Um filósofo, que não recordo o nome, dizia: «Abri os olhos para ver, fechai-os para reflectir»
Numa aldeia circunvizinha, passei centenas de vezes por perto mas nunca tinha visto.
Mal seria era que os vultuosos investimentos não tivessem uso.
Alguém sugeriu por parte dos comentadores que estes procurassem uma identidade que pode ser pseudónima, heteróniama ou ortónima. Por mim não posso estar mais de acordo. Mas dentro das regras da educação, respeito e sã convivência este blog tem como valor supremo a liberdade de crítica e de opinião.
Mas ponham os olhos no Jarmeleiro e na sua inconfundível maneira de escrever.
Somos amigos há mais de quarenta anos. É quase uma vida, quarenta anos! Mais tempo ainda do que duram muitas das relações humanas. Por isso somos velhos amigos de tu. E não é para menos: Ele viu os meus antepassados, que lhe pisaram a raiz e reconhece-os agora na minha voz, na minha cara, no mesmo jeito de rebuscar ouriços.
Ai velhinho castanheiro do caminho, ai casa de pedra dos meus avós, ai cruz do chão da forca, ai romaria do Senhor dos Aflitos, ai Elvira Polónia de mensageiro na mão lendo ao serão a crónica dos dois compadres, ai Chico Bárbara a levar as vacas montando em pêlo o boi preto, ai ovos tingidos na Páscoa a casca de cebola, ai caravelas de vento feitas de cana e pregadas com picos de espinheiro, ai lançamento de bogalhadas pelas fisgas das portas – parece que lhes ouço ainda o barulho no soalho do corredor, ao soar das trindades- ai Manuel Rasteiro a bater o trigo na eira, debaixo do sol de Julho.
Estou mesmo a ver-te Zé Vicente, todo osso, já alquebrado, palmilhando sobre as pernas bambas o caminho de Aldeia da Ribeira, repetindo o constante estribilho: bô s’tá, bô s’tá, bô s’tá…, misteriosa ladainha que saía dessa boca de viajante. A fronteira da tua alma, Zé Vicente, os limites do teu mundo, eram os
E imagino o velho Tavares e a Maria, ele muito franzino, ela encurvada, ambos de preto, a desaparecerem na curva do caminho carregando no burro os sacos de castanhas, que iam trocar a Aldeia da Ponte.
O Tavares e a Maria, onde irão eles agora! Há mais de cinquenta anos que partiram naquele caminho! Os dois enregelados, sob o grande temporal que os surpreendeu, no regresso da Aldeia da Ponte.
Que saudades tenho deles e de todos os outros vultos que desapareceram na curva daquele caminho, sob o centenário castanheiro do Romão. Tudo são fantasmas. Almas penadas, nuvens altas de almas. Agora, apenas a solidão do ermo me rodeia…
Ó Zé Vicente, ó Tavares, ó Maria, como eu vos queria agora aqui! Também eu faria o rebusco, não tivesse o castanheiro mirrado, também eu dou comigo a repetir: bô s’tá, bô s’tá, bô s’tá… quando a indefinida mágoa me abraça, ao rebuscar ouriços sob o velhinho castanheiro da minha lembrança.
É nestas horas, que a alma me pesa como um rochedo… e o rochedo é um alto-relevo da lembrança!
E há lembranças que vivem séculos… como os castanheiros!»
Que o real (seja o que isso for, se alguém souber o que é, estará seguramente muito à frente do que eu sei) às vezes pesa como chumbo; que todos encontram estratagemas de o enganar, de lhe dar a volta; até há quem saiba fintar a realidade (sem saber o que isso é!). Há quem lhe beba uns copos valentes! Há quem se atole em fármacos! há quem se divirta! há quem se iluda. E tudo seria mais fácil, muitas vezes, se deixássemos de armar em heróis.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Arre, estou farto de semideuses! Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, |
As obras dos modernos são assim uma espécie de fast food. Que a arquitectura vá lá não será assim tão má. Imaginemos que o material era granítico e quase poderíamos dizer forçado com o poeta «Pínáculo de catedral».
Mas não´trata-se de cimento (mal) armado que o ferro era caro. O resultado está à vista: vai descascando o cimento que cobre o tijolo e a incemência do tempo vai corroendo. Depois não há quem deite mão.
A propósito da casa da Maria da Cruz, alguns comentaristas lembraram a transmissão que os mais velhos fizeram do que aconteceu aqui em Viar Maior. A tragédia na Ribeira de Vila Nova de Gaia e do Porto somou todas as pequenas tragédias das centenas de cesarões que desaguando nos afluentes do Douro vieram ter ao mar. Dessas tragédias tenho em memória as que me contou o saudoso César Seixas que à grandeza das cheias acrescentava a grandeza da sua imaginação. Na sua voz nem a sorte (ou previdência) de Noé semelhava à do capitão de um barco inglês que com sorte tanta, foi da alfândega rio fora, entrando intacto no mar, onde gente e bens passada tamanha borrasca ficaram sãos e salvos. Nem sempre Deus está distraído!
Penso que este lugar não tem nome. Porém, é um lugar de excelência: soalheiro,
abrigado dos ventos com um espelho de água aos pés.
. Requiescat in pace, José ...
. Um passeio sonoro pelo Va...
. Fotografia da semana - O ...
. Requiescat in pace, Quim ...
. Vale Carapito, tornar Vil...
. Tornar Vilar Maior Uma al...
. Histórias de vida que com...
. Requiescat in pace, João ...
. badameco
. badameco
. o encanto da filosofia
. Blogs da raia
. Tinkaboutdoit
. Navalha
. Navalha
. Badamalos - http://badamalos.blogs.sapo.pt/
. participe, leia, divulgue, opine