'Edifício setecentista de planta retangular simples, com dois pisos, onde antigamente funcionava a cadeia, no piso inferior, e a Câmara Municipal, no piso superior. Existiu uma cadeia anterior a esta, provavelmente datada do século XVI, que funcionou até ao século XVIII. Em 1885, o edifício passou a funcionar como escola primária, até ao século XXI, altura em que foi transformado em museu' Como consta das atas da Junta de Freguesia, construi-se na altura em que se tornou escola, a casa de habitação anexa que servia de residência ao professor. Quando deixou de ser escola, serviu de sede de Junta de freguesia e a outra sala foi anexada à residência que passou a ser residência paroquial onde viveu o Padre Francisco Vaz e, depois, o padre Luís Silveira. A professora Maria Delfina fez um extraordinário trabalho de recolha de objetos de uso doméstico e instrumentos de ofícios vários e de agricultura que constituem um valioso testemunho dos nossos antepassados. Com dinheiros europeus, por iniciativa do então presidente da Junta de Freguesia, António Gata, todo o edifício foi remodelado para se tornar um museu e nele se instalou, então, um valioso espólio. Foi das obras mais meritórias que se construíram em Vilar Maior. A pergunta que colocamos é: Porque é que, vai para dois anos talvez, o museu não funciona?
Chegado o mês de Agosto começa a Vila a encher-se de gente que vem de Lisboa, que vem da América, que vem daqui e dali e, sobretudo, de França. Alguns vêm todos os anos, outros umas vezes sim outras, outras vezes não. Ao longo do tempo já sabemos quem vem, quem não vem, quando vem, com quem vem. Este ano surpreendeu ver o Zé da Lúcia, é assim que a gente diz, sem a Lúcia. Juntos, lado a lado, um pouco à frente ou um pouco atrás foi assim que nos habituámos a vê-los. Este ano veio apenas o Zé. Esperamos as melhoras da Lúcia e vê-los, de novo, no próximo ano.
Com este post atingimos os 1400 posts publicados neste blog. Sabe o que isso significa?
Que sabemos nós dos Castelos? Que sabemos nós do Castelo de Vilar Maior? Andámos na escola a estudar a História de Portugal e nunca o professor ou professora nos levou até ao Castelo (ou ao Pelourinho, ou à Ponte, ou ao Arco). Parece incrível mas era assim o ensino e continua a ser. Pois, é. Mas a verdade é que poderíamos estudar grande parte da História de Portugal a partir da história local. E a motivação, o interesse e a aprendizagem seriam bem diferentes. Sim porque por aqui passou a constituição das fronteiras definitivas do reino; por aqui passou a defesa do reino no tempo de D. Fernando, de D. João I, da Restauração da independência, da luta contra os invasires franceses na Guerra Peninsular. Por aqui se degladiaram Liberais e Absolutistas. Isto é, por aqui passaram os momentos essenciais da nossa História. Neste castelo se refugiou o Infante D. João - filho de D. Pedro e de Dona Inês de Castro - que se deixou cair nos ardis de sua cunhada Dona Leonor Teles.
Uma vez por mês chegavam estes três hóspedes a nossa casa, quase sempre ao lusco-fusco. Depois do jantar, subia a família à sala e rezava-se o Pai Nosso, não sei quantas Avé- Marias e jaculatórias várias. Depois no fim, também isso me encantava, davam-me uma moeda (20 ou cinquenta centavos) que metia numa ranhura que a casinha da Sagrada Família tinha à frente. E lá ficava o candeeiro de petróleo de luz mortiça a alumiá-los durante a noite. No dia seguinte, lá ia eu entregar a casinha ao vizinho.
Penso que ainda continua a circular.
(Todos os objectos são achados e pertetença do Didier)
São muitos os vestígios da presença do homem desde a pré-história por terras de Vilar Maior. Na ausência de escrita é, sobretudo através de instrumentos usados que fica assinalada a sua presença, o tipo de vida e o grau de desenvolvimento tecnológico. Os objetos em questão, todos de pedra (exceptuando um em cerêmica de uma época mais tardia) com diferentes formas tinham diferentes funções(moer, partir, cortar)
Obrigado Didier. São peças dignas de estar num museu. Por falar nisso, parece que há um na Vila. Haverá mesmo? Haveremos de saber o que se passa.
(Fotografia de José Valente - O Buraco em1964)
(Enquanto não chega O Buraco - parte 3)
Frente à casa da ti Pureza Lavajo, vivia o irmão Joaquim Lavajo ( falecido em 1947 com 56 anos) casado com Isabel, a casa de quem em menino fui muitas vezes, a mando de minha mãe, buscar a tigela do fermento para fintar o pão. Daquela casa saíram criados a Amélia,a Maria, a Isabel, o António, o Zé e o Chico , todos adriões, gente de trabalho que haveriam de procurar a França quando se deu a debandada geral. Foram e voltaram. Morreram os pais, os filhos saíram e a casa abandonada ano após ano foi cedendo à erosão do tempo e à incúria dos herdeiros: primeiro foi uma telha que se levantou, depois um caibro que apodreceu e levou a um rombo no telhado, depois mais um caibro e outro até caírem todos. Resta a cumieira assente nas paredes desprotegidas e as filas de telhas assentes nas paredes de frente e detrás que o peso das pedras as não deixou ir - processo simples e eficiente de segurar as telhas. A porta e o postigo de carvalho rijo não resistiram à inclemência dos gelos e chuvas de inverno e à exposição ao tórrido calor de verão do meio dia ao sol pôr. Sem porta, sem telhado, lá está o escarção e a toça da porta, indiferente à indiferença dos homens, das mulheres, das crianças que passaram debaixo de si, durante séculos, gerações e gerações. Não sei se alguém reparou na data que ostenta na sua fronte: 1283. Já o dissemos: nesta colina em volta da designada Casa da Torre surgiu o domínio do poder civil municipal, simbolizado no Pelourinho que, posterior, o confirma e que há-de ganhar primado ao poder castrense do Castelo, no Cimo da Vila. Esta é uma inscrição importante e deve ser preservada. Aqui fica o seu registo. A partir desta casa e da do ti Joaquim André, ( nascido em 1912), casado com Maria Lavajo, começavam os campos agricoláveis: a vinha do Cerrado que noutro lado desenvolveremos. Uma casa apenas depois destas , do lado direito, uma casa térrea, a casa do ti Jerónimo ( ou Jerómino, na voz do povo) Fonseca, pedreiro de profissão que aplicava, mesmo às pedras mais pesadas, o princípio de que "contra a força não há resistência", desde que o vinho não faltasse e os ajudantes se movessem "todos há uma", no cântico, em coro, "pedra vai". E a pedra ia mesmo. Crente em Deus mas desconfiado dos seus mandatários, assistia aos actos litúrgicos importantes com espírito crítico que, bem sabemos, causa a maior das ruínas aos dogmas. Ruína maior, ainda, se lhe for acrescentado, o humor, como era o caso. De modo, que um dia assistia, ao grandioso sermão como era o do chamado "Aniversário" durante o período da Quaresma na Igreja da Misericórdia - misere mei, Domine. Estamos de novo na Misericórdia. Juntavam-se os padres das terras vizinhas, os oficiantes que eram em número de 11, e , em latim, salmodiavam, tempo sem fim, as lamentações dos profetas, as longas lamentações do profeta Jeremias, em língua latina, em canto gregoriano que esbarrava logo num "aléeeeee" que nunca mais acabava. "como está sentada solitária aquela cidade, antes tão populosa! Tornou-se como viúva, a que era grande entre as nações! A que era princesa entre as províncias, tornou-se tributária!" Como quem não sabe latim fica-se assim e da destruição da cidade por causa dos pecados dos homens e da ira de Deus, apenas se apercebiam pelo canto lamurioso. O pregador subido ao púlpito, teria de encontrar o conteúdo e a forma de chamar as almas ao arrependimento e o choro das mulheres era o sinal manifesto de que o conseguira. Claro que a forma clássica de o conseguir era a dramatização com as chamas do Inferno. Daquela vez, o pregador que já tentara, por modos vários, alcançar a comoção sem resultado, começou a ameaçar: - Arrependei-vos dos vossos pecados, ó pecadores! Olhai que a lenha de todo o vosso limite, do vosso concelho do Sabugal, do vosso distrito da Guarda, do nosso Portugal, toda a lenha do mundo não chega para fazer a fornalha que é o Inferno, onde ardem as almas daqueles que não se arrependeram dos seus pecados! Esse é o lugar que vos espera!" As mulheres comovidas choravam e, num ou noutro homem soltava- se uma lágrima. Porém, o pedreiro Jerónimo, ao fundo da igreja, na soleira da porta, talvez por causa de trabalhar com pedras, de alma empedernida, comentava: " Anda lá que a mim não me enganas tu", sendo que o enganas é nosso, por não ficar bem escrever aqui a palavra por ele usada. Era assim, o ti Jerómino, forte no corpo, rijo na alma, um verdadeiro maçon. Maçónicos, judeus - os marranos - e comunistas eis a trindade em que se encarnava Belzebu e com que se excluíam os inimigos da fé. O ti Jerómino ouvira contar ao avô histórias de clérigos pouco abonatórias da congruência entre o que se prega e o que se pratica, dando força ao dito: " Bem prega frei Tomás, fazei o que ele diz não façais o que ele faz". Como, regularmente comentava - o padre diz que somos todos irmãos, mas cada um come em sua casa. Ora coisa que ele não digeria bem, era, no dia do aniversário, em quaresma de jejum e abstinência, os oficiantes num total de 11 mais o pregador e o reitor, mais os mesários comerem que nem ....uns abades! E, claro, eu sei o que ele não sabia. Por exemplo, as contas do aniversário do ano de 1861: Jantar aos clérigos e mesários- 13.860; Músicos - 4.320; Clérigo Presidente - 1200; Clérigos oficiantes( 240 cada) - 2.640; Pregador - 2400; Mesa - 480 (os valores são em reis). Um jantar de quase mil reis por pessoa em tempo de jejum e abstinência ... Na casa do ti Jerómino, terminava a