Dizia-se por aqui: "Mal vai a Portugal quando não há duas cheias antes do Natal". Os tempos, ou melhor, o tempo já não é o que era. pelo Natal a ribeira estava seca. As cheias por aqui não são catastróficas limitando-se a espraiar-se pelas Hortas da Ribeira e, se maiores, a impedir a ligação com o Bairro de S. Sebastião que segundo informação é o que está a acontecer. Na memória popular ficaram as inundações de há cem anos (1909?) que terão levado as resguardas da ponte e os telhados dos moínhos.
Colegas, amigos, familiares e conterrâneos muitas vezes me pediram que lhes arranjasse um exemplar. Só agora, há dias, em arrumação dos livros num novo espaço, encontrei dois exemplares.
Fica prometida uma nova edição para o ano que corre.
Chão de S.Pedro, que durante anos foi tratado como um Jardim pelo Lopes, está agora órfão. Segundo notícias que não posso confirmar o referido chão foi legado à Misericórdia e estará agora à venda.
Quem mais dá?
Os dias de neve são, por vezes, fatidicos, para alguns animais. Desta vez, a infelicidade coube a este toirão, que já leva à sua conta algumas galinhas. O povo por aqui, diz que foi o bicho. Como tenha morrido, não o sei.
SALVE, MARIA DA GRAÇA!
No tempo que vieste à luz
Nascia o sol de Espanha, como agora
Punha-se no ocaso de sempre
Para os lados do Carvalhal.
A Ribeira enfiava pela ponte
E cantava aos saltos pelas penedias da Fraga.
E, ano após ano, com o sol a nascer
Com a ribeira a cantar
Crescia a mocinha com graça
Entre a serventia ao latoeiro, seu pai
A quem chegava a tesoura, o estanho e a liaça
E o cuidar da mula, animal de estimação
Que carregava toda a tralha
E por mor da guerra
Tinha livro de registo e identificação.
E ouvia o latoeiro cantar o hino guerrilheiro
Enquanto martelava no rebordo do caldeiro:
«Viva a Maria da Fonte
Com as pistolas na mão
Para matar os Cabrais
Que são falsos à nação
É avante portugueses
É avante não temer
Pela santa liberdade
Triunfar ou perecer»
De mocinha a moçoila
A dar nas vistas pela praça
Começaram os rapazes a comentar:
- Que bela que está a Graça!
E de todos o João
Foi o que teve mais sorte
Zamburreando o acordeão
Conquistou-lhe o coração
E tomou-a como consorte.
Contra a geral opinião
Dos pais de cada um
Decidiram fazer a união
Levar uma vida comum.
E no princípio era o amor
E mais uma casa, um lar
Uma lareira e uma vida para viver
E dois corpos para sustentar.
E a terra e o trabalho
Um chão, uma horta e umas leiras
E mais uma cabra e outra
E também um gato e um cão
Depois um filho, o primeiro
E mais terra, mais cabras e umas ovelhas
E multiplicam-se as cabras e as ovelhas
E mais um filho
Mais umas vacas e um marrano
E o João virava lavrador de carro, arado e charrua
De aguilhada na mão e assobio dominador
E a Graça passa a mulher de lavrador:
A Graça do ti João Marques!
E no passar dos anos, no suceder das estações
Se enchia a arca de pão e o tonel de vinho
E com igual regularidade se enchia
A casa de filhos e de filhas
A Graça, mulher de lavrador,
Cria vidas e sustenta vidas:
Peneira, amassa e finta o pão
Maça, espadela, fia e tece o linho
Lava, cora e passa a roupa
Acende o lume, enche a panela
Cobre a mesa com toalha de linho
Onde como em altar sagrado
Se come o pão e bebe o vinho
Passa o tempo e com o seu passar
Os garotos viram gente
E como pássaros saem do ninho
Um agora para ali,
Outro depois para acolá
E mais um, e mais outro, e outro, e outro
E ficam sós o João e a Graça
À espera que o tempo os vá trazendo.
Corria serena e mansa a vida
Quando a morte bateu à porta:
- João, são horas! É a tua vez!
- Impossível! disseste tu e pensámos nós.
Dor imensa, difícil aceitação
Mas … faça-se a tua vontade
E o João despediu-se
Fica a Graça mais orfã que os filhos.
Porque no tempo tudo acontece,
Nele se tece a alegria e a dor
Se gera e se perece
E voltando a passar o tempo
A Graça de nova graça se veste
Ano após ano envelhece
E se as coisas correrem bem
Celebramos hoje os noventa e cinco
E havemos de celebrar os cem!
Júlio Marques
Maria da Graça completou em 9 de Fevereiro p.p. 95 anos de idade. Os familiares que puderam reuniram-se no dia 14 para comemorar. E a festa foi animada no restaurante Pelicano, em Alfaiates: Comeu-se e bebeu-se, recordaram-se os mortos e os vivos, cantou-se e dançou-se. Um dia de alegria, de felicidade em que a família dispersa se uniu e ficou mais forte.
A primeira geração
Segunga geração - os filhos e
as caras metade
e os filhos e os filhos dos filhos e os filhos destes
e
E, finalmente, o grupo completo, com ausência da Cláudia na função de retratista.
Neve tanta quanto chegou para pintar de branco o chão!
Impossível não deixar rasto
Pequeno mas o suficiente para encantar a pequenada
Felicidade imensa, abrir a janela e ver um extenso manto de neve a cobrir o chão!
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.
O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.
As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.
Tudo é igual, mecânico e exacto.
Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.
E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...
E obrigam-me a viver até à Morte!
Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?
Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.
Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."
E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo
José Gomes Ferreira
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