VILAR MAIOR, minha terra, minha gente

A todos os que   - ortónimos, heterónimos, pseudónimos, anónimos - que palpitam, criticam sugerem, opinam, a sério ou a brincar – , e aos que não ousando escrever nos acompanham pela leitura, os votos de um ano de 2009 com saúde, paz, amor e alegria.

Nesta povoação vizinha, junto da rotunda existente. Não há fotomontagem, nem estratagema algum.

Desta vez sombra por todo o lado, excepto no castelo e emseu redor.

Desta vez ninguém, estou seguro, saberá onde estava o fotógrafo.

Descubra o que não bate certo.

Não tem direito a prémio

Desta vez ouvi eu próprio os sinos tocarem a sinal. Informaram que tinha falecido Isabel Costa. Breve corre em nós a imagem da mulher sempre de preto vestida, com lenço na cabeça, de passo largo e apressado sempre atarefada com o cuidar dos campos e do vivo. Vizinha nos campos do Porto Sabugal ou da Ponte da Guarda, ela e o seu Manuel foram dos últimos a resistir à incultura das terras.

Ao filho, Zé João, sentidas condolências.

Uns dias de férias na época de Natal, passados na Vila, é uma graça de Deus. Ao contrário dos dias anteriores, limpos, secos de sol a raiar, com geadas que de um dia para outro se acumulam e vão criando o códão, hoje veio o vento e com ele farripas de neve que não chegam para atapetar o chão. Erguer mais tardio, caminho do Sabugal à procura de jornais. Por sorte, comprei o último Expresso que aqui junto do borralho vou folheando e parei ao deparar com o título «Ano Internacional da Batata».

A batata é considerado o terceiro alimento mais importante do mundo, a seguir ao trigo e ao arroz.

Ora bem, aqui na Vila, na ausência do arroz a batata ocupava o segundo lugar, a seguir ao pão (centeio). Claro que não tinha a importância deste mas Deus não se ofenderia se na oração os trocássemos e disséssemos «A batata de cada dia nos dai hoje», porque é certo e garantido que não havia dia em que um cristão as não comesse: como base insubstituível do caldo, cozidas descascadas, com casca - de novelo ou rachadas - assadas, compostas, estufadas ... sozinhas (pobres dos pobres são pobrezinhos), com uma lágrima de azeite, esborraçadas com um ovo, acompanhadas de uns chicharrões, com sardinhas, bacalhau, e todos os tipos de carne.

A batata que dava energia (rica em hidratos de carbono) ao homem, consumia-lhe muita da sua força para a produzir e era uma enorme satisfação quando chegada a altura dea as arrancar eram «muitas e boas» para fazer uma grande tulha.

De resto, feliz daquele que chegado o Outono tinha a arca rasa de pão, a tulha farta de batatas e o tonel cheio de vinho. O porco cevado viria a coroar esta trilogia de prosperidade.

É-nos difícil entender como se viveu por aqui, sem elas antes do século XVII.

Entrada nos hábitos alimentares passou a fazer parte dos modos de dizer:

andar à batatada, ser um batata, ficar com a batata quente na mão

http://br.youtube.com/watch?v=DZKFU2Aq1oI

(in, o terrear)

«Pensamos demasiadamente

Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade

Que de máquinas.

Mais de bondade e ternura

Que de inteligência.
Sem isso,

A vida se tornará violenta e

Tudo se perderá.»

Charlie Chaplin
 

(falecido neste dia de natal em 1977)

e por lembrança e sugestão de Amélia Pais

(Ariadne, sempre tecendo os dias dos outros)

Para os que não puderam aquecer-se no toco aqui ficam estas imagens de uma tradição que um grupo de resistentes, quase sempre os mesmos, com generosidade e sacrifício, teimam em manter viva.

Este natal fomos brindados com uma excelente prenda da Junta de Freguesia: Na vila, em qualquer lugar, podemos através de wireless ligarmo-nos à net. É o que faço neste faço ao dar esta notícia.