VILAR MAIOR, minha terra, minha gente

Em muitas tardes de Domingo, com proibição de trabalhos (es)forçados, acabada a raioila e os jogos de sueca, e de uns copos bebidos ao longo da tarde que nalguns casos já eram em demasia, lá acabava por surgir uma zaragata ou um baraulho que podia ficar pela troca de palavras, podia ir a uns murros e pontapés, avançar para umas esmichadelas (que a pedra era a arma mais comum), ou coisa grave, ir mesmo à navalhada. Na míngua de espectáculos, muitas vezes a garotada lá descobria um  ou outro bêbado a quem atentavam. Havia um deles que lhe dava para cantar, a seu modo, a Malaguenha.

http://www.youtube.com/watch?v=80w7_lK7jBg&feature=related

Quem inicia um projecto o mais que quer é que as coisas corram bem, que não haja obstáculos insuperáveis, que o que vai resultar nos agrade a nós e que os outros apreciem. E dado que não nascemos arquitectos, que o gosto é uma questão de educação, que os edifícios por fora são de toda a gente, os serviços responsáveis mais do que andar a fiscalizar para encontrar motivo para uma multa, se deveriam ocupar de ajudar quem tem um projecto. Há muita gente que não ousa ter um projecto para não ter chatices com a câmara  e os seus fiscais. Não sei das razões, nem isso importa, mas no caso parece que o projecto ficou a meio.

Eis um aspecto do processo deurbanização da vila. Talvez que alguns até tenham dificuldade em identificar o lugar.

Van Gogh

A casa de César Seixas é, quanto a mim, o melhor exemplo de restauro de paredes de granito. Bem ao lado, um restauro diferente. Até na fotografia dá para notar.

Mais um belo trecho assinado, desta vez, por Burro Velho.

«Eu, burro velho, até lhe mandava o retrato. Mas não consegui nenhum, já que o fotógrafo, vendo a minha triste figura - magro e escanzelado; Cabeça baixa e orelhas derreadas; Rabo entre as pernas, mataduras por todo o corpo porque a albarda, os atafais e o cabresto pedi-os de empréstimo ao meu irmão mais velho: Estropiado porque já não há ferreiros para me deitarem umas chapas novas (ah que saudades do ti Zé Silva): E o mais deprimente é que, ao ver passar uma burra seja velha ou nova, bonita ou feia , já não sou capaz de a seduzir com aquele canto de duvidosa sonoridade mas de potência incomparável - . Por tudo isto, dizia, o fotógrafo recusou-se a fazer a fotografia, talvez com fundados receios de lhe danificar a máquina. Contudo, prometo-lhe que tudo farei para mudar a minha imagem e tão logo isso aconteça, verá satisfeito o seu pedido.»

«Esquecermo-nos de como cavar a terra e de como cuidar do solo é esquecermo-nos de nós»

Tempos houve que a corrida de burros constituía um dos momentos mais divertidos da Festa do Sr. dos Aflitos. E que tal voltar a fazer o número? E se a competição for abeta aos burros das aldeias vizinhas?

Para uma competição de burros não vai faltar quem queira o exclusivo do patrocínio.

http://www.youtube.com/watch?v=nhKfzDdKwKY

Faleceu no dia 20 de Maio, em Lisboa, Filomena Santos, casada com João Dias Duarte. O funeral realizar-se-à em Vilar Maior no dia 22, sexta-feira. Aos familiares as mais sentidas condolências.