VILAR MAIOR, minha terra, minha gente

Da tapada do Rebolal, recordo da miha infância mais recuada, as noites dormidas na choça de pastor, junto das ovelhas que dentro da cerca das cancelas estrumavam a terra. Manhã muito cedo, acordava: o céu cheio de estrelas que aos poucos, na medida em que o horizonte da vizinha Espanha de prateado pasava a doirado, se dissipavam até restar apenas a estrela do bom pastor.

Mas era nas ceifas que a a vida era mais intensa e para mim mais alegre. Chegada a hora do jantar, com o sol a pico, as muheres da casa chegavam com um enorme cesto de verga cheio de comida. Debaixo da frondosa copa do carvalho, estendiam uma toalha de alvíssimo linho. Em cima, pousava-se a barranha do caldo, o pão, o queijo, mais um tacho de batatas e um guisado de carneiro. E havia papas de milho.

Recordei tudo isto desde que há tempos fiz uma incursão pela vizinha Castela: A parte mais a sul da deputação de Salamanca, de que fazem parte Navas Frias, Peña Parda, Casillas, chama-se El Rebolar pela floresta de carvalhos que a cobrem.  Daí vem o topónimo Rebolal onde continual frondosíssimos carvalhos.