Quinta-feira, 29 de Novembro de 2007

E o burro sou eu?!!! de Ribacoa

Eu que não sou veterinário mas já lidei com muitos burros, direi com alguma segurança que este burro está desolado, deprimido, stressado. Mais, ele está de rastos tal como o rabeiro (rédea) e os atafais (arreios) . O pobre animal terá ficado neste estado, depois da entrevista do Scolari no fim do jogo com a Sérvia, quando este disse repetidamente: o burro sou eu? A partir daí o burro começou a cismar se ele e os da sua espécie iriam perder a exclusividade da burrice a favor dos humanos. Mal sabe o burro que essa exclusividade não existe.
publicado por julmar às 19:15
link | comentar | favorito

Em maré de burros

00031twc

Então, estão a ver de quem é o burro?

Afinal o que o burro tinha mesmo era sede. E pelo que dizem ao animal não serve uma água qualquer. Tem de ser cristalina e calma e mesmo assim é conveniente incitá-lo com uma forma de assobio própria. Daí que quando uma pessoa bebia água, por vezes atrombando em rio ou presa, e se lhe queria eufemisticamente chamar burro se lhe assobiava a dita melodia ao que o visado respondia: Nunca a água me amargou quando o diabo me assobiou. E o outro retorquia-lhe:Não fosses tu marrano da pia que já ninguém to dizia.

publicado por julmar às 19:00
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Segunda-feira, 26 de Novembro de 2007

Arre burro! Xó burro!

00030a1k

Era assim mesmo: Para andar: arre e para parar: xó.. O exemplar que vemos na imagem terá acabado a sua jornada. Cabisbaixo tem um ar cansado. Talvez tenha passado a mnhã a tocar a roda, dado trazer a melena. Também pode acontecer que olhe o chão em que se vai espojar. Quem poderá entender a vida profunda de um burro?

publicado por julmar às 21:34
link | comentar | ver comentários (6) | favorito
Sábado, 24 de Novembro de 2007

Largo das Portas - De Ribacôa

 

00032e83

Em tempos não muito distantes, o Largo das Portas foi a maior porta de saída e também de entrada em Vilar Maior. Qual cais de despedida ou braço estendido das estações de caminhos de ferro do Nome e da Cerdeira do Côa. Se o Largo das Portas fosse um espaço privado e fosse de minha pertença, mandava ali erigir uma lápide (até podia ser um enorme barroco dos muitos que existem nas redondezas), na qual seria inscrita a letra de uma canção do cantor Manuel Freire, intitulada: EI-LOS QUE PARTEM. Seria uma boa forma de prestar singela homenagem a todos quantos de ali partiram em demanda de melhor sorte e principalmente àqueles que nunca mais voltaram. Segue-se a letra da referida canção, a qual cito de cor.

Ei-los que partem
novos e velhos
buscando a sorte
noutras paragens
noutras aragens
entre outros povos
ei-los que partem
velhos e novos.

Ei-los que partem
de olhos molhados
coração triste
e saca às costas
esperança em riste
sonhos dourados
ei-los que partem
de olhos molhados.

Virão um dia
ricos ou não
contando histórias
de lá de longe
onde o suor
se fez em pão
virão um dia
ou não.

Já agora e sem qualquer pretensiosismo, aí vão dois versos da minha lavra relacionadas com o tema.
Na impossibilidade de o fazer de outra forma, é a minha pequena homenagem aos que partiram

Disse adeus à minha terra
quando pelas Portas passei
vou para longe, vou para a guerra
quem sabe se voltarei.

À procura de outra vida
em busca de melhor sorte
muitos mais ali passaram
na hora da despedida
tanta lágrima contida
muitos nunca mais voltaram
e de outros se perdeu o norte
publicado por julmar às 19:58
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

Andar à Nora

0002zhfq

A nora que dizem ter sido inventada pelos árabes (no tempo em que cientificamente e tecnicamente estavam muito à frente dos cristãos) foi por eles trazida também para a Península Ibérica. Curiosamente, a Vilar Maior terá chegado apenas no século XX, sendo a primeira instalada no Pereiro, propriedade do Senhor João António Gata e a segunda no Porto Sabugal propriedade do senhor Manuel Marques. Multiplicaram-se rapidamente ao longo do rio Cesarão e da Ribeira de Alfaiates, e muitos Chãos volvem hortas. Hoje estão abandonadas um pouco por todo lado, envoltas em mato e silvas. Um conterrâneo fez contas e disse haver cerca de oitenta no limit de Vilar Maior. Terá constituído uma grande modernização nas técnicas de elevação de água e de rega vindo complementar e em muitos casos substituir as picotas (cegonhas ou burras). As melhores propiedades para cultivo de hortícolas eram as que se podiam regar a pé, isto é, pela deslocação da água por gravidade  o que acontecia quando havia açuces ou presas. A seguir eram as propriedades que tinham uma roda. Mais uma ves o burro mostra quanto vale.

publicado por julmar às 19:33
link | comentar | favorito
Domingo, 18 de Novembro de 2007

Rendeiras

0002s5t0

Este é um dos locais dda mais rica e esclarecedora toponímia: das Portas - átrio emblemático da Vila, ladeado de duas casas nobres com altos ciprestes quais jarras de flores para receber as visitas - seguia-se pela rua Direita (directa aos Paços de Concelho) e estava-se no muro (muralha do mesmo tipo da do castelo) no qual se integrava a porta para a cidadela - O Arco. Por baixo dos Paços do Concelho e em parte assente sobre ele ficava o Barroco dos Martírios que dava entrada para a Cadeia, Um pouco mais abaixo (como se vê na fotografia) encontra-seuma estação dos Passos da via Sacra.

Na foto três rendeiras -  ti Olímpia, ti Filomena e ti Graça que tecendo rendas, vão tecendo as próprias vidas e contando de outras vidas.

publicado por julmar às 18:26
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

Para que serve um burro?

0002t94p

O burro era o mais utilíssimo dos animais. Em viagens curtas, nem carecia de albarda, montava-se em pêlo. Neste caso ainda está encabrestado e com rabeiro (rédea). Depois de uma manhã a esborralhar a vinha há-de saber bem fazer a viagem de regresso a casa montado na cavalgadura. Alto como é o burro, ugava-se junto de um muro ou de um pequeno barroco que servisse de cais e com técnica aprendida cedo na infância montava-se-lhe para cima: - Arre burro! Vamos embora!

publicado por julmar às 18:11
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

A escola de outros tempos - De Ribacôa

De Ribacôa a 10 de Novembro de 2007 às 02:07
A meu ver, o último parágrafo do texto é lapidar. Traduz a melhor homenagem que se pode prestar à professora Adélia e, bem assim, a todos os professores primários, mormente aos contemporâneos daquela. Não só porque foram eles que nos deram as primeitras luzes das letras e dos núimeros, mas também, atentas as difíceis condições em que o fizeram. Eram outros tempos.
Eram tempos em que no primeiro dia de aulas das nossas vidas eramos levados à escola por um dos nossos progenitores e após apresentados ao professor, era feita esta quase solene recomendação: Ó senhor professor; Quando o rapaz se portar mal, carregue-lhe em cima. E se alguns carregavam.
Eram tempos em que na minha escola não havia misturas, já que o edifício onde hoje é o museu era dividido a meio por um muro. Logo, paredes meias sim. Mas de um lado os rapazes e do outro as raparigas com os respectivos professores.
Eram tempos em que a minha escola era frequentada por vinte? trinta? rapazes e outras tantas raparigas. Por isso,
também eram tempos em que o vocábulo desertificação do interior era desconhecido.
Eram os tempos em que nas paredes da minha escola existiam pendurados um mapa mundi, um mapa do esqueleto humano, um mapa de Portugal Continental com destaque das serras e rios, um quadro com a fotografia do então Presidente do Conselho Dr. Oliveira Salazar, outro com a do Presidente da Repúlblica General Craveiro Lopes e um terceiro com a seguinte trilogia: Deus, Pátria, Família. O curioso é que só duas décadas mais tarde percebi o verdadeiro contexto de tal trilogia, que tinha a ver com o suporte da ideologia política daquele tempo.
AH. E também havia o clássico e hoje tão contestado crucifixo, o qual não incluí no parágrafo anterior dadas as minhas convicções religiosas.
Eram tempos em que também existia uma espécie de auxiliares de educação. Não, não. Não se trata de pessoas mas sim de uma vara de marmeleiro e de uma régua (palmatória). Sim, porque naqueles tempos a minha escola era muito fria e não tinha aquecimento.
Aqueles tempos eram tempos em que os professores ensinavam e os alunos que tinham capacidades para aprender aprendiam, nem que para tanto tivessem que ser zurzidos à réguada ou à variçada.
ENFIM: AQUELES TEMPOS ERAM OUTROS TEMPOS.
publicado por julmar às 17:48
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 16 de Novembro de 2007

Povoar as Beiras

SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO

Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Autos arquivados no armário 5, maço 7:

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi argüido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:

- com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;

- de cinco irmãs teve dezoito filhas;

- de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;

- de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;

- de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;

- dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,

- da própria mãe teve dois filhos.

Total: “duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinqüenta e quatro mulheres".

E mais,

El-Rei D. João II perdoou-lhe a morte e mandou-o em liberdade aos dezassete dias do mês de Março  de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região  da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo.»

publicado por julmar às 12:02
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Quinta-feira, 15 de Novembro de 2007

Dizeres

«Cabra coxa não tem sesta» ao que o interlocutor por regra responde: «E se a tem de pouco lhe presta»
publicado por julmar às 17:59
link | comentar | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


.posts recentes

. Vilar Maior, minha terra ...

. Família Silva Marques

. Emigração, Champigny-sur-...

. Para recordar - Confrater...

. Requiescat, Isabel da Cun...

. Em memória do ti Zé da Cr...

. Requiescat in pace, Fenan...

. Paisagem Zoológica da Vil...

. Gente da Minha terra (192...

. Requiescat in pace, José ...

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds