Nos finais da década de 60 (para a nossa geração é uma década mágica) o homem pousou na Lua. Fomos testemunhas porque o padre Francisco Vaz tinha uma televisão que funcionava com uma bateria e decidiu que o povo deveria televisionar tal facto histórico. À época em Vilar Maior (e nas aldeias) os estudantes constituíam como que um grupo especial – uma elite. Por razões várias, o padre Francisco incentivou à constituição de uma associação de que tu, o Joaquim Simões e eu constituímos a direcção. É verdade que teve uma existência efémera mas não deixou de ser importante. Enfim, tudo isto para dizer que o ser conterrâneo, ser vizinho, ser amigo e termos partilhado projectos de desenvolvimento para a nossa terra se sobrepõe a qualquer divergência de ideias ou de perspectiva sobre o que está bem ou o que está mal. Acrescento que por formação académica, profissional e por forma de estar na vida a crítica me é absolutamente indispensável como forma de melhoramento pessoal e só faço crítica quando entendo que a mesma pode ser útil aos outros. Finalmente, uma crítica à obra não é uma crítica ao autor. Se alguém diz que faço poesia de má qualidade, não está a dizer que sou má pessoa, mas apenas mau poeta.
Porque sei que muitos não têm em conta estes pressupostos é que é sou parco a opinar quer por escrito, quer oralmente sobre assuntos da nossa terra.
Devo dizer-te que fiquei agradado pela forma como expuseste os teus pontos de vista e considero legítimo que defendas as obras realizados nos teus mandatos. Considero que poucas pessoas se terão empenhado tanto pelo desenvolvimento de Vilar Maior como tu. Que nunca se realizaram tantas obras em Vilar Maior como nos teus mandatos - à excepção das que estão em curso. E lá está! Nem tudo o que acontece em Vilar Maior é por virtude (ou falta de virtude) do Presidente da Junta. As que se estão a realizar presentemente são as maiores obras de vulto jamais realizadas até hoje.
Concordo contigo que houve obra meritória e o Centro de Dia é o seu maior testemunho. E, certamente, é também de reconhecer a disponibilidade e atenção constante para resolver mil e um pequenos problemas dos fregueses que nenhuma retribuição paga. E aqui está a tua confusão. Eu não estou contra o facto de o Presidente da Junta de Vilar Maior ser remunerado. Sou contra o facto de os presidentes da junta serem remunerados. No Verão passado visitei várias aldeias raianas da parte de Espanha, entre elas Navas Frias. Ora, aí o equivalente ao Presidente da Junta não recebe remuneração. Em contrapartida existe um funcionário administrativo a tempo inteiro que, sem favor, atende a todos os problemas, nomeadamente os burocráticos. Mas também mostra o museu aos visitantes, como foi o meu caso, e desempenha outras funções. São formas diferentes de entender as questões: O Presidente da Junta é um político (candidata-se com um programa por uma força política e é sufragado pelos eleitores) não um funcionário administrativo.
Quanto á tua confessada tristeza quanto à afirmação de que algumas obras terão sido feitas “por palpite misturadas com interesses alheios ao interesse comum” tem a ver com a tua perspectiva de centrares tudo em ti. Obviamente que se tudo quanto foi feito dependeu de tua inteira vontade terás de assumir total responsabilidade. Porém, estou em crer que como me dizes “muitas variáveis estão em jogo e que muitos condicionalismos interagem” e, nesse caso, tu melhor que os que estão de fora saberás responder porque as coisas foram desse modo e não de outro qualquer. Estando de fora e nunca me tendo sido explicado, nunca entendi porque se fizeram obras que não responderam a nenhuma necessidade: Um tanque de lavar roupa ao cimo das eiras, um bebedouro ao largo das portas, um posto de recepção do leite(?) na Ladeira; terá havido um projecto a montante da ponte romana que levou ao início de obras (com expropriações?) que deram no que lá está; Depois não basta fazer obra, é preciso que seja obra bem feita. Na minha opinião, a casa onde está sediada a Junta de Freguesia foi um atentado às mais elementares regras de urbanismo. E, sinceramente, acho que são obras por palpite e que qualquer engenheiro ou arquitecto, digno do nome, teria vergonha de assinar. Mas lá está: não é a Junta de Freguesia que licencia obras, pelo que não deves centrar tudo em ti. Como, certamente, não és responsável por atentados urbanísticos, que certamente também lamentarás, alguns dos quais são anteriores aos teus mandatos, cujos intervenientes são particulares e Câmara Municipal.
Não me move nenhum especial gosto de polemizar com um amigo que prezo mas seria pouco curial não responder de forma leal e sincera ao repto lançado. Aliás, o BLOG a que presido e cuja leitura te levou ao artigo publicado no RENASCER, iniciou-se com um convite a todos os vilarmaiorenses para que escrevam sobre a sua terra. O RENASCER é dos poucos elos que une os conterrâneos espalhados por todo o mundo, sobretudo os mais velhos. Aos mais novos habituados a navegar na Internet, este BLOG pode ser uma forma de lhes manter viva a memória da terra dos seus pais, avós e quem sabe de os motivar a visitá-la com mais frequência. A todos apelo à participação neste moderno meio de comunicação, fazendo comentários, sugestões, contando histórias, mandando fotografias que eu prometo publicar. Então, o endereço é http://vilarmaior1.blogs.sapo.pt
Se quiser colocar questões pode usar o mail: julmarjsm@hotmail.com
Estou a escrever (não sei quando será publicado – quando é que em Vilar Maior temos sinal para aceder à Internet?)no último dia de 2007. Por isso, desejo a todos um novo ano cheio de saúde, paz e alegria. Além destes votos, um abraço ao amigo António Gata.
A mesma Igreja, as mesmas leituras, as mesmas músicas, o mesmo padre. O tempo nublado e frio. Uma homilia curta para vincar que o importante não são as riquezas exteriores - o presépio é bem o exemplo da pobreza que contrasta com o consumismo; o importante são as riquezas do espírito colocdas ao serviço do próximo.
Difrente mesmo era o exíguo número de pessoas presentes, seriam não mais de setenta. Uma igreja quase vazia. Distraído da liturgia ia olhando os bancos completamente vazios, os cabelos brancos da maioria, a presença de apenas duas ou três crianças, comparando os que vieram com os que cá estavam. De muitas famílias nem um só que a representasse. DeFrança nem um; de Lisboa creio que nenhum.
Quando não havia auto-estradas, quando as distâncias eram difíceis de percorrer a aldeia enchia-se: os filhos vinham passasr o Natal com os pais; a situação inverteu-se e os pais saem para passar o natal com os filhos.
A desertificação é uma tragédia. Nascimentos por aqui só o do Menino Jesus. Como será o natal daqui a dez anos?
Na rua de Baixo que conduz à misericórdia, encontra-se um correr de casas que constituem o maior conjunto do que poderíamos designar como casas urbanas o reboco que apesar do aspecto continua sólido, as tintas que teimam em dar testemunho da sua qualidade artesanal (deve ter ali mão do ti Zé Seixas); as portas duplas com as tintas teimando resistir ao tempo; as tradicionais janelas de guilhotina; o número por cima da porta reportado aum tempo em que a vila era sede administrativa.
Chove. É dia de Natal. E toda a gente é contente Pois apesar de ser esse Deixo sentir a quem quadra Fernando Pessoa |
Dizem os versos antigos:
Quem fez sua casa na praça
A muito se assujeitou
Uns dizem que ficou baixa
Outros que muito alta ficou
Casa do ti Mergildo
O nome de baptismo é Hermenegildo, mas a lei do menor esforço e da simplificação levou a este novo baptismo. A casa era na década de 50 habitada por duas famílias. Por uma das portas entrava a família do ti Zé da Cruz e Isabel Afonso ( ou Afonsa que os sobrenomes aqui tinham género) e pela outa porta entrava a família Mergildo e Anunciação. Nesse tempo a janela da esquerda era igual á da direita e não existia o corrimão da escada. Os serralheiros aida não tinham aparecido para invadirem com portões de ferro e janelas do mesmo material. Está é mais uma típica casa de lavrador: com a escadaria graníca exterior e o balcão com grossas resguardas de granito. As lojas, o curral com estrume e a moreia de lenha completam o quadro. A construção ao lado (já restaurada) chama Botica e efectivamente ali funcionou de acordo com testemunho de pessoa nascida no século dezanove. Incrustada no muro encontra-se uma das estações da via sacra.
Casa, residência, habitação, moradia. Nomes para uma construção artificial que se constitui como local de protecção dos fenómenos naturais (a chuva, a neve, o vento, o frio), mas também como lugar de defesa terceiros e de privacidade.
Mas a casa é também o lar enquanto lugar de afecto, de segurança e de laço familiar. Daí derivou o nome de lareira que por aqui chamávamos de lume, que assente em lage granítica nunca se deixava extinguir no Inverno que os fósforos (palitos) custavam dinheiro (as caixas pequenas vinte centavos e as grandes 50 centavos) Fonte de luz, de calor e de energia onde se cozinhavam os alimentos, era à volta dele, que a vida se aprendia.
Todos reconhecemos esta casa ladeando o largo do Senhor dos Aflitos, propriedade dos descendentes de João Valente que a restauraram. Não sei se o sonhei se me disseram que o proprietário a terá construído na segunda década do século vinte ( a mesma altura em que se construiu o corpo da capela do Sr dos Aflitos). Será da mesma época da que construiu Albino Marques (propriedade actual de Cláudia Marques) quando regressou da Argentina, destino de emigração habitual juntamente com o Brasil.
O alinhamento das pardes é exímio; a varanda em cimento terá sido obra do artista que na altura começou a trabalhar em cimento - José Seixas.
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