Sexta-feira, 30 de Setembro de 2011

TREMOÇOS - VELHO E SABOROSO AMIGO - Dr Leal Freire

            Em homenagem ao senhor Antonio Lucrecio que oferecia os seus jornais, já lidos, às tremoceiras, que os transformava em cartuchos, maiores ou menores, consoante a verba investida.

E arte destas singelas, mas sapientes enriquecedoras da nossa gastronomia, passo a transcrever, com a devida vénia, um estudo, aliás completíssimo, publicado por Paulo Moreira, confrade de honra da Confraria do Bolo, com sede na histórica cidade de Pombal, in Revista Gastronomias.

Então, vejamos:

Conhecido em Portugal como o marisco do Povo, desde longa data que o tremoço marca presença na alimentação e cultura do Homem.

De acordo com alguns autores, os tremoços eram o alimento preferido dos filósofos gregos, principalmente dos cínicos, que andavam sempre com eles.

Conta-se que um pintor grego, Protógenes, do século quarto de antes de Cristo, trabalhou durante sete anos, numa pintura, comendo só tremoços, para que nada mais interferisse com o seu génio criativo.

E nas antigas comédias romanas, os tremoços eram utilizados em cena, para simbolizar o dinheiro.

Já os heróis e generais romanos costumavam oferecer tremoços ao povo em sinal de gratidão e era hábito os tremoços marcarem presença nas mesas mais refinadas.

Conseguimos perceber, apenas com recurso a estes pequenos e curiosos exemplos como os tremoços desempenharam efectivamente um papel preciosissimo na História do Homem e como grangearam grande reputação e prestígio em diversos domínios.

O tremoço tem muito mais do que aquilo que aparenta.

E essa é a sua grande virtude.

O nome ciêntífico do tremoço vulgar, aquele que geralmente comemos e é o mais difundido em Portugal é LUPINUS ALBUS LINEI. E este nome não deixa de ser curioso, pois LUPINUS deriva da palavra latina LUPUS – lobo, provavelmente devido   às semelhanças entre as suas folhas e as pegadas de um lobo.

Já para alguns autores clássicos, como Plínio, tal devia-se ao facto de o tremoceiro ser uma planta voraz para a terra, tal como o lobo é para outros animais

No primeiro dicionário em Língua Portuguesa — Dictionarium Latino Lusitanicum Et Vice Versa  Lusitanico Latinum –1570, de Jerónimo Cardoso, o vocábulo  Lupinus  tanto designa coisa de  lobo ou loba  como  O  TREMOÇO, embora o autor  refira também a existência do vocábulo TRAMOÇO.

O tremoço é cultivado e subespontâneo nas searas, campos e lugares arenosos de Portugal, embora originário do Oriente,

A opinião mais consensual indica que eles são originários da bacia do Mediterrâneo, espalhando-se depois por todas as partes do Mundo.

Das várias espécies de tremoços que podem encontrar-se em Portugal, destaque para o tremoço amarelo, o tremoço azul, o tremoço de folhas estreitas e o tremoço hirsuto,

Nas terras bem irrigadas pelo Nilo, já se criavam tremoços e estes faziam parte  da alimentação quotidiana   no Antigo Egipto, tal como atestam  vestígios arqueológicos, que remontam à décima segunda dinastia dos faraós, cerca de dois  mil anos antes de Cristo.

Os egípcios, tal como os gregos, começaram a cultivar os tremoços com o objectivo de produzirem grãos para a sua alimentação e para alimentar os animais, sendo também utilizados em cosmética e medicina.

E foi a partir da bacia mediterrânica que os tremoços se expandiram em todas as direcções.

Também os romanos os cultivavam e através da extensão do seu império puderam levar o tremoço aos mais inóspitos confins,

Velhos companheiros de longas quimeras, os tremoços muito têm de contar.

Ainda há muito para descobrir sobre as suas propriedades e as suas qualidades.

Não há, por esse País fora, um adro de igreja que não tenha, nas manhãs domingueiras, uma vendedeira de tremoços para alegria da pequenada e desjejum dos mais velhos.

Uma coisa é certa, continuarão a fazer as nossas delícias nas tardes quentes de verão.

 

Gil Vicente, na Nau de Amores espicaçava o gosto:

«Quando dao pao e tremoços

Vinde à Pregaçao»

 

publicado por julmar às 19:19
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Quem é quem?

 

Que não se apressem os retratados a dizer quem é quem que nem os próprios se reconheceriam se não tivessem anteriormente conhecimento desta foto. O retrato é do ano de 1950. A árvore, com folhas, é uma figueira. Os pais da prole já faleceram. Ainda haveriam de vir mais três para completar a irmandade. O menino com a cabeça entre as mãos do pai faz hoje anos. Parabens!

Como administrador deste blog bem que gostaria de publicar fotos antigas. Vá lá animem-se, contribuam um pouco.

publicado por julmar às 15:15
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Quarta-feira, 21 de Setembro de 2011

Dia de mercado - Parece impossível!

 

Maria da Graça, Sara, Assunção e Lúcia (foto de Olívia Gonçalves)

É preciso ter lata (ou será por falta dela), filhas de latoeiros nenhuma resistiu a mercar plástico.

publicado por julmar às 20:57
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Vilar Maior visto por outros olhos

Por vezes somos surpreendidos por vermos a mesma coisa de sempre, de um ponto de vista diferente. No caso das fotos que se seguem é a vista (e as fotos) de Sérgio Fava.

 

 

 

 
 
publicado por julmar às 14:39
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Sexta-feira, 16 de Setembro de 2011

Vilar Maior pela mão de Michelle Fava

Quanta gente de valor passa anonimamente pela Vila, se inspira e objectiva a inspiração. Seria uma pena não acedermos a esta obra de Michelle Fava. A autora de nacionalidade Inglesa, doutorada em artes Visuais á casada com Sérgio Fava, neto de Lúcia Silva Leonardo a residir em Inglaterra.
publicado por julmar às 10:21
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Quarta-feira, 14 de Setembro de 2011

ALBROQUEIROS, ALVOROQUEIROS, RACHADORES OU DESEMPATAS - Dr Leal Freire

Nunca pude apurar, mau grado porfiadas indagações, não só minhas mas também de meus amigos e conhecidos interessados na linguajar da Raia Sabugalense, como o vocábulo ALBROQUE ou o seu epentetico e desbetacizado ALVOROQUE  se  integrou no nosso lexico.

O que qualquer cidadão, frequentador ou não de mercado, sabe é que concluido um negocio de gado grosso pela intervençao de terceiro a ele estranho, comprador e vendedor encaminham-se logo para a taberna mais proxima, celebrar a veniaga numa profusao de quartilhos.

Ainda que o antigo e novo dono da rez acabada de transaccionar se situem na quintessencia dos sovinas, surrelfas e mãos-de-vaca, o terceiro que desempatou a borra que os separava leva-los-ia, aos empurrões, à chapada, ou mesmo à bordoada, ao cumprimento do ritual

Esta era, aliás, a unica recompensa para um serviço para as duas partes contratantes

absolutamente essencial, pois, sem ele, o negocio não se teria fechado

É que, para além da meia canada, aquele terceiro nada receberia, ainda que monetariamente o quisesssem compensar, pois a nota lhe queimaria os dedos

E ele não fora ali por dinheiro, mas para ajudar e acamaradar

Passeando, embora, por todos os largos, ruas, quelhos e bocas de rua, onde se mercadejasse,      .

Era, porém, o mercado das vacas de trabalho o seu palco de eleiçao.

No gado miudo, ovino, caprino, suino de engorda, a contrataçao, por mais simples, dispensava intermediarios e a insignificancia do valor obtido não dava normalmente para pandegar.

As especies, cavalar – também chamada equina – asinina e muar, essas eram quase sempre negociadas por ciganos, muitas vezes porta a porta.

De resto, só as feiras de ano contavam com terreiro apropriado

Inversamente, não havia mercado sem o largo ou lameiro das vacas,

Ora, até à queda da Monarquia, em fins do ano de mil novecentos e dez, além da existencia de um vasto leque de feriados religiosos, todas as quintas feiras assumiam a natureza de dias santificados.

O poder régio e as autoridades locais fizeram coincidir com os dias de preceito a realizaçao de feiras de ano  e com o dia de quinta, considerado o meio da semana, o  de

mercados de âmbito concelhio

Destes hebdomadários, os mais concorridos aqui na zona eram os de Alfaiates e da Miusela.

É nestes e na subespecie mercados das vacas que vamos ver actuar o nosso personagem.

Ao lado de uma vaca, frente a frente um com o outro, estão, desde alta manhã, dois lavradores de meia aiveca.

