As oliveiras este ano carregaram de azeitonas. Pena é que não haja quem a colha. Se desejar torná-la própria para comer e dado que o método tradicional( cortar a azeitona e depois fazer-lhe uma calda em cinza) está em desuso, pode proceder do seguinte modo:
Coloque cinco litros de água numa vasilha e coloque as azeitonas de modo a ficarem cobertas por água. Deite na água 1/4 de litro de soda cáustica. Passadas 24 horas mude a água e continue a mudar até perderem todo o amargor. Ferva dois litros de água com cascas de laranja, orégãos, alhos e sal e deite-a nas azeitonas que hão-de permanecer sempre cobertas de água. Não utilize água da companhia. Nunca tire as azeitonas do recipiente com a mão porque amolecem e estragam-se. Se tem roblemas de fígado deve abster-se ou ser moderado no seu consumo.
Na sua forma mais simples, modesta e essencial, proceda assim:
Coloque 3 dentes de alho em um almofariz e junte-lhe sal grosso que desfará. Deite água fria numa terrina (de preferência de barro) e junte-lhe azeite e um pouco de vinagre de vinho branco. Corte cubos de pão seco, recesso ou, pelo menos bem assente e junte. Prove e acrescente sal e azeite, se necessário.
A esta forma simples pode, de acordo com a sua imaginação e o seu engenho, recorrer a ervas que, separadas ou combinadas, lhe dão característicos paladares: coentros, salsa, hortelã, poejos (se gostar do paladar destes, poderá cozê-los e utilizar apenas a água da cozedura depois de refrescada). Corte pedacinhos de pepino, de pimentos de várias cores, de tomate e acrescente e além de saboroso, saudável, ficará com um visual extraordinário. Se a água não estiver fresca pode juntar cubos de gelo. Se tiver uns peixinhos do rio – barbos- aproveite para acompanhar o gaspacho e terá uma refeição completa.
- Ora, deixe lá, mãe. Concerteza, alguém se lembrou de inventar essa na falta de novidades.
-Olha que a ti Filomena se o diz é porque o ouviu. Eu nem quero acreditar mas o povo não o devia deixar sair de onde está.
Passaram os meses e ouvi no Cimento, que é por onde passam as notícias, que afinal se queria mudar o Chafariz porque todo o largo da praça era para reestruturar. Não sou arquitecto, não sou engenheiro e nem sequer sei o suficiente sobre o que pretendem fazer. Adiantaram-me que uma das razões é porque ali não viravam os autocarros. No entanto, há coisas que eu sei e os mais velhos que eu sabem e que os senhores arquitectos não sabem e não saberão nunca da maneira que os vilarmaiorenses sabem.
O Chafariz, pequeno que pareça aos de fora, é o maior monumento de Vilar Maior no século XX, não pelo que materialmente é mas pelo seu significado. Ouvimos, os da minha idade, contar dos mais velhos as dificuldades em encontrar água própria para consumo antes de 1950. Havia a fonte Nova, a Fonte Velha, havia a fontinha da Talisca, havia poços e outras nascentes que insuficientes durante o ano enfraqueciam quando chegava o estio. Foi devido a essa penúria que o povo se uniu em volta do padre José Baptista que para além de cuidar da salvação das almas se preocupava com o alívio da dor nesta vida terrena. Lá se foi angariando dinheiro para o material que a mão-de-obra foi a dos lavradores, jornaleiros e artesãos.
Trazida a água da nascente do Seixal, o orgulho da terra era ter um chafariz (para além do fontanário da Ladeira e do Cimo da Vila) com duas bicas sempre a jorrar água. Passavam os forasteiros e ali se dessedentavam para o resto da jornada.
Dizia um conterrâneo: - Se tiver mesmo de sair dali que o levem para junto das escolas, no sítio onde se encontra a estrada vinda de Aldeia da Ribeira com a que vem da Bismula. Façam uma rotunda e coloquem-no no meio.
E porque não?
Todos os anos no dia de Todos os Santos me ponho a caminho de Vilar Maior para me irmanar aos mortos e vivos. Quase sempre, para lém das orações públicas, o que mais gosto é cirandar por entre as campas e olhar os nomes, as datas e as imagens.É como que a reza de uma ladaínha silenciosa onde invoco a memória de todos. Tenho, por vezes, a doce impressão que sabem que eu estou ali e falam comigo. Olho a foto do meu pai e sei que ele me vê olhar. E sinto uma imensa paz.
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