Ele vinha da neve, dos trabalhos
violentos, custosos, da enxada,
cantando a meia voz, pelos atalhos.
A mulher, loura, infeliz, resignada,
cosia junto à luz. O rijo vento
batia contra a porta mal fechada.
Ao pé havia um Cristo, um ramo bento
e uma estampa da Virgem, colorida,
cheia de mágoa, olhando o firmamento...
Uma banca de pinho, mal sustida.
vacilante nos pés; um candeeiro,
companheiros daquela negra vida.
O homem, alto, pálido, trigueiro,
entrou. Tinha as feições queimadas, duras.
dos que andam, com a enxada, o dia inteiro.
A mulher abraçou-o. As linhas puras
do seu rosto contavam já tristezas
de grandes e secretas amarguras.
Tinha chorado muito as estreitezas
daquela vida assim!... Talvez sonhado
um dia com palácios e riquezas!
Ele deitou-se a um canto, fatigado
de erguer-se, alta manhã, todos os dias.
mal voavam as pombas do telhado.
Lá foca, nuvens grossas e sombrias
no pesado horizonte. Ele assim esteve
? as noites eram ásperas e frias -.
Ela cobriu-o duma manta leve,
esburacada, velha. No telhado
ouvia-se cair, sonora, a neve.
Ela então meditou no seu passado;
no seu primeiro beijo, nas lembranças.
talvez, do seu vestido de noivado,
e nas tardes das eiras, e das danças
às estrelas, e aquela vez primeira
que a rosa lhe furtou das longas tranças;
e aquela tarde, junto da amoreira,
que trocaram as mãos; e na janela;
e quando olhavam, juntas, a ribeira;
e quando ela tímida e singela...
.....................
Lá fora, dava o vento nos caixilhos;
não brilhava no céu nem uma estrela.
E, àquela hora da noite, por que trilhos
andariam no mundo ? ela cismava -
nas misérias, talvez, sem rumo, os filhos!...
Ele, na manta velha, ressonava
Claridades do Sul, Gomes Leal
A ideia foi Lançada pelo José Carlos Cerdeira: Fazer o ciclo do pão. Desde já em Setembro vai semear o centeio. Depois em Agosto será a ceifa, a malha e o cozer do pão. Espera-se com esta iniciativa mobilizar as várias gerações, fazendo viver em todos, ao vivo, o quanto era difícil ganhar o pão com o suor do rosto.
Esperamos que ocorram ideias a que este blog dará publicidade.
A única coisa para que não pode servir a festa é para desunir os vilarmaiorenses. Dizem os de um lado que a festa terá de ser no primeiro Domingo de Setembro porque sempre assim foi.Enquanto não houve emigração não houve problema. Também não houve problema enquanto os patrões lhes permitiram que alongassem as suas férias pelo mês de Setembro. Tornou-se problema quando tiveram que rumar ao trabalho até final de Agosto. Com compreensível dor de todos e revolta de alguns a festa continuou na data que sempre foi. Encontrou-se uma forma de mitigar o problema criando em meados de Agosto a «Festa do Emigrante». Neste momento já não são apenas os emigrantes que não podem assistir à festa mas muitos que trabalham em diversas zonas de Portugal.
Talvez seja tempo de repensar a data.
Este é um espaço que aceita essa discussão, dando a todos a oportunidade de expor a sua opinião que todas as opiniões são respeitáveis.
Como um ritual, uma vez por ano, pelo nascer do sol, desta vez acompanhado pela Teresa na demanda de poejos que noutros sítios chamam de erva peixeira e de que são conhecidos os efeitos medicinais. Mais do que estes encantam-me na planta a beleza da flor, a intensidade do cheiro e o agradável paladar. Passadando pelo lugar das poldras (quem se lembrou de as tirar?), passei ao lado da Casa Branca, a umas alminhas toscamente esculpidas esculpidas na encruzilhada dos Labaços, Casas dos Mouros, e Picotes rumei caminho da Balsa. (Bom dia, ti Fernando. Então anda a cortar as silvas. Tem que se ir deitando a mão enquanto podemos, senão qualquer dia elas engolem-nos). Mais à frente umas leiritas cultivadas (Bom dia ti Zé, então, anda a malhar o feijão, devia esperar pelo calor que degranava melhor. Pois é mas há muito calor e assim vou-me entretendo). E um pouco mais uma veiga cheia de abóboras e encarapitado na parde o homem esgalhava um freixo (Olá ti Joaquim! Então o que faz, eu entretenho-me por aqui que é melhor que andar por aí como outros a tocar o bombo olhe se quer poejos vá até às poldras da balsa que os há por lá). E havia mesmo muitos mas pequenos que deu um trabalhão arranjar coisa que se visse.
O Czar, o cão, salta contente como se fosse a encarnação da felicidade aproveita todos os lagos para se refescar. Chegámos à Cimeira que é o limite de Vilar Maior com Aldeia da Ribeira e regressámos com o sol a pino. No próximo ano voltaremos.
Contaram-me que foi um enorme sucesso pela quantidade de participantes (quase 40?), pela boa disposição, pela beleza paisagística do percurso, pela feijoada com que se restauraram as energias. Até se cantou o fado com revelação de talentosa voz que a maior parte desconhecia.
Esperamos poder publicar neste espaço algumas fotos do referido passeio.
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