O dono quer vende-la, tem mesmo imperiosa necessidade disso -- porque precisa de saldar uma dívida; porque criou outra e o mantimento não chega para tanto; porque, por razões de saúde, de idade, de viuvez,...pretende abandonar a lavoura; porque a rez está a tomar maus sestros só dele ainda conhecidos

O outro circunstante precisa de comprar e  quer efectivamente comprar -- para  emparelhar com a que tem em casa; porque, casado recentemente, quer emparceirar  com alguém, havendo-se já comprometido para  tanto

Os dois contendores—e  são-no efectivamente pois vão travar uma batalha verbal de muitas horas—cedo se chegaram á fala.

- Então que malapata deu ao animal, para vossemecê o trazer aqui?

- Malapata! Tomara seu pai estar tão são como ela que vossemece estaria mais de cem anos à espera de sapatos do defunto. Criei outra e mais dia, menos dia tenho de me desfazer desta. Mas não é nenhuma sangria. E quem a quiser levar tem de cubri-la de notas...que por menos de trezentos contos ninguém ma tira dos poderes

- Tomara vossemecê de ouvir uma terça parte, que não há tonto que lhe acene com ela

Esta primeira arremetida termina aos berros e a pessoa estranha até pareceria que iria a haver estadulhada.

O candidato à compra desarvorou.

Um seu conhecido abeirou-se do vendedor.

- Então, correu com o rapaz? Olhe que ele é sério, traz dinheiro e veio ao mercado mesmo para comprar.

- Não é mais sério do que eu!

- Ninguém quer dizer isso.

- Pois sim, mas ele desfez-me da fazenda!

- Homem, isso faz parte das regras.

Entretanto, o albroqueiro já anda por ali farejando, mas ainda é muito cedo para intervir e puxado por outros moinas vai até uma venda ambulante provar da abertura da angoreta ou vai fechar transacção já amadurecida

Puxados por conhecidos, os candidatos ao negócio voltam à fala.

Um a elogiar a vaca: Mansa, que pode ser posta ao jugo por menino de mama; boa de leite e de partos; esforçada no arado, na charrua, na acarreja, até a  acamboar.

O outro caçoa. E tambem se confessa e vai á missa.

- Olhe que a carantonha é de assarampada e o passo é de esgrouviada, além de ser fechada de cornamenta....

- Safe-se já da minha frente que já nem estou a vê-lo, de arrenegado com as suas palavras, objurga  o outro.

A zaragata, porém, não estoira, porque nenhum deles quer zaragatear

Nem os vizinhos que não estão ali mais do que para dulcicificar os derrepentes

deixariam.

Numa terceira facécia, entra-se já no jogo do sobe e desce.

Um vai subindo a oferta, ao ritmo de patacos, é certo.

O outro vai baixando as exigências, igualmente por pinguinhas e  mijinhas

A manhã de há muito que se passou e a tarde aproxima-se do fim

E os dois embezerrados, por uma cifra de borra.

Mas nenhum dá mostras de ceder

Embora ambos estejam maduros para o desenlace.

É então que, majestoso e majestático, chega o rachador.

Nenhum de vós tem palavra de rei. Não são cento e oitenta nem duzentos contos— são cento e noventa e acabou-se

O mais famoso, autoritário e respeitado destes homens de mercado de que tive notícia, foi o Joaquim Alves Martinho, da Bismula, por toda a região conhecido pelo MARIALVA

Filho de um conceituado negociante de gado para abate e dono de vários estabelecimentos de talho, que enriquecera de tal modo que  do Buçaco, onde fornecia  hoteis de luxo, à  raia de  Vilar Formoso, onde passava o SUD, cliente para as mais finas vitelas, o conheciam por CAGA-LIBRAS ou BARBAS DOS MILHOES

Iniciara-se com o pai naqueles negocios.

Mas não era para aí que lhe puxava a inclinação.

Em novo, fora um conquistador temível, deixando muitas raparigas sem ceia e algumas sem o dote genesíaco dos três vintens.

Depois afeiçoara-se áquela vida airada dos mercados, onde não gastava um ceitil, que os amigos, afilhados e feirantes não lho consentiam, nem aferrolhava chavo que a tanto não viera.

E, quando numa roda de sete léguas, nada havia mercado, gastava-se pelas tabernas do  povo se alguma adregasse de abrir ou pela sua adega, escancarada a quaisquer moinas, aldeanos  ou ciganos, arraianos  ou da quinta casa  de Portugal ou mesmo Espanha.

