A natureza é de uma generosidade sem limites. Esta é uma amostra, porque a produção total foi de 44 unidades a partir de, apenas, duas sementes.
Muita da História de Vilar Maior durante a primeira metade do século XX passa por António Gatta, pai de Aníbal , de Joaquim António e dos padres Abel, Alberto e Júlio. Foi durante muito tempo Presidente da Junta e para além de lavrador tinha o Comércio, estabelecimento que há época era um dos maiores da região. Homem empreendedor, interessado pela causa pública, pela cultura e pela educação. Pelo seu comércio passavam a vida de todos os vilarmaiorenses, pois aí, com dinheiro, ou mamdando apontar, se abasteciam da mercearia, do tabaco, do vinho, do petróleo, dos selos, do papel selado, das protetores para os sapatos e respetiva graxa, das fazendas, do enxofre para as videiras, dos fósoforos, das matérias necessárias aos diferentes ofícios - da folha de flandres para o latoeiro, da retrosaria para alfaiates e costureiras, de artigos para ferreiros, caiadores, carpinteiros ... tudo ali podia ser encontrado ou encomendado. Só ele como contabilista - admirem a magnífica caligrafia- gestor, administrador, empregado. Em 1924 era presidente da Junta. Tinha acabado de mandar contruir o cemitério. Tinha acabado de se construir a capela do sr dos Aflitos no que vaia para la do arco da capela e aqui está ele a pagar a assinatura do jornal A Guarda no valor de 50,60 escudos (caríssima) e a tratar da publicitação da Festa do Senhor dos Aflitos: «Rogo a V. Exª faça imprimir com a possível brevidade 1 cento de prospectos referentes à festa do S. dos Aflitos, norma segue junto.Desejo também dever-lhe o favor de fazer publicar no jornal umas referências à aludida festa...»
Uma das questões que mais mexeu com os povos do século XIX em Portugal teve a ver com a proibição dos enterramentos nas Igrejas e adros e a necessidade de aquisição de terrenos e a construção de cemitérios. Aqui na vila essas instruções chegaram em 1836 através do Bispo de Pinhel, dando cumprimento às instruções do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino que detalhavam todo o processo desde indicar que os cemitérios deveriam ficar fora da povoação, que deviam ser resguardados por um muro cuja altura não devia ser inferior a dez palmos de altura até à profundidade a que os corpos deviam ser sepultados. Tudo isso mexeu com os sentimentos do povo que levou à celebre Revolta da Maria da Fonte a que se seguiria uma guerra civil - A Patuleia. Estamos a ver como aqui na Vila o processo foi demorado, entre outras razões pela falta de lugar adequado e do dinheiro necessário que tal construção exigia. Disso nos dá conta uma ata do dia 2 de Abril de 1854 em que a Junta da Paróquia discute o ofício do Administrador do Concelho e se debruça sobre os orçamentos necessários para a construção de um cemitério, tendo deliberado que dada a falta de terrenos para a construção e que a cidadela "que faz parte do antigo castelo desta vila oferece no seu interior suficiente espaço para cemitério, colocado fora da povoação, em um lugar elevado" donde não resultam danos para a saúde pública e dada a falta de meios para os habitantes acorrerem às depesas de um novo cemitério acordaram que fosse constituído no interior do dito Castelo para o que enviam cópia desta acta para solicitar a concessão. Certamente que a pretensão de fazer o cemitério dentro das muralhas foi rejeitada. O cemitério só viria a ser construído por volta de 1923 à custa da destruição do corpo da Igreja de Nossa Senhora do Castelo.
