No Outono sachando as nabiças. Só a gente da 3ªidade vai cultivando os campos. Depois deles, como será?
Em Agosto, garantiu-me o José Carlos Cerdeira e eu granti-lhe que ajudaria. haverá a festa do pão. Queremos lmostrar aos mais novos e fazer recordar aos mais velhos como se processava esta actividade. Era uma cultura bienal. isto é a terra usada num ano ficava no seguinte de pousio. Antes dsa sementaira dava-se a primeira lavra (decruar) e depois uma segunda (estravessar). Pelo mês de Outubro fazia-se a sementeira. O lavrador atrelava agrade ao jugo das vacas punha-se em cima dela e alisava a terra. Depois pegava num saco de semente que com técnica específica pendurava do ombro e com a mão cheia de centeio em gesto largo projectava uniformemente a semente por toda a terra. Depois com o arado de relha temperada sulcava tera rego após rego até cobrir toda a semente. O lavrador primava em deixar regos direitos como se fossem feitos com régua e esquadro e perfeita medição. Mas não era tudo a olho e à mão executado na perfeição. Nesta obra de arte ficava inscrita a marca do artista.
Na fotografia em cima, no sítio do serrado, contíguo ao Centro de Dia lá está a terra lavrada pronta a receber a semente. Quem sabe se em Janeiro o veremos verdegar?
Todas as gigantescas cerejeiras que conheci, incluindo algumas a que subi para colher cerejas, desapareceram ou teimam e m continuar na sua imponência cadavérica a ver passar as estações do ano. É triste saber que a Primavera chegará e que continuará igual sem folhas, sem flor e sem fruto. Os campos ajardinados são uma memória, ainda. Qualquer dia nem isso. Tudo crescerá livremente de acordo com a lei da selva. Vencerão os mais fortes e os mais fortes quase nunca são os melhores. Olho a velha cerejeira e fico triste.
Quem viajar na estrada fronteiriça no sentido Vilar Formoso - Sabugal, no sítio do Carril, antes dedo cruzamento para Aldeia da Ribeira e Vilar Maior depara com a fotografia que aqui apresentamos. E quem não conhecer pensa que se tratará do Castelo do Sabugal quando de facto se trata do Castelo de Vilar Maior. Trata-se de um completo abuso e usurpação. Por estas terras vão-se fazendo destas tropelias porque ninguém dá conta e se dá não reclama. O senhor presidente da junta de Vilar Maior alguma vez tinha reparado nisto? E se reparou tomou alguma diligência? Se aparece o nome do concelho não deveria primeiro aparecer o nome de Vilar maior?
Cincilro
Cinlcilro por aqui, que noutros lugares lhe chamam sincelo, é um dos fenómenos interessantes que é possível contemplar no Inverno quando em tempo não chuvoso e frio dia após dia a geada cai e se vai acumulando por vários dias. As árvores vestem-se de branco e vergam-se sobre o peso do gelo. Se num dia destes subir ao lugar das moitas poderá contemplar um dos mais belos espectáculos que a natureza pode oferecer.
Vaz, Francisco Santos (2003) Nordestinas e Sabatinas, Crónicas ficcionadas do quotidiano aldeão, Sabugal, Edição do autor
Padre Francisco:
Foi com satisfação e sem surpresa que recebi de minha mãe, «Nordestinas e Sabatinas», o livro que lhe mandou entregar-me. Sem surpresa porque várias vezes me interrogara por que ainda não havia reunido em livro crónicas dispersas que ao longo dos anos foi produzindo. Com satisfação e com emoção porque me apraz recordar alguém que positivamente fez viagem numa parte importante da minha vida e dela me ensinou sem querer ensinar. Iniciou a sua vida de pároco num tempo, num contexto e num espaço que partilhámos e com sonhos de uma vida boa que não queríamos só para nós. Em tempos difíceis em que as estradas eram de pó no Verão e de lama no Inverno e em que a escuridão das noites longas e escuras de Inverno eram cortadas pelo moderníssimo candeeiro a gás, que contrastava com as humildes candeias de petróleo ou os um pouco menos humildes candeeiros de igual combustível. O seu exíguo escritório era, então, para mim, nas férias que passava na aldeia um pequeno oásis: Para além, da conversa possível entre um adolescente progressivamente descrente na sua vocação sacerdotal e um padre estreante nas lides paroquiais, havia a música em discos de vinil a quarenta e cinco ou trinta e três rotações (lembra-se do Zeca Afonso, do Adriano Correia de Oliveira, do Carlos Paredes - quem nos iria aí incomodar por ouvir essa música?-, do Jacques Brell, do Juan Manuel Serrat entre outros). Havia uma máquina de escrever com a ajuda da qual actualizou todo o registo paroquial e na qual escreveu muitas das crónicas que agora reúne
Tinha havido o Vaticano II, e a Igreja vivia um momento de grande renovação da qual participava entendendo que não pode haver vida espiritual digna sem uma vida material decente. As suas homílias dominicais afirmavam-no das mais variadas formas, e nem sempre a verdade dita era politicamente correcta, como hoje soe dizer-se. Nem sempre a acção e o gesto tinham em conta o amadurecimento do tempo. Mas nós não somos de uma terra morna: quando é frio é frio e quando é calor é calor e com isso nos livramos da maldição evangélica dos que não são carne nem peixe. E ouvi ou li, que eu não era capaz de o inventar, que um homem para ser perfeito tem que ter pelo menos um defeito.
Já lá vão para cima de 30/40 anos. Longos anos para as nossas curtas vidas. E no entanto, sentimos hoje que tudo isso teve sentido e que as reclamações, queixas, reivindicações das suas crónicas tiveram cumprimento. Tinham que ter cumprimento mas era preciso gritar que éramos gente e como tal queríamos ser tratados.
Queria-lhe dizer também que soube semear, estimular, guiar, fazer crescer. Porque aos mais novos é necessário deixá-los experimentar, dar-lhe oportunidade: - Ó Júlio, faz um artigo para o «Arraiano», sobre a festa. E na verdade, foi a minha experiência na escrita publicada. A mim e a outros foi dizendo que era necessária uma associação. Deitámos mão à obra e a associação nasceu.
Se como as árvores crescemos, enraizamos, damos flores e damos frutos, considero que a sua palavra, dita e escrita, é flor e é fruto. Como flor alegra-nos no perfume e na cor do tempo da «aldeia da triste sina», da vida difícil de então, mas de uma vida cheia, de uma vida boa, ainda que não de boa vida; como fruto tomamos-lhe hoje o merecido sabor de ter mudado um pouco a sina de todos os que, como eu, viajámos no mesmo combóio e na mesma carruagem.
Júlio Marques
Ao centro está José Seixas, pintor de profissão, fabricante das tintas que usava e de que ainda se podem ver restos nalgumas casas de Vilar Maior. Tem do seu lado direito sua irmã Augusta Seixas (de fora da fotografia está a irmã Isabel Seixas e o irmão Bernardo Seixas). Do seu lado esquerdo a sua primeira mulher Ana Cerdeira e a irmã desta Filomena Cerdeira. O cão também teve direito a ficar no retrato.
Antes de os vilarmaiorenses demandarem as terras de França, demandavam Lisboa. Muitos, feita a 4ª classe, no tempo em que não se falava de trabalho infantil e que a lei permitia começassem a trabalhar ao s 12 anos, lá iam caminho da Estação de caminho de ferro do Noémi, metidos no combóio a ter a casa de um familiar. Moços de recado de loja de comércio ou emprego similar. Outros mais velhos partiram com as famílias para trabalho de fábrica ou de construção civil. Outros mais afortunados tinham lojas próprias em que faziam comércio. Outros eram polícias, bancários, funcionários públicos. Diferentes na condição social e económica havia um traço muito forte que os ligava:eram da terra, eram conterrâneos. Para além dos laços de sangue e parentesco nenhum outro era mais forte. E todos os anos durante
Fotografia do início dos anos 70
muitos anos, se reuniam um dia em alegre e saudável convívio que mais fortalecia a identidade natal.
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