Quarta-feira, 13 de Março de 2013

IRS - Todos por Vilar Maior

Está na altura de preencher o IRS. Lembramos a todos os vilarmaiorenses residentes em Vilar Maior ou fora que não esqueçam a oportunidade de consignar 0,5% da colecta a favor da Santa Casa da Misericórdia de Vilar Maior Irmandade e Instituição Particular de Solidariedade Social, com o Nº de Identificação Fiscal - NIF - 504 300 130

A consignação de IRS é uma possibilidade que todos os contribuintes têm ao seu dispor e consiste na decisão de “desviar” 0,5% da colecta de imposto para outra entidade.

A opção não representa um encargo adicional a quem a faz, uma vez que se trata de uma simples reafectação do dinheiro que, em vez de dar entrada nos cofres do Estado, vai para a conta de uma instituição à escolha do contribuinte.

Recorde-se ainda que os prazos para a entrega de IRS foram este ano alterados. Assim, quem tiver apenas rendimentos do trabalho dependente e/ou pensões poderá apresentar a sua declaração de IRS em dois períodos, consoante o suporte que decida utilizar: em papel entre 1 e 31 de Março e, via internet, entre 1 e 30 de Abril.

Já agora num espírito de unidade que havemos de construir em torno da União de freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos apelamos 

aos contribuintes deste novo território administrativo que inclui as anexas de Batocas, Escabralhado, Carvalhal e Arrifana, para que façam esta consignação.

Não nos custa nada e é dinheiro que será entregue a uma instituição cujo serviço de apoio social é indiscutível, sobretudo no apoio à população idosa. Façam campanha junto dos vossos amigos.

Havemos de dar notícia de quanto conseguimos.

publicado por julmar às 12:11
link | comentar | favorito

Celebração da Paixão de Cristo

«Entre vós, não deve ser assim. Pelo contrário, o maior entre vós seja como o mais novo, e o que manda, como quem está servindo. Afinal, quem é o maior: o que está à mesa ou o que está servindo?» S. Lucas, cap. 22, vers. 26 e 27

publicado por julmar às 11:45
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 11 de Março de 2013

Porque é Quaresma - A encomendação das almas

Encomendação das Almas

Ó vós outros caminhantes
Parai e ouvi, olhai cá
Em ver vossa piedade
Em ver- vos bastará

Aqui estou no purgatório
De fogo e leite estendido
Sofrendo os maiores tormentos
E a ausência do Deus querido

Ó almas que estais na cama
A dormir e a descansar
Nem somente vos lembrais
Das almas que estão a penar

Das almas que estão a penar
E é bem que nos lembremos
Que todos emos de morrer
Quem sabe para onde iremos

Passageiros que passais
Vós passais e eu cá fico
Rezai-me um padre nosso
Que é o mais que necessito

Cristão reza o teu rosário
Não o tragas pelo chão
Quem reza à Virgem Maria
Certa tem a salvação

Não cais na atentação
Como a calma na geada
Que andam para nos tentar
Os três inimigos da alma

O primeiro é o mundo
Cá havemos de o deixar
O segundo é nossas carnes
Que em vício há-de acabar.
(In, Memórias de Vilar Maior - minha terra, minha gente- de Júlio Silva Marques)
publicado por julmar às 15:44
link | comentar | ver comentários (2) | favorito
Quinta-feira, 7 de Março de 2013

Porque hoje é dia da mulher

Elegia Desesperada
(O Desespero da Piedade)
Vinicius de Moraes

Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.
(…)

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!


Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!


Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.


Tende piedade da mulher no primeiro coito
Onde se cria a primeira alegria da Criação
E onde se consuma a tragédia dos anjos
E onde a morte encontra a vida em desintegração.


Tende piedade da mulher no instante do parto
Onde ela é como a água explodindo em convulsão
Onde ela é como a terra vomitando cólera
Onde ela é como a lua parindo desilusão.


Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.


Tende piedade, Senhor, das mulheres chamadas vagabundas
Que são desgraçadas e são exploradas e são infecundas
Mas que vendem barato muito instante de esquecimento
E em paga o homem mata com a navalha, com o fogo, com o veneno.


Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.


Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.


Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam 
E que têm a única emoção da vida nelas.


Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse 
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne.


Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.


Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados — sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!

