no café.
Ao segundo copo
Já querem saber de onde sou.
Respondo:
- De longe... de muito longe...
E como ali vim dar.
Divago:
-No vento... vim no vento!
Seguindo caminho,
agora sempre a descer,
lameiros e freixos de um lado e de outro,
-Lá está a curva e o desvio-
começa a chover,
abre-se o arco-íris
sobre os montes em redor.
O caminho trona-se ruim,
Sigo a pé então,
e mais adiante, enfim,
surge a ponte com o seu torreão.
Um rebanho desce a enconsta sobranceira
e pergunta-me o pastor:
-De onde é voçê, amigo?
E eu respondo:
-De longe... de muito longe...
-E vai para onde?
-Para onde me levar o vento...
Vou no vento...
E ele -estou ainda a vê-lo- de cajado, encostado ao muro:
-Não vai não, amigo...
que traz um furo
no pneu
João Valente Martins
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