Sábado, 29 de Março de 2008

Pirilampo mágico

De entre os muitos fascínios da infância na aldeia, destaco os arancus, num tempo em que na ausência de electricidade os tornava mais intrigantes. Lembro o caminho das Retortas no tempo das regas: Sol posto, arrumam-se sachos e sacholas, recolhe-se o vivo, carregam-se os burros e o caminho enche-se da conversa das gentes, dos guizos das cabras, das campainhas das vacas e do trotear de todos. Ladeando o caminho, os arancus acendem-se quais velas desta profana procissão.

 

Máquina Breve

O pequeno vaga-lume
com sua verde lanterna,
que passava pela sombra
inquietando a flor e a treva
— meteoro da noite, humilde,
dos horizontes da relva;
o pequeno vaga-lume,
queimada a sua lanterna,
jaz carbonizado e triste
e qualquer brisa o carrega:
mortalha de exíguas franjas
que foi seu corpo de festa.

Parecia uma esmeralda
e é um ponto negro na pedra.
Foi luz alada, pequena
estrela em rápida seta.
Quebrou-se a máquina breve
na precipitada queda.
E o maior sábio do mundo
sabe que não a conserta.


(Cecília Meireles)

 

Nota: Trata-se de insectos coleópteros, da fam. dos Lampirideos, vulgares em Portugal, que têm a propriedade de emitir luz na escuridão, são conhecidos também por vaga-lume, luze-cu, abre-cu, luze-luze, caga-lume, arincu, etc.

publicado por julmar às 23:00
link | comentar | ver comentários (1) | favorito
Sexta-feira, 28 de Março de 2008

Ajude a descobri-las!

Este é o grupo da acção católica. O lugar - a escadaria das Rebochas (os sobrenomes afeminavam-se quando referidos ao sexo feminino); o tempo - não arrisco o ano - década de 40.

Já fiz a parte fácil. Agora descubram as meninas!

publicado por julmar às 22:53
link | comentar | ver comentários (15) | favorito
Quinta-feira, 27 de Março de 2008

Casas restauradas

Se tivesse havido no passado a atenção (supervisão) do poder autárquico que hoje há, Vilar Maior estaria bem diferente. Aqui está o exemplo de um restauro feliz. 

publicado por julmar às 22:20
link | comentar | ver comentários (10) | favorito
Quarta-feira, 26 de Março de 2008

Achados Arqueológicos, in Jornal «A Guarda»

SECÇÃO: Sabugal

Ocupação humana de Vilar Maior durante o I milénio a.C.

foto
“Os achados que estão a dar mais interesse e a suscitar maior curiosidade daqui para a frente, são os materiais proto-históricos que têm sido encontrados quer nas valas, quer, especificamente, nas sondagens realizados no adro da Igreja Matriz”, considerou Marcos Osório. Os arqueólogos abriram estas sondagens na parte Norte do adro da Igreja, onde se previa a passagem das canalizações, para confirmarem se existiam ossadas de enterramentos, típicos no adro dos templos religiosos e poder escavá-los antes da passagem das máquinas. “Não foi encontrado nenhum enterramento nessa área e, surpreendentemente, encontrámos logo a meio metro de profundidade, vestígios de habitat de indivíduos contemporâneos da espada de bronze e das gravuras rupestres já conhecidas. Isto é, comunidades da Idade do Bronze e da Idade do Ferro”, indicou o arqueólogo. Nesse local foram descobertos diversos vestígios, nomeadamente mós de vaivém, um machado de pedra, um pendente de colar, ossos de animais e muita cerâmica, especialmente com decoração incisa, excisa, pintada e estampilhada, que é característica do período cronológico compreendido entre 1.300 a.C. (antes de Cristo) e 500 a.C., e poderá estar associada a uma lareira de uma casa proto-histórica.
Entretanto, Marcos Osório admitiu que a equipa envolvida nas escavações poderá fazer um estudo sobre o tipo de dieta dos indivíduos, que outrora viveram naquele local, e saber que animais poderão ter existido na região envolvente. Estes ossos também vão permitir, através do método do Carbono 14, “aferir cronologias exactas sobre o período da lareira”, indicou.
O investigador não se mostra surpreendido com a riqueza dos achados encontrados até ao momento. “Tínhamos já alguma noção da antiguidade e valor histórico e arqueológico desta aldeia. Basta lembrar que está hoje no Museu Regional da Guarda uma espada de bronze do período da Idade do Bronze Final”, declarou. Acrescentou que quando as escavações foram iniciadas, as expectativas já eram grandes: “Era óbvio que iríamos encontrar vestígios contemporâneos das gravuras rupestres, da espada e do próprio burgo Medieval de Vilar Maior”.
Os materiais encontrados (centenas de fragmentos) já estão a ser lavados, catalogados e colados, ficando registados no relatório final, a enviar ao IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Posteriormente, segundo Marcos Osório, “o ideal seria o material ficar exposto no Museu de Vilar Maior ou em outras instalações, com condições para a sua exposição e para poder ser visto pelo público interessado”.