A sua generosidade só regeitava fomes-negras, daqueles que têm de tudo, mas não dão, nem gastam nada.

E não se circunscrevia a encher de vinho o fole dos que apareciam.

A muitos livrou de enrascadelas, afiançando-os junto da banca, onde seu falecido pai o credenciara.

Se algum, o que rarissimamente aconteceu, se atrasava no cumprimento, o MARIALVA, porque o era, avançava, nem que tivesse de dar como penhor o ouro da herança.

Disponível para festas e assuntos de família, paraninfou batizados, crismas e casamentos, sobretudo de ciganos, de quem se dizia que levavam os filhos  à água lustral  um pouco por todo o País, para assegurarem  um protector em cada  zona.

Joaquim Alves Martinho não limitava as obrigações de padrinho ao folar de sábado santo.

Excedia as posses, que eram limitadas

Compadres e afilhados correspondiam em amizade.

E era vê-los onde o povileu se ajuntasse reverenciando o padrinho, que também por esta temível coorte de fiéis seguidores via reforçada a sua influência.

Ai, efectivamente, de quem lhe pusesse em causa a palavra           

De resto, rachando diferenças, desempatava teimosias apenas aparentes que a vontade de fechar o negócio morava ínsita na alma das partes.

O albroaque, a quartilhada não representava mais do que a persistência duma velha tradição e com ele ou sem ele o grande bebedor, que nunca cortou o bigode, encabeçaria igualmente a bebedeira que o acompanhava desde que fora às  sortes.

Parece que o termo albroque ou alvoroque radicará no germânico borg ou broker, que significará intervir em negócios de outrem que é o que fazem os corretores...

E também os rachadores – assim chamados porque dividem ao meio a quantia

Que separa as duas partes - DESEMPATAS - porque são eles que resolvem o impasse-OS  ALBROQUEIROS.

Só que ao contrario dos corretores não recebem compensação monetária, limitando-se à QUARTILHADA.

publicado por julmar às 14:49
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Terça-feira, 13 de Setembro de 2011

Na hora da despedida

A velha mordomia

Se a chegada da banda dá início aos festejos com a partida da mesma, praticamente, se encerram. Saudação aos novos mordomos e despedida dos antigos. Final com muita comida, muita bebida com música e com dança. É assim, é festa. Fim de festa.

                                                     A nova mordomia

 

 

                                                                           A comida e a bebida

                                                                        A dança

Mais uma fita
  

 

                                                                      Extâse musical ou cansaço?

Todas as fotos foram retiradas do album de Isabel Fragoso (Facebook), que supomos não se importará e a quem agradecemos.

publicado por julmar às 16:16
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Domingo, 11 de Setembro de 2011

Peddy Paper

Agora as fotos das equipas vencedoras

 

 o 1º lugar

 

                                                                Manuel Cerdeira e António Gata

 

O 2º lugar

 

                              Júlio Marques, Cristina Martins Marques e João Marques

 

                                                       Catarina, Bárbara e Catarina Valente.
 

E o elemento mais novo que participou e conquistou um honroso 5º lugar

 

                                                                     Matilde Fragoso

Todos os participantes tiveram direito a um precioso certificado de participação que no seu curriculum vitae há-de importar mais que muitos outros.

publicado por julmar às 17:13
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Sábado, 10 de Setembro de 2011

Comissão de Festas 2012

 A comissão de festas de 2012 é constituída por Paulo Martins Almeida, FIlipe Palos Lavajo, Manuel Fonseca, António Lavajo Robalo, Joaquim Lavajo Robalo, Rita Almeida, Helena Almeida, Julie Lavajo, Manuela Prata e Ana adelaide Fernandes. Para a nova comissão desejamos o maior sucesso na preparação da festa.

publicado por julmar às 22:30
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Quinta-feira, 8 de Setembro de 2011

Miguel Torga, sempre

Êxtase

Terra, minha medida!

Com que ternura te encontro

Sempre inteira nos sentidos,

Sempre redonda nos olhos,

Sempre segura nos pés,

Sempre a cheirar a fermento!

Terra amada!

Em qualquer sítio e momento

Enrugada ou descampada,

Nunca te desconheci!

berço do meu sofrimento,

Cabes em mim, e eu em ti! 

publicado por julmar às 11:33
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