Então, estão a ver de quem é o burro?
Afinal o que o burro tinha mesmo era sede. E pelo que dizem ao animal não serve uma água qualquer. Tem de ser cristalina e calma e mesmo assim é conveniente incitá-lo com uma forma de assobio própria. Daí que quando uma pessoa bebia água, por vezes atrombando em rio ou presa, e se lhe queria eufemisticamente chamar burro se lhe assobiava a dita melodia ao que o visado respondia: Nunca a água me amargou quando o diabo me assobiou. E o outro retorquia-lhe:Não fosses tu marrano da pia que já ninguém to dizia.
Era assim mesmo: Para andar: arre e para parar: xó.. O exemplar que vemos na imagem terá acabado a sua jornada. Cabisbaixo tem um ar cansado. Talvez tenha passado a mnhã a tocar a roda, dado trazer a melena. Também pode acontecer que olhe o chão em que se vai espojar. Quem poderá entender a vida profunda de um burro?
A nora que dizem ter sido inventada pelos árabes (no tempo em que cientificamente e tecnicamente estavam muito à frente dos cristãos) foi por eles trazida também para a Península Ibérica. Curiosamente, a Vilar Maior terá chegado apenas no século XX, sendo a primeira instalada no Pereiro, propriedade do Senhor João António Gata e a segunda no Porto Sabugal propriedade do senhor Manuel Marques. Multiplicaram-se rapidamente ao longo do rio Cesarão e da Ribeira de Alfaiates, e muitos Chãos volvem hortas. Hoje estão abandonadas um pouco por todo lado, envoltas em mato e silvas. Um conterrâneo fez contas e disse haver cerca de oitenta no limit de Vilar Maior. Terá constituído uma grande modernização nas técnicas de elevação de água e de rega vindo complementar e em muitos casos substituir as picotas (cegonhas ou burras). As melhores propiedades para cultivo de hortícolas eram as que se podiam regar a pé, isto é, pela deslocação da água por gravidade o que acontecia quando havia açuces ou presas. A seguir eram as propriedades que tinham uma roda. Mais uma ves o burro mostra quanto vale.
Este é um dos locais dda mais rica e esclarecedora toponímia: das Portas - átrio emblemático da Vila, ladeado de duas casas nobres com altos ciprestes quais jarras de flores para receber as visitas - seguia-se pela rua Direita (directa aos Paços de Concelho) e estava-se no muro (muralha do mesmo tipo da do castelo) no qual se integrava a porta para a cidadela - O Arco. Por baixo dos Paços do Concelho e em parte assente sobre ele ficava o Barroco dos Martírios que dava entrada para a Cadeia, Um pouco mais abaixo (como se vê na fotografia) encontra-seuma estação dos Passos da via Sacra.
Na foto três rendeiras - ti Olímpia, ti Filomena e ti Graça que tecendo rendas, vão tecendo as próprias vidas e contando de outras vidas.
O burro era o mais utilíssimo dos animais. Em viagens curtas, nem carecia de albarda, montava-se em pêlo. Neste caso ainda está encabrestado e com rabeiro (rédea). Depois de uma manhã a esborralhar a vinha há-de saber bem fazer a viagem de regresso a casa montado na cavalgadura. Alto como é o burro, ugava-se junto de um muro ou de um pequeno barroco que servisse de cais e com técnica aprendida cedo na infância montava-se-lhe para cima: - Arre burro! Vamos embora!
Do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Autos arquivados no armário 5, maço 7:
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi argüido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:
- com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;
- de cinco irmãs teve dezoito filhas;
- de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
- de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
- de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
- dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,
- da própria mãe teve dois filhos.
Total: “duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinqüenta e quatro mulheres".
E mais,
El-Rei D. João II perdoou-lhe a morte e mandou-o em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo.»
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