O arco da Igreja da Senhora do Castelo (provavelmente o monumento mais antigo) está em eminente estado de queda. Poderá tomar alguma medida para a evitar?
Nunca me colocaram essa questão, neste momento não tenho opinião!
Ficam os responsáveis, sem razão, para deixarem de atuar.
E, claro, que nem é sequer uma questão de dinheiro mas uma questão de estabelecimento de prioridades. E a prioridade tem de ir para o que está em risco eminente de poder desaparecer.
Não vá ao dicionário que não encontrará a palavra milagrada, como não encontrará outros termos que na vila soía usarem-se. Faz parte das memórias da minha infância este belo e enigmático fruto (dizem os entendidos que não se trata de um fruto mas de uma inflorescência da romanzeira), do tempo em que a senhora Clemência trocava romãs por batatas que nós, garotos, às escondidas, retirávamos da tulha de nossos pais. Ainda existem algumas romanzeiras, na vila, mas cada vez menos. Voltando à milagrada, que melhor termo para designar tão bela coisa? Quer seja por ter mil grãos, quer seja pelo agrado que em mim desperta - me agrada, quer seja por ser um milagre ... quer seja por tudo isso, milagrada é um belo nome.
A importância da romã é milenar, aparece nos escritos bíblicos, e, na cultura grega, anda às paixões e à fecundidade . A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite (a deusa do amor), pois se acreditava em seus poderes afrodisíacos. Para os judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo por acreditarem que o ano que chega sempre será melhor do que aquele que termina. Tinha lugar no jardim de Salomão com também já teve no meu. Eram duas e cortei-as por serem forras. Para a primavera, nova tentativa num outro clima.
O dicionário “Expressões Populares Portuguesas” de Guilherme Augusto Simões contém 376 expressões a começar por andar e a terminar em andar um a mais( quando há mau cheiro causado por ventosidade anal sem ruído), estando longe de esgotar todas as formas. A expressão referida só é quantitativamente ultrapassada pelas expressões começada por estar que conta 404 formas.
A expressão andar é conforme a forma de ser do povo português que sendo um país de tão poucas gentes e de tão escasso espaço se disseminou ao longo dos séculos pelos cinco continentes de onde lhe adveio uma experiência inigualável na dimensão viandante. É um povo de andanças: nunca se sente bem onde está e daí andar de aqui para ali e de além para acolá. Está mal muda-se e depois lastima-se por ter mudado. Este o seu fado que se traduz no indefinível sentimento que dá pelo nome de saudade.
O povo português anda, desigualmente, de todas as maneiras: de cavalo para burro, de cu tremido, com o cu às fugas, às sopas, às cegas, às escuras, às aranhas, a reboque, ao sabor do vento, ao deus dará, à nora, à mama, a dormir na forma, à vela, de burros, de mal a pior, de orelha murcha, de peito feito, de proa levantada, de queixo caído, de cabeça no ar, de rastos, de tanga, em dia, em maré alta, na berra, nas nuvens, no mundo por ver andar os outros, pelas ruas da amargura.
Desde o andar tradutor das leis gerais de toda a humana natura ao andar que reflecte o caldeamento de povos e culturas que por aqui deixaram rasto: gregos, romanos, bárbaros diversos, judeus, moiros, galegos, franceses, ingleses, castelhanos muitas variações destes todos e de muita outra inominada gente. Algumas dessas expressões dão conta de acontecimentos históricos. Tal é o caso da expressão “andar com o credo na boca”. Corriam difíceis os tempos para os judeus na Península Ibérica. Era um povo culto e instruído dado mais ao comércio do que a actividades extractivas ou transformadoras. Nunca os cristãos lhe perdoaram o terem matado Cristo nem, sobretudo, verem-nos prosperar de forma rápida e fácil. Durante muito tempo não entendia porque quando se queria insultar alguém nesta terra se lhe chamava judeu, e marrano (= judeu). Muitas vezes, da situação que deu origem a uma forma de dizer só esta fica. Aqui, onde pelo século XVI terá havido uma forte comunidade judaica, permaneceram modos de dizer que passaram a ser extensivos a outras etnias e outras situações. São infinitas as formas de andar e inúmeros os sítios por onde ele se faz: carreiro, carreira , carril, veredas e caminhos (os do senhor, os da perdição, os de cabras ...) as varedas, os atalhos, as calçadas, os becos, as rodeiras.
O andar se faz por vias (viagem, viajante, viandante, via sacra, viático. Muitas vezes sai dos eixos e desvia-se, transvia-se, avia-se, envia-se).
O leitor entenda tudo isto de modo sério ou trivial, como lhe aprouver que uma e outra fazem parte do viver. Com efeito, eram três as ruas ou vias (tri-via) que ao foro romano iam dar e nas quais os senadores enquanto não entravam para tratar dos assuntos do império iam falando de questões de lana caprina. Das múltiplas maneiras que há de andar em Portugal, aqui, neste lugar de Vilar Maior, se pode: (a continuar)
In, Memórias de Vilar Maior, minha Terra, minha gente - Júlio Marques
De impostos, livre-nos Deus, Nosso Senhor - é frase permanentemente na boca do povo.
E não basta virem-nos pregar que todos nós temos obrigação de contribuir para as despesas do Estado ou que as taxas são tão necessárias para a vida dos cidadãos como a água para os batatais nas calmarias do verão.
Pagar a décima pelos prédios rústicos e urbanos, as sisas e os relaxes, para além dum sem número de impostos indirectos - isqueiros, cigarros, petróleo e não sei que mais - já era muito.
A Senhora Camara, pelas suas posturas - as gentes chamavam-lhes imposturas - lembrou-se de criar duas novas derramas - uma sobre os cães, outra sobre os carros de bois, sujeitando-os a uma espécie de imposto de circulação.
E para além desta sobrecarga para os bolsos rotos ou em rotura dos moradores, lembrou-se ainda, sob argumento de piedade para com os animais, de proibir o uso das aguilhadas.
O concelho levantou-se quase em pé de guerra.
Ao Sabugal acorreram magotes de populares insurrecionados.
Alguns foram judicialmente incriminados.
Para os defender e ajudar no pagamento de coimas, constitui-se uma comissão de que foi principal contribuinte a família Mendes Guerra, do Casteleiro, mas que também recebeu uma subscrição de vilarmaiorenses
Teve lugar no passado sábado a instalação da Assembleia Municipal da União de Freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior e Badamalos. Proximamente daremos os nomes dos ellementos da Assembleia e da Junta de Freguesia.
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