Os deuses condenaram Sísifo a incessantemente rolar uma rocha até o topo de uma montanha, de onde a pedra cairia de volta devido ao seu próprio peso.
Sísifo tornou-se conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo. Tratava-se de um castigo para mostrar-lhe que os mortais não têm a liberdade dos deuses. Os mortais têm a liberdade de escolha, devendo, pois, concentrar-se nos afazeres da vida quotidiana, vivendo-a em sua plenitude, tornando-se criativos na repetição e na monotonia
Todas as culturas e todos os povos têm os seus deuses, os seus mitos e ritos que procuram dar sentido à vida dos homens.
Creio que em qualquer cultura a falta, o crime, o pecado é sempre a desobediência por que é a única que coloca em causa o poder. Por isso, os deuses gegos condenam Sísifo. E olhando para os trabalhos que os vilarmaiorenses desempenhavam, eu vejo-os como pequenos sísifos:
O baldear de água - deitar o poço - num movimento repetitivo, monótono, cansativo; o lavrar da terra - rego para lá, rego para cá; o trabalho do cavador. do segador, todo o trabalho numa repetição infinda que acabado hoje recomeçará amanhã e sempre.
Porém Sisifo, conhecido pela sua esperteza, aprendeu que se podia libertar e, aos poucos foi descobrindo máquinas cada vez mais sofisticadas que aliviem o trabalho repetitivo e sem sentido.
Essa terá sido a intuição de homens como Leonardo d'Avinci, Galileu e Descartes. Com o avanço do poder dos homens, onde ficará o poder dos deuses?
Também aqui se deu cumprimento à sentença divina: «ganharás o pão com o suor do teu rosto»
Nuns sítios lhe chamam picotas, noutros cegonhas e por aqui lhe camavam burras a estes engenhos simples para elevação de água. Mais frequente que um esteio de granito ao alto (como a representada na fotografia) a burra era feita de um tronco que se abria, na parte superior, em V no qual se colocava um eixo onde funcionava o cambiço. Uma pedra circular na parte inferior do cambiço servia de contrapeso ao balde colocada na extremidade inferior da vara. Tente tirar água de um poço sem este aparelho e verá como apesar da sua simplicidade é eficaz. permitindo um caudal de água suficiente para rega. Todas as Hortas da Ribeira eram regadas por este processo. Antes da chegada das rodas ou noras era esta o único engenho de elevação da água. Nas terras das Beiras ainda encontramos alguns destes exemplares que o tempo ainda não desfez. Com sorte, até ainda poderá encontrar algum em funcionamento, accionado por algum idoso que teima em ter a leira com os pimentos, alfaces, tomates, pimentos.
Na casa que hoje é o museu é que funcionava a escola. O edifício tinha duas salas de aula e albergava ainda a professora e respectiva família. Por cima do varandim tinha a sineta ( a mesma que hoje serve o relógio da torre) que chamava os alunos à escola. Foi lá que comencei no ano de 1959. No ano seguinte, 2ª classe tive uma febre intestinal que me conduziu às portas da morte, onde o sábio conselho do meu pai impediu que eu entrasse. Em contra-ordem ao conselhodo velho Dr Viana que apenas me receitar medicamentação e água fervida, perante as minhas súplicas para que me dessem alimento sólido, vira-se o meu pai para a minha mãe: Mata um frango e dá uma canja ao rapaz, fundando-se no dito popular- Morra Marta, morra farta. Contam que foi como quem deitou azeite na candeia.
As forças eram poucas e a ida para a escola, a nova escola do Buraco, fazia-se a cavalo na jumenta. Tal como o fazia a professora Adélia a quem devo a minha educação literária e toda a descoberta do mundo que as letras e os números nos proporcionam. Não sei se os professores tinham outro tipo de avaliação mas os seus alunos não podiam reprovar em exame. Por isso no 3º período, todas as tardes, depois das aulas a escola continuava para os alunos da 4ª classe na casa da professora a treinar matemática, sobretudo matemática.
Ainda hoje conheço as lições do livro de leitura e sei qual me saiu no exame.
Depois dos meus pais foi, sem dúvida, a primeira pessoa mais importante na minha vida
Depois que o estio se finou, que os frutos que a terra deu se recolheram, diminuem os dias e crescem as noites. Homens e Natureza tomados de cansaço como que se preparam para uma longa hibernação. São assim os meses de Outono. Mesmo as festas litúrgicas são mornas e tranquilas. Nada nem ninguém sobressai. Festejam-se todos os Santos, aqueles que não têm direito a lugar em altar de Igreja ou Capela, a mordomia e festa, a procissão e foguetes. Festa de todos os santos anónimos.
Era, antigamente um tempo bom para a garotada: Sem trabalho de campo, dava para jogar ao Crarambolo com as nozes ou amendoas tiradas à socapa da casa dos pais ou descobertas no rebusco. À socapa se tiravam umas batatas (das maiores) da tulha que a senhora Clemência trocava por milagradas, que assim se chamavam as romãs. E no dia de Todos os Santos, a lembrança que os padrinhos ofereciam era o Santoro - pão que levava azeite e ovos em forma de ferradura.
Pretérito perfeito em que o tempo era ainda todo futuro.
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