A poesia acima foi extraída do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág.73
 
publicado por julmar às 15:03
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 4 de Março de 2013

As grandes obras do século XX - A água IV

 

( D. Olívia, Sr. Tenente e filha)

A trindade humana - O Povo, o Tenente Palos e o Padre José Baptista

As maiores nascentes de água são nas altitudes de serras ou montes. A parte mais alta do termo de Vilar Maior encontra-se no planalto das Moitas onde, no sítio do Seixal, os antigos construíram uma atalaia (altitude 854m), cujos restos são um enorme montão de pedras. Duzentos metros a poente, pastores e lavradores sabiam da existência de uma nascente de água com caudal que se aguentava pelo Verão adentro. Quando, com frequência,  se discutia em privado ou em público a penúria de água com que se debatiam, vinha sempre ao caso a fartura da nascente do Seixal ( altitude 834m) não fosse a longa distância, a interposição de barroqueiras que só a ferro e fogo cederiam  caminho, a travessia da ribeira, o custo de tanto metro de cano e haver quem se meta à frente de uma obra tão gigantesca. Para tão ingente obra era preciso um chefe, uma cabeça ou capitão. Os lavradores mais abastados andavam demasiado ocupados com as suas vidas e, se bem que o problema lhes não passasse ao lado, tinham poços seus e tinham criados e criadas que lhes serviam de almofadas nas esquinas da vida.

E, ainda que não se tratasse de obra tão complexa como a do Aqueduto de Águas Livres de Lisboa, algum rascunho era necessário desde a forma de captação, ao estudo das alternativas do percurso  das canalizações, até à distribuição que, não sendo ao domicílio, havia de contentar as várias partes do povo, não contando com problemas que requeriam rudimentos de conhecimento científico e cálculo matemático. Ora, para esta parte ninguém estava mais qualificado do que António Palos que, reformado na patente de tenente do exército, com um currículo que o tirava da mediania do posto, e que se impunha com tal autoridade no povo que, muitos ignorando o nome de baptismo, por toda a parte, respeitosamente, o tratavam por Senhor Tenente.

A obra, tão ingente e prometedora, ocupava as conversas do dia à dia dos homens, na taberna onde a inspiração crescia na razão directa da ingerência alcoólica, e das mulheres na presa de Vale de Castanheiros onde, lavando a roupa misturavam, em dose ao gosto próprio, a verdade e a mentira que havia de chegar ao povoado no disse que disse das alcoviteiras que alimentam a comunicação na escassez de novidades. Era, assim, uma espécie de Agência Noticiosa.

Das muitas coisas que se dizem, poucas são as que geram decisões que alteram o curso da realidade e como diz o povo quem muito fala pouco acerta pelo que neste seguimento as mulheres, na sua proverbial loquacidade, ficam em grande desvantagem. Porém, é de crer que no caso da obra ingente tenha sido o conselho sensato da esposa ao marido que a tornaram possível.

- Penso que deves falar com o senhor Reitor, disse D. Olívia ao sr. Tenente.

Na sua longa carreira no exército aprendera como motivar e liderar homens para a guerra mas esta era uma guerra diferente e esta gente não eram soldados. A sua mulher tinha razão, só o padre José Baptista, assim se chamava o lovem Reitor, os conseguia reunir a todos, quase todos. O tenente foi batizado, aprendeu a catequese, casou pela Igreja e cumpria todos os rituais de um cristão, ainda que os ideais republicanos, a insurgência contra a ditadura do 28 de Maio que lhe valeu a  deportação para África, o positivismo da ciência e outras leituras lhe tenham dado uma compreensão da vida e do mundo que só um grau de sabedoria elevado o levava à cooperação com o Reitor. A questão era prática e qualquer homem, mesmo não cristão, tem humanidade suficiente para colaborar na obra de misericórdia que ordena dar de beber a quem tem sede. E esse havia de ser também o argumento decisivo que demoveu o padre José Batista que achava que a sua incumbência era tratar das almas, deixando para outros o tratar do corpo. Aliás, tratava-se de dois homens de grande coragem, que o tenente já provara e que o Reitor viria a demonstrar mais tarde, já reitor da freguesia de Aldeia Velha.

Fosse como fosse, o povo sonhava e, se tivesse um líder credível que lhes dissesse que o sonho era realizável e que eles podiam ser os seus obreiros, faria o que fosse preciso.

Estava tudo pronto para dar corpo à ideia, no dealbar da década de quarenta.

publicado por julmar às 12:30
link | comentar | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Abril 2025

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30


.posts recentes

. Tratado da cegueira

. Requiescat in pace, Beatr...

. 2000 Postagens de Histór...

. Às Mulheres da minha alde...

. Requiescat in pace, Lurde...

. HOJE NÃO HÁ MÉDICO.

. Viagens para a Vila

. Porque é que as burras nã...

. Gente da minha terra

. Quando eu nasci

.arquivos

. Abril 2025

. Março 2025

. Fevereiro 2025

. Janeiro 2025

. Dezembro 2024

. Novembro 2024

. Outubro 2024

. Setembro 2024

. Agosto 2024

. Julho 2024

. Junho 2024

. Abril 2024

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.O encanto da filosofia, o badameco

. 2000 Postagens de Histór...

. Que falta faz a filosofi...

. Liber mortuorum

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds