Não deixarei sossegados os poderes responsáveis enquanto o imóvel e o Arco da Igreja de Nossa Senhora do Castelo estiver em perigo. Espero contar com apoio de todos os que gostam de Vilar Maior e com o empenho de todos os que acham que a Vila vale a pena. Estou certo que o Presidente da Junta e o Presidente da Assembleia de Freguesia estarão na primeira linha na defesa do nosso património e estou certo que darão conta das iniciativas que irão tomar neste sentido. Tomei a iniciativa de pedir esclarecimento à Direção Regional Cultural do Centro (DRCC) que me informou: 1) "A Igreja Românica de Santa Maria do Castelo de Vilar Maior se encontra classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 2/96, DR, I Série-B, n.º 56, de 6-03-1996." 2) "As entidades responsáveis pela conservação do imóvel são em primeiro lugar o proprietário, de seguida este organismo (DRCC) e por fim a autarquia." 3) "não temos sinalizada essa ocorrência" 4) "em breve se deslocará uma equipa a este imóvel/local para verificação" Solicitou-me a mesma Direção o envio de fotos do imóvel e do arco que já enviei.
A casa que meu pai mandou alindar e se situa na freguesia da Bismula, junto ao largo do mercado das gentes, ostenta na fachada um belo reboco, que, mau grado os seus setenta e cinco anos, ainda hoje impressiona, quer pela forma, quer pelo colorido. Trata-se de uma sucessão de pequeníssimos cones que preenchem todo o espaço.
Suponho eu, alheio às técnicas e materiais da construção civil, que terá sido utilizada argamassa embebida em qualquer tinta ou verniz cor de rosa palodo.
O efeito agradabilíssimo para os olhos teve ainda a virtude de resistir ao tempo - os já invocados três séculos de duração - e às asperezas e oscilações climáticas que vão dos quarenta graus de Agosto aos dez negativos das noites do advento ou dos reis.
Pois foi tudo obra de Mestre SEIXAS que eu conheci nos meus verdes anos e deixou, pelo menos, dois filhos.
António que lhe seguiu a arte e graças a Deus nela prosperou e vive ainda e César, infelizmente já no Além, que seguiu outro caminho profissional, pois tendo sido marçano até à incorporação militar, se alistou na guarda fiscal onde fez carreira e era muito querido e respeitado.
Com ambos fiz laços de perene amizade e com o César privei longos anos pandegando juntos no grande Porto, nomeadamente na Casa da Beira Alta e em riquíssimos banquetes com quadros superiores da Guarda Fiscal e Delegações Aduaneiras, despachantes e grandes importadores.
Devotados amadores da Santa Terrinha, Vilar Maior, Bismula, Todo o Carril dos dois lados da Fronteira, centenas de vezes viemos juntos do Porto para a Raia, trazendo connosco companheiros de farra para matanças, jantares de bucho, cabritadas e arrozadas de lebre...Mas voltando ao talento do MESTRE SEIXAS PAI, recordo-me de o ver em obras de Aldeia da Ponte - restauro do Posto Fiscal, de parte do velho convento, Claretianos, das residências de quatro grandes lavradores locais, Doutor Camejo, Professor Arnaldo Manso, Francisco Chorão e António Barreto.
Trabalhou igualmente nas Termas do Cró - balneários e casas de hóspedes.
E na estação da Cerdeira, ao tempo de reconhecida importância como porta e pulmão de uma vasta zona que ia da Raia Sabugalense às Abas do Jarmelo.
Como na Ruvina, em instituições de benemerência e casas de recepção a altos dignitários da Igreja
A fama dos Seixas, os filhos de muito novos coadjuvavam o pai e com ele aprendiam os segredos e as técnicas do ofício, chegou ao limite sul do concelho.
Levando-os trabalhar na freguesia do Casteleiro, nomeadamente na Quinta de Santo Amaro, na Vila Mimosa e no solar dos Rosas
Aliás transcendeu-o mesmo, pois andaram por Pega, já do município da Guarda, sendo numa povoação das cercanias desta terra de sapateiros, padeiros, laneiros e manteiros, se me não engano em Monte Brás que o CESAR trocou a espátula e o pincel pelo metro do chitolenço
Enfim, o talento dos SEIXAS DA VILA está bem documentado algures e nenhures, ou seja na Raia e para além dela
As nossas homenagens, pois...
Quando não sei bem o que fazer vou dar uma volta pelo Castelo. É um lugar inspirador. Neste Sábado, com a máquina fotográfica que, nestas andanças é um acessório essencial, passe o paradoxo, vadiei até lá. Com espanto com a quantidade de trabalhadores e surpreendido por um senhor que pediu para me identificar e que eu não podia tirar fotografias. Pedi ao senhor que se identificasse para poder saber porque tinha assim autoridade sobre mim. Que era o engenheiro encarregado de fiscalizar a obra. Acabámos por conversar um pouco sobre as obras do castelo. Pouco porque, como me disse, apenas cumpria a sua parte e que embora tendo opinião a não podia expender assim sem mais. Amável, prestou-me vários esclarecimentos sobre as obras realizadas e sobre o que faltava. Está na parte final, devendo estar concluídas para a semana.
Ontem fui visitar o Castelo. Trabalhos (e trabalhadores) dentro e fora de murallhas. Por fora, fica concluído o passeio em cimento. Por dentro está limpa a cisterna, vedada com madeira e corda, uma escada em cimento partindo da porta norte, com porta em ferro.
Independentemente do bom ou mau gosto das obras e do seu acerto é a falta de informação, é o entrarem por ali dentro com se a gente da vila não contasse; é o decidirem o que importa para nós.
E, volto a dizê-lo: importante é olhar pelo arco da Igreja de Nossa Senhora do Castelo que se encontra em eminente perigo de derrocada. Já alertei o sr. Presdente da Junta e o sr Presidente da Câmara. O que urge não pode esperar.
Nota: Este post é uma reedicão dum post de Novembro de 2013. Hoje dei com esta fotografia que será da década de 40 do século passado. Com certeza, apenas reconheço Raul Araujo mas hão-de por ali estar o Alberto (filho de João Seixas), o Amadeu ... e quem souber mais, que diga. Aqui está a equipa que, segundo as contas do Dr Leal Freire, se superiorizou ao Real Madrid.
Por esse tempo, à falta de outras diversões, todas as aldeias engendravam equipas de futebol. Na própria terra, jogavam ou casados contra solteiros ou os moradores de cima contra os moradores de baixo.
Mais excitantes eram os desafios de povoado contra povoado. Recordo-me de um derbi BISMULA-VILAR MAIOR, em que apesar do caseirismo proteccionista do árbitro a Vila triunfou. Ora, a Bismula havia poucos dias antes vencido, aliás copiosamente, Aldeia da Ponte, que, por seu turno havia derrotado pela mesma margem os de Fuenteginaldo. E este não tinha um conjunto de desprezar já que em torneio adrede disputado se sobrepusera ao MIROBRIGENSE, de Cidade Rodrigo. Proeza tanto mais de realçar, quanto é certo haverem os de CID, pela mesma época humilhado o SALAMANCA, então no escalão principal do futebol espanhol, ombreando com os grandes - REAL SOCIEDADE, BETIS, VALENCIA, SEVILHA, ATLETICO DE BILBAU, ATLETICO DE MADRID, BARCELONA e vencendo mesmo o REAL MADRID, campeão de Espanha, da Europa e do Mundo.
Como se acaba de demonstrar isto de campeões e campeonatos é muito relativo e por gradações sucessivas todos lá podem chegar.
O limite de Vilar Maior beneficia de dois cursos de água, ambos feudatários ou, mais propriamente subfeudatários do Coa, ou da Coa, como alguns lhe chamam, menorizando-o, isto é, baixando-o à classe de simples ribeira. Mas ribeiras são, isso sim, o Cesarão, que, depois de bordejar Aldeia da Ponte e Aldeia da Ribeira, passa também por Vilar Maior, e o Pereiro, vindo da segunda linha de fronteira.
O nome do primeiro evoca um romano, provavelmente um centurião e ao substantivo principal adita um qualificativo de diminuição—CESAREU.
O do segundo radica, ao que se supõe, em qualquer tufo de pomíferas selvagens. Um e outro são ricos em peixes. Alias o Cesarão é conhecido pelos populares por Cesarão Peixeiro. O poeta reconhece-lhe o sestro:
Robalo, enguias, trutas,
Peixes que a barbas enxutas
Não pesca o próprio Nereu
Fizeram ninho nas grutas
Tersas de rochas hirsutas
Di Cesarão Cesareu
E também :
Ao Pereiro
Rio pesqueiro
Nos açudes
Aos almudes...
Os pescadores civilizados e conscientes pescam ao anzol, ao tosão e às redes. Aproveitam também a abertura dos saudes e o empoçamento das águas para as grandes apanhas. Os que não têm espírito desportivo usam uma substância que adormece os peixes - o bude ou embude, planta opiácea que cresce nas margens de algumas correntes de água.
Havia ainda a pesca criminosa, feita com explosivas, que dilacera as espécies ou com recurso a envenenamento das águas. Felizmente, essas duas formas de pescar, só usadas por marginais, foram eliminadas com a consciençalização das populações. Agora, a pesca é limpa. O peixe é consumido essencialmente de três formas - simplesmente frito, frito e escabechado, ou, quando é maior em caldo ou migas.
E que saborosos pitéus assim se conseguem!
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