publicado por julmar às 17:32
link | comentar | favorito

Achados arqueológicos em Vilar Maior

Para saber mais clique em:

http://capeiaarraiana.wordpress.com/2008/02/29/achados-arqueologicos-em-vila-maior/

 

E no Jornal «A Guarda», pode ler:

SECÇÃO: Sabugal

Trabalhos de acompanhamento arqueológico estão a ser realizados desde Dezembro

As obras em Vilar Maior estão a ser permanentemente acompanhadas pelos arqueólogos
As obras em Vilar Maior estão a ser permanentemente acompanhadas pelos arqueólogos
Achados arqueológicos de grande valor em Vilar Maior

Escavações arqueológicas realizadas em Vilar Maior, concelho do Sabugal, no âmbito de obras de infra-estruturas subterrâneas e de remodelação e repavimentação de ruas e largos, têm revelado indicações importantes sobre o passado da localidade.
Até ao momento, desde Dezembro do ano passado, altura em que os trabalhos foram iniciados, já foram encontradas moedas, centenas de pedaços de cerâmica, artefactos líticos, sepulturas escavadas na rocha e vestígios de habitat de comunidades da Idade do Bronze e do Ferro.
O acompanhamento arqueológico, que está a ser efectuado diariamente, decorre desde a altura em que a Câmara Municipal do Sabugal iniciou, em Vilar Maior, os trabalhos relacionados com obras de infra-estruturas subterrâneas (água, esgotos, electricidade, telefone, etc.). O acompanhamento começou a ser feito pelo arqueólogo da Câmara Municipal, Marcos Osório, mas por aquilo que soube o Jornal A Guarda, dada a necessidade de um arqueólogo permanecer diariamente no local e a importância do sítio, a autarquia contratou outro especialista (o arqueólogo Paulo Lages Pernadas), para fazer esse acompanhamento de forma “constante e sempre presente”.
“Nada é feito sem a presença do arqueólogo”, garantiu Marcos Osório, recordando que na região, só a Aldeia Histórica de Sortelha teve um acompanhamento idêntico aquando da intervenção ali realizada.
O arqueólogo referiu que, dada a importância histórica de alguns pontos da aldeia, as escavações estão a ser feitas “antes da entrada das máquinas”, situação que salvaguarda a destruição dos vestígios existentes no subsolo.
Referiu que as escavações já se iniciaram junto às ruínas da Igreja da Senhora do Castelo e no adro da Igreja Matriz, tendo revelado estruturas e materiais de grande importância. Vão seguir-se intervenções na zona da antiga Judiaria, no Largo do Castelo, às portas da antiga muralha e, também, por fim, junto ao painel de gravuras rupestres pré-históricas de Vilar Maior.
Adiantou que foi feita uma escavação nos alicerces das ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Castelo e outras nas proximidades, que permitiram “encontrar duas sepulturas escavadas na rocha, e também dois ceitis (moedas) de D. Manuel e D. Afonso III”.
No largo do Pelourinho “recolhemos também grande quantidade de cerâmica medieval que, juntamente com um dinheiro (moeda) de D. Dinis, encontrado no adro da Igreja Matriz, propiciam alguns testemunhos do desenvolvimento económico e político desta aldeia durante o reinado deste monarca, após o Tratado de Alcanizes”, referiu

publicado por julmar às 17:26
link | comentar | ver comentários (1) | favorito

Achados arqueológicos em Vilar Maior

Para saber mais clique em:

http://capeiaarraiana.wordpress.com/2008/02/29/achados-arqueologicos-em-vila-maior/

publicado por julmar às 17:26
link | comentar | ver comentários (4) | favorito
Terça-feira, 25 de Março de 2008

Ressurrexit, Aleluia!

Domingo de Páscoa em Vilar Maior

O dia solarengo mas com um vento frio não propiciava longas conversas de rua. A missa ao meio-dia com coro disperso e de pouco ânimo para uma celebração da vida. Uma homília de convite a deixarmos o homem velho que temos em nós e a entusiasmarmo-nos com uma vida nova de convite ao serviço dos outros e à generosidade. Uma homilia curta e prática. Prática era exactamente como antigamente se chamava à homilia. A igreja não estava a abarrotar mas estava muito composta, quase cheia, com gente de cá e dos poucos que vieram de diferentes locais: da Arrifana, da França, da Guarda, de Lisboa, do Porto, de Coimbra … Gente de diferentes idades e condições com um berço comum. Não houve procissão pela povoação, nem sequer em volta da Igreja que as escavações em curso a impediram.

As ruas da Baixa estão praticamente prontas. Os esgotos estão a ser colocados nas ruas da Atalainha, do Cemitério, da Costa e da Ponte. Nas Lages já estão prontos. O investimento público é vultuoso. Espera-se que os particulares se animem.

publicado por julmar às 15:36
link | comentar | ver comentários (4) | favorito
Quinta-feira, 20 de Março de 2008

Vista aérea

Cedida por João Marques

publicado por julmar às 19:17
link | comentar | favorito
Terça-feira, 18 de Março de 2008

Ruínas

(Foto cedida por João Marques)

Não querendo entrar numa guerra ruinosa sobre que fotografia mostra mais o carácter ruinoso da Senhora do Castelo tenho que confessar que esta é um testemunho maior. Já agora mandem fotografias da capela que prometo publicá-las todas. Enviem para julmarjsm@hotmail.com

publicado por julmar às 21:54
link | comentar | ver comentários (2) | favorito

Ruínas

(Foto cedida por Carlos Marques)

A igreja da Senhora do Castelo constitui, creio eu, o mais notável e mais significativo monumento de Vilar Maior. Recordo como em criança me intrigava aquele monumento que só conhecia visto da Praça. Está como sempre o conheci. É impressionante como resiste ao tempo. Porém, ficaria imensamente triste se a derrocada, que sempre que se olha parece eminente, acontecesse. É urgente tomar medidas.

É provavelmente a construção mais antiga da aldeia. Desfeito o seu corpo para guarda dos corpos dos mortos, estas ruínas são, creio, a alma de Vilar Maior. Se não a sentem, visitem-a, entrem nela e concentrem-se até a sentirem. Se nada acontecer, então é que vocês não a têm porque nunca ativeram ou porque já a perderam.

 

publicado por julmar às 20:23
link | comentar | ver comentários (6) | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Outubro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30
31


.posts recentes

. Requiescat in Pace, José ...

. Os Rios da Minha Infância

. Liber mortuorum

. Centenário da capela do s...

. Requiescat in pace, Manue...

. Paisagem humana - A Vila ...

. Jeirinhas e os bois teimo...

. Diário de um bebedor de a...

. Arqueologia - Em busca de...

. Requiescat in pace, João ...

.arquivos

. Outubro 2024

. Setembro 2024

. Agosto 2024

. Julho 2024

. Junho 2024

. Abril 2024

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.O encanto da filosofia, o badameco

. Liber mortuorum

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds