(Foto de José Valente)
Centúrias que não só meros decénios
Regista a festa que aqui nos une.
Os nossos pais e avós como em proscénios
Tornaram –na à mudanças sempre imune
Não foi mera questão só de selénios
Ou sete pontas de primado impune
Setembro, ora nono, mês de infrenios
Fixou a data em dia que afortune
O primeiro domingo de abundância
Com as lides rurais já de sem ânsia
O tempo certo pra solenes ritos
Assim nasceu a festa e em toda a raia
Não há outra que tanto sobressaia
Como esta do senhor dos aflitos.
Das terras quentes às frias,
Do Casteleiro ás Batocas
Palmilhei todas as vias,
Fui coelho em todas as tocas.
E qual tentilhão bem raro
Que em qualquer ramo faz ninho
Almodei em Santo Amaro
Fui cear a Vale de Espinho.
Mas como a lebre montesa
Que no restolho faz cama
Abalei á sobremesa
Indo dormir a Espanha.
Corri à guisa do vento
Ao certo não sei as léguas
Se a rota é mesmo a contento
Eu ás lonjuras renego-as.
Por isso,se o mal me açula
Com desgraças em matilha
Corro a correr pra Bismula
ou entao Alamedilha.
Ali, chegado,risonho
Pego sono em sonho brando
E entre os efluvios do sonho
Não sei bem se estou sonhando
Dou por mim a recitar
As trovas de dom gaifeiros
A mente a calcurrear
Por cenários verdadeiros,
Freguesias sao quarenta,
Mas os burgos quase cem
E cada qual se apresenta
À mesa com o que tem
Ninguém servirá alguém
De forma tão desprendida
Amigos no mal e bem
Na morte como na vida.
Os filhos deste concelho
São heróis todos os dias
Retrato fiel, espelho,
Nas quarenta freguesias.
Uma experiência de muitos emigrantes dos anos 60.
http://www.youtube.com/watch?v=2UgORWjfZjw&feature=player_embedded#!
Em fresca manhã de abril
Eu quero morrer na raia
Terras pardas do carril
A minha cova talhai-a.
Farda de contrabandista,
Dies irae em bom latim
Mão piedosa ma vista
Monges o cantem por mim
Meu desejo,deus o queira,
É mesmo morrer na raia,
Ver a linha da fronteira
Quando a vista se me esvaia.
Mas não é qualquer espaço
Que á minha alma convém.
A terra só é regaço
Se for de colo de mãe
Mas cabe em pequenas léguas
O chão por mim desejado
Outras lonjuras renego-as
A cada o seu eldorado.
Começa em Ciudad Rodrigo
Acaba em vilar maior
Mas voa sempre comigo
É um balão voador.
Pelo espaço deambula
Jornadeia rio e monte
Levita o ar a Bismula
Desce em aldeia da ponte
Estrela que ainda brilha
Ambiçao que se não perde
Ruelas de almedilha
Ou esquinas de valverde
Picos rupestres dos foios
Cercanias de arnganhã
Cantochão de frades loios
É noite,foi-se a manhã.
Podendo não ter zenite
A vida tem sempre ocaso
O sonho,vindo o limite
Encerram-se em negro vaso.
Mas eu que não temo a morte
Hei-de morrer a trovar
De pé,igualando em porte
Os castiçais do altar.
Ponto é que á hora de noa
Cante a trova derradeira
Nos plainos do ribacoa
A dois passos da fronteira.
Afinal,apenas peço
Que a passagem ao além
Náo seja fim mas regresso
Ao humus da terra mãe.
(Foto de Carlos Marques)
Corria o ano de 1969. O local é por demais conhecido de todos os conterrâneos e não só. Quanto aos personagens, fica para mais tarde. Era uma época em que na Vila, a vida ainda fervilhava por todo o lado; Nas casa, nos campos, nas ruas... Cumpriam-se rituais e tradições ancestrais transmitidas de geração em geração. E uma dessas tradições, é-nos mostrada pela imagem, e consistia no seguinte: Nas vésperas da festa do Senhor dos Aflitos, os rapazes que já tivessem pago o vinho, iam pela calada da noite "roubar" vasos de flôres às casas das raparigas solteiras, com os quais enfeitavam os chafarizes, a primorando-se mais com o da Praça. Porém e como diz o poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e... Hoje em dia já não existem rapazes nem raparigas solteiras na Vila e o chafariz também já ali não mora. Consequentemente, perante tal cenário, não há tradições que resistam.
Carlos Marques
A Terra
Também eu quero abrir-te e semear
Um grão de poesia no teu seio!
Anda tudo a lavrar,
Tudo a enterrar centeio,
E são horas de eu pôr a germinar
A semente dos versos que granjeio.
Na seara madura de amanhã
Sem fronteiras nem dono,
Há de existir a praga da milhã,
A volúpia do sono
Da papoula vermelha e temporã,
E o alegre abandono
De uma cigarra vã.
Mas das asas que agite,
O poema que cante
Será graça e limite
Do pendão que levante
A fé que a tua força ressuscite!
Casou-nos Deus, o mito!
E cada imagem que me vem
É um gomo teu, ou um grito
Que eu apenas repito
Na melodia que o poema tem.
Terra, minha aliada
Na criação!
Seja fecunda a vessada,
Seja à tona do chão,
Nada fecundas, nada,
Que eu não fermente também de inspiração!
E por isso te rasgo de magia
E te lanço nos braços a colheita
Que hás de parir depois...
Poesia desfeita,
Fruto maduro de nós dois.
Terra, minha mulher!
Um amor é o aceno,
Outro a quentura que se quer
Dentro dum corpo nu, moreno!
A charrua das leivas não concebe
Uma bolota que não dê carvalhos;
A minha, planta orvalhos...
Água que a manhã bebe
No pudor dos atalhos.
Terra, minha canção!
Ode de pólo a pólo erguida
Pela beleza que não sabe a pão
Mas ao gosto da vida!
A Comissão das Festas em Honra do Divino Senhor dos Aflitos recentemente realizadas, entende que é seu dever fazer os seguintes agradecimentos:
- às nossa familias que nos acompanharam sempre que puderam.
- à Camara Municipal do Sabugal que desenvolveu os esforços necessários para que o Meseu estivesse aberto ao público nos dias das Festas.
- ao Sr.Presidente da Junta de Freguesia de Vilar que esteve sempre disponível em todas as solicitações, e foram muitas.
- ao Augusto André, ao José do Bernardino, ao José Carlos e ao José Hermenegildo, que estiveram disponiveis sempre que deles necessitámos.
Para a Bárbara, esposa do Carlos Marques, o nosso reconhecimento e gratidão por tudo o que nos realizou. Muito, muito obrigado.
Por alguma falta de lembrança que eventualmente se verifique, pedimos desculpas aos esquecidos.
zzzzzzzzzzzzzzz
O grupo sente-se de consciência tranquila, convicto de que deu o seu melhor para dignificar a Festa do Senhor dos Aflitos e Vilar Maior. Somos os primeiros a desejar que a próxima festa seja muito melhor do que a agora realizada. Mas somos também os primeiros a dizer que só quem tem a HONRA de servir ( ou o desejo de vir a servir) como mordomo da Festa do Divino Senhor dos Aflitos, deverá aspirar a que a festa tenha mais qualidade. Referimo-nos, naturalmente à profana, porque a Sagrada sendo vivida individualmente, as emoções que gera em cada um podem ser, ou não, observadas por terceiros.
A Comissão
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