Certamente que a maior parte dos que lêem este título pensarão que se irá falar sobre o porco, para o que não faltam razões de sobejo dada a importância do animal na economia local. Só os ricos tinham porcos ou galinhas, comiam sopa ou feijão frade porque os pobres tinham marranos ou pitas e comial caldo ou tchítcharos. A palavra marrano, como outras, é importada da vizinha Espanha de onde no século XV os reis católicos de Espanha expulsam os judeus aportando muitos deles a Portugal e fixando-se em comunidades da Beira interior. D. Manuel I para desosar a filha dos “Reis Católicos” foi obrigado a legislar contra os judeus obrigando-os à conversão. Não aceitando o baptismo perderiam os bens e teriam de sair de Portugal. Assim nascem os “Cristãos novos”, termo que também se aplicava aos mouros conversos. É nesta situação que muitos deles aceitam o baptismo e levar uma vida pública de acordo com os rituais católicos mas em privado continuam a seguir o culto judeu. Ora, são estes que se designam como marranos. Como sabemos nem judeus nem islamitas comem carne de porco. Vários indícios ( que não cabe aqui mostrar) levam a crer que em Vilar Maior tenha vivido uma pequena comunidade de Judeus marranos.
O catolicismo espicaçava o ódio aos judeus que de acordo com a vivência litúrgica apareciam como os responsáveis pela morte de Cristo. Desse modo, quando se queria ofender alguém chamava-se-lhe judeu. Outras injúrias corriam por aqui quando se queria excluir alguém da identidade cristã: maçónico ou comunista.
Marrano era uma injúria que tanto se aplicava à sujidade corporal como espiritual. De um trabalho mal feito se podia dizer que era uma grande marranada.
Nota -Paraquem estiver interessado em estudar o fenómeno do marranismo existe abundante literatura e basta ir ao Goolgle para encontrar imensas referências.
Vê-se que Ribacoa e Vilar conhecem todos os cantos e recantos da Vila. Por baixo da dita janela, que servia esta casa que foi propriedade da Ti Elvira Polónia, encontra-se esta porta que só tem de extraordinário aquilo que cada um com seu olhar conseguir ver ... e sonhar. A mim encanta-me. Vá-se lá saber porquê!
A funcionalidade e o carácter prático eram as preocupações nas construções urbanas. O que esta janela nos revela é a ultrapassagem da necessidade para aceder à beleza. Uma moldura granítica sobressaindo de um reboco bem feito que aberto de um lado foi mal remendado; antes a racha longitudinal de cima abaixo; de resto conserva-se a cor que o tempo envelheceu; toda ela é um testemunho de resistência.
Sabe onde fica? alguma vez olhou bem para ela?
Também neste pontão e também de memória, se conta uma peripécia que teve como únicos personagens um Vilarmaiorense e o seu burro. Rezam as crónicas que num determinado dia, tendo esse homem ido ao Carvalhal buscar uma carga de batatas, já quando a caminho de regresso a Vilar Maior, foi surpreendido por uma valente trovoada. Ora, o leito da ribeira que que já ia forte, terá engrossado repentinamente. Uma vez chegado ao pontão, deparou-se com a água cerca de dois palmos acima das lajes do mesmo. O burro, logo que encarou com tal cenário, estancou bruscamente. E por mais que o dono o aferroasse com o aguilhão da vara, aquele recusava-se a encetar a travessia, fazendo jus à fama (teimosia) que impera sobre a espécie. Vai daí, o dono, fazendo por sua vez jus à fama de ser o homem mais possante de toda a raia ribacudana , não esteve com mais cerimónias; Meteu o pescoço por baixo da barriga do animal e segurando-lhe as patas da frente e detrás como quem põe um cordeiro ao pescoço, levantou-o em peso juntamente com os sacos de batatas e, assim, atravessaram o pontão. Uma vez chegado à outra margem, já em terra firme, o homem ripou do cassete e vai de malhar no burro a torto e a direito como quem malha em centeio verde, ao mesmo tempo que desabafava; À burro dum ca.........tano; Mais inteligência terás tu mas mais força tenho eu. E assim, com mais lamboirada nenos lamboirada, mais catano menos catano, mas sobretudo graças a uma perfeita simbiose de inteligência e força, não interessa de quem em relação ao quê, a travessia foi feita a contento.
Ribacôa
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Miguel Torga
Palpite sobre palpite mas ninguém acertou. Então, é assim: António Lucrécio e esposa; João da Cruz e esposa. Até aqui já se tinha chegado. A senhora que aparece à frente dos dois casais é a esposa do fotógrafo, Francisco Magalhães vindo da Argentina, destino de outros vilarmaiorenses no 1º quartel do século XX.
Já agora comparem a paisagem, dando desconto às estações do ano. Entre uma e outra medeiam 80 ou 90 anos ... quase um século!
Desta vez não vou pedir a identificação. O prémio também não ia ser nada agradável. Por isso...
as pesadas Máquinas que andam a abrir as ruas(agora no Cimo da Vila), devem-se ter visto para romper no sítio das Lages. A pólvora levou a que tivessem de escorar a casa dos herdeiros de Luís Silva, ferreiro de profissão.
Um pontão (e lá está a excepção porque um pontão é mais pequeno do que uma ponte)era um sítio de cofluência sobretudo quando o leito era mais forte. E quando se tratava de enchentes era um sarilho ( a ponte do Pereiro é recente). Podia correr-se um pouco mais abaixo para o pontão da Ponte da Guarda que podia igualmente negar passagem. E se assim fosse não havia remédio senão pernoitar, por favor, nalgum palheiro da Bismula ou Carvalhal. Porque é assim: ribeiritas fracas que no estio quase não se aguentam mas no Inverno se se enchem de fúrias nada lhe resiste. De memória se conta que no dito pontão do Porto Sabugal em dia em que nada o fazendo prever se armou tamanha trambuzana que engrossou aribeira tão rápido que bem se aviaram os da margem esquerda esquerda por mor de ver se passavam antes que as águas galgassem o pontão. Os trabalhadores da senhora Arraquel há que carregar a burra com sacas sei la´de quê. E ala que se faz tarde, passam garotos, passam mulheres, passam cabras. Vamos embora antes que seja tarde. Na pressa toda e com a água já a bordejar a superficie do pontão, a burra carregada em último a ser assovelada para que se despachasse pôs um pé em falso e lá vai ribeira abaixo deslizando rápida pela corrente como se de uma nau se tratasse. E ninguém podia sanar a tisteza da senhora Arraquel que gritava:
- Ó João, salva-me a minha burrinha, por Deus!
O João bem que corria de sachola na mão pela margem abaixo a ver se agarrava jeito de a puxar. Mas qual quê! Entrou no insumidoiro e nunca mais deu de si. Dias tristes se seguiram para a senhora Arraquel que um animal como um burro com quem se convive todos os dias torna-se um ente querido. Mesmo quando se lhe bate desalmadamente por infringir regras ou não cumprir com zelo o que é suposto. E, por vezes, eram tratados de forma tão cruel que um conterrâneo condoído das bordoadas que o animal estava a levar, implorou: - Ó Chico, não batas mais na burra que tamém é da nossa família!
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