(Foto dos anos 20 do século passado)
Não é seguramente a melhor fotografia para nos mostrar a beleza do Largo das Portas. Trata-se do melhor conjunto de arquitectura habitacional com duas casas senhoriais que hoje, felizmente, se encontram bem recuparadas.
Ressuma a epopeia o Sabugal
Heróico sobre todos o seu povo
Pelo devir dos tempos sempre igual
Virtudes que ao lembrá-las me comovo.
De dia, num combate desigual
Agruras sobre agruras em renovo
De noite, a sair de Portugal
Para de manhã voltar de novo
Esconso entre os troncos dos carrascos
Cozido no negrume dos penhascos
Experto o carregueiro ilude a teia
Penosa, bem penosa sai a jorna
Constante Espanha vai, Espanha torna
Heróica vida com muito de epopeia.
Não podia ficar no bastidor dos comentários esta enumeração - penso que exaustiva - das tapadas da vila.
«Ora atão aí vai o meu rol. É grande sim senhor, mas por certo muitas cá devem faltar. E pra melhor intendimento dos lugares e dos nomes vou começar por uma ponta seguindo sempre prá dreita, até dar a volta. Tamém, muntas vezes vou dizer tapadas e não tapada, por môr de que há sítios com muntas. E sendo assim dessa maneira começo por:
Tapada do Penicôto, do Môcho, dos Lanchais, da Gorgolicha, das Almas, das Canadas, Tapada Nova, da Carvoeira, das Casas dos Moiros, dos Labaços, da Fonte Madeiros, dos Châes de Conselho, da Pedreira, da Queijeira, tapada Cruz, do Vale de Marmeleiros, Tapadas dos Picotes, das Igreijas, da Balsa, da Cimeira, da Sangrinheira, da Mogueira, do Rebolal, Tapada do Prado, Tapadas dos Regatos, Tapada da Sarangonha, Tapadas dos Vales, da Lomba, da Cabeça Lagar, Tapada da fonte na Serra (esta tem uma história triste), Tapada do Aires, Tapadas do Pereiro, das Morenas, Tapada do Castanheiro, Tapadas do Buraco, Tapada Eira, dos Mortórios, da Flipa, Tapadas do Espírito Santo, dos Fiéis de Deus, Tapada das Portas, Tapadas Da quinta dos Barreiro, Do Porto Sabugal , da formiga , da Fonte Fria, dos Galhardos, Tapada da Ponta Guarda, Tapada das Vinhas (fica por baixo das vinhas que eram de Arminda Marques ao MIdagostinho, a pegar com o cabeço que serviu de cemitério dos Burros, na altura em que os havia muntos na Vila e até tinham direito a cemitério), Tapada do Vale Carapito, Tapadas das Gaiteiras, Tapadas das Retortas, Tapada da Justa, tapada da Limpa e tapadas da Correia e tapadas de Vale Castenheiros. São muntas tapadas e não estarão todas. E munto tamém era o pão que sesemeava e mais que fôsse, porque não chegava á mesa de muitos com a fartura que era preciso. Eu bem sei que este relambório já vai grande, mas falndo nós de pão, ou de centeio. acho que não fica bem se não falar aqui do sítio das Moitas. É porque dái vinha munto e bom centeio, direi até que se calhar, mais do que o colhido nas tapadas. Ora ao contrário das tapadas, as sortes das moitas eram e são devedidas por marcos e não por paredes, porque ali pedras nem vê-las. E tenho cá pra mim que é por môr disso (falta de pedras e paredes) que se lhe deu o nome de rasas e tamém por serem planas. Mas ali, como nas tapadas os sítos das razas tamém têm nomes, e eu como sei alguns, atão aí vão: Razas da Atalaia, do Marinhol, dos Barreiros, do Forno da Telha, do Vale de Bolos, dos Folgados, do Canto da Esperança e da Quinta das Gatas. Isto hoje foi uma labuzia e doiem os dedos de tal maneira que nem que adasse todo dia de enxada nas mãos».
Munto bôas noutes pra todos».
Por vezes, a morte chega, assim, surpreendente. Tal como a notícia chegou de chofre pelo telefone: - Morreu a senhora Maria!
O nome mais comum mas que para nós o não era. Mas a surpresa quis confirmação: - A senhora Maria? - Sim, a senhora Maria do senhor António Cerdeira. Sempre, quase sempre que chegava passava lá por casa a saber se tudo estava bem. E na saída, sempre o desejo que tudo corra bem e muita saúde. Sempre com uma amabilidade fora do vulgar. O descanso para a sua alma. As condolências para o marido, filho e demais familiares.
Com o abandono das terras, dos trabalhos que nelas eram eecutadas, da função vital que tinham, se vão perdendo os nomes ou por eles se vão entendendo coisas muito diversas.
As tapadas eram áreas relativamente extensas de terras vedadas por paredes, destinadas a culturas de sequeiro, nomeadamente centeio (pão). Dado que as terras para o pão tinham de ficar um ano de pousio, durante esse tempo serviam para pasto do gado que desse modo, ou sistematicamente através das malhadas, as iam estrumando.
Cercadas por parede havia a portaleira destinada à entrada da junta das vacas. Dentro da portaleira, para entrada das ovelhas, do pastor, do cão, havia o portal (palavra hoje pertencente ao léxico da internet pelo qual se acede a realidades bem diversas).
Muitas das tapadas tinham direito a um nome próprio: Tapada Eira, Tapada das Portas, Tapada da Limpa.
Exercício: Faça uma enumeração exaustiva das tapadas da vila.
Tratar-se-á, porventura de uma das peças mais valiosas existentes no museu da Guarda.
Deixo aqui reproduzido um post deste blog em 4 de Outubro de 2008
«Agora há dias um comentador do blog sustentava que alguns dos valores que se encontram no museu de Vilar Maior (que poucos visitam) pudessem estar no museu do Sabugal que teriam outra notoriedade e que isso levaria mais pessoas a visitar a vila. Haveria, assim, um interesse recíproco. Porém, questiono que interesse poderá ter Vilar Maior se alguns dos motivos de visita estiverem ausentes. Pergunto se o canhão que se encontra á entrada do museu da Guarda, não deveria estar no local onde desempenhou funções, isto é no adro da Igreja de Vilar Maior. Pergunto o que recebeu (recebe) em troca Vilar Maior pelo facto de no museu distrital da Guarda se encontrar exposto um dos objectos de maior interesse e valor – a espada encontrada nas cercanias do castelo. Estes objectos estão lá com que acordo, com que protocolo, com que contrapartidas, com que direito?»
(Pescada no facebook)
Gente que não saiba os trabalhos que se passavam até pôr o pão na mesa, até irá pensar que cena retaratada mostra uma eminente desgraça.
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