«O sítio é agradável num vale muito amplo e aprazível com uma fonte e tanque. Tem hospital capa de muita gente. Nos sábados de Quaresma concorre muita gente e em toda a pregação; concorrendo neles as villas do Sabugal, Vilar Maior e Castelo mendo, com muitos lugares dos seus termos, além de Alfaiates. Na primeira e segunda Oitava de Páscoa, tornam os mesmos povos em Romaria; e pel Espírito Santo vem todo o termo de Castel Mendo, com a mesma Vila com sina levantada, e muita gente a cavalo, luzida, que festejam ao redor da Casa. De cada Lugar do dito termo vem um homem nu da cintura para cima, com uma tocha mui formosa e o da Vila mais avantajado; ao todo são vinte, que costumam pesar cento e trinta arráteis, uns anos por outros. Esta devoção dizem ter princípio por haver naquela terra um monstro que destruia campos e gentes. Fizeram promessa a Nossa Senhora de vir nesta forma a sua Casa cada ano no sobredito dia, com o que se viam livres; e apregoam, que tendo faltado um ano, se viram outra vez perseguidos dele. cada ano se fazem três feiras, nas três festas principais da Senhora: Anunciação, Assunção e Natividade» (Frei Francisco Brandão, Monarchia Lusitana, Lisboa. 1974. Vol. V, 21-122)
Estava a escrever um texto e precisava de saber o nome de um instrumento que o ti Junça, sacristão, usava na igreja para apagar e acender as velas onde não chegava com a mão ou com o sopro da boca. Tratava-se de uma vara comprida com um cone metálico na extremidade (para apagar) e um fio (para acender). Quem ajuda? Muito obrigado
Diz-nos um princípio básico da filosofia segundo o qual tudo o que acontece tem uma razão suficiente para ser assim e não de outra forma e por isso, por vezes, damos connosco a pensar sobre coisas e sobre o nome das coisas. Porquê que as coisas são o que são e porque têm o nome que têm. Não sei se estão a topar e não sei se já alguma vez deram uma topadela. Ora, um fim de tarde fui ali para os Regatos na esperança de encontrar uns poejos, saboreando de antemão uma miguinha dos mesmos avivada por uns alhos finamente cortados e amaciada com uma boa colher de azeite e, claro, umas pedras de sal grosso. Já agora, no final da fervura, mande-lhe um ovo em cima. Ora, a questão do topar veio enrolada na conversa do Zé Jerónimo a propósito de uma história dele com o Zé Pedro, catraios, à altura, da mesma idade. E, no rodar da conversa nomeiam-se os Picotes, nomeiam-se os Regatos, nomeiam-se As Casas dos Mouros e nomeiam-se os Labaços, tudo nomes de lugares. E o Zé, diz, como que se nunca nisso pensasse: Labaços um nome esquisito! E matutei na coisa na esperança de encontrar-lhe um sentido. Ora quem conheça a orografia do lugar verá uma lógica nos nomes relacionados com os terrenos designados: Os Regatos já na aproximação da margem ribeirinha, os Labaços metidos entre as elevações dos Picotes a Sul e As Casas dos Moiros a Norte. Depois temos de atender às designações antigas e à forma de pronunciar. Baixo na vila era pronunciada pelos antigos baxo (este home é baxo). Então, quem andava pelos Picotes ou pelas Casas dos Moiros quando se referia aquele terreno fundo dizia lá baxo e com a evolução fonética se passou a Labaxos e Labaços. E por que os Labaços estavam fundos para lá escorriam as águas formando o ribeiro dos Labaços e nesse escorrimento ali veio parar em grande abundância não só as areias que o Areias havia de comprar, mas com elas o melhor volfrâmio que no termo da vila se explorou. Se toparem com palavras cujo sentido não alcancem observem, estudem, teçam relações até encontrarem. Boas topadelas!
Já sabemos que o nome de família, durante o século XX (a partir de 1910) mais frequente na Vila é FERNANDES. No total durante esse período contabilizamos 133 nomes de família. Exemplos de alguns muito raros: BEXIGA, BIZARRO, CHAMUSCA, BAILÃO, CARDADOR, PASSAREIRA, CALAMOTE, POIO. Há uma quantidade de filhos de pai incógnito. Outros não têm pai nem mãe, um deles, batizaram-no com o nome de José Pobre.
As aldeias têm muito de comum. Ler este romance é contarmos a história à nossa maneira Se, em vez de Galveias, escrevermos Vila, acho que todos nos podemos rever no romance de José Luís Peixoto. A Vila não pode morrer. «Por todas as crianças que deixaram a infância naquelas ruas, por todos os namoros que começaram em bailes no salão da sociedade, por todas as promessas feitas aos velhos que se sentavam às portas dos serões de agosto, por todas as histórias comentadas no terreiro, por todos os anos de pó naquela terra, por todas as fotografias esmaltadas nas campas do cemitério, por todas as horas anunciadas pelo sino da igreja, ccontra a morte, contra a morte, as pessoas seguiam aquele caminho». Suspenso, o universo contemplava a Vila.
Fotografia de Manuel Fonseca Quando chega sexta-feira da festa aparece. E na Vila não é preciso ser 'importante' para merecer consideração. - Então, como vais Cândida? Então, mais uma vez por cá! E acho eu que toda a gente fica contente por vê-la e vendo-a vem-nos à memória o marido dela o António que de alcunha era o Craveiro Lopes e que fazia pela vida à sua maneira desde que não exigisse pegar na enxada: vender sardinhas, improvisar jogos na festa com maços de tabaco, trabalhos em que se tocasse em dinheiro. E a mãe da Cândida - a ti Toita - sentada no degrau da rua a cortar couves galegas para fazer o caldo, corria década de 50.
Daqui a dez, vinte, cinquenta, cem anos, duzentos anos os nossos descendentes procurarão pelos seus antepassados e, muitos deles, hão-de os encontrar, não no Facebook onde tudo aparece e desaparece com igual velocidade, nas aqui no blog de Vilar Maior. Olharão para a fotografia e dirão olha a avó Amélia, o avô Joaquim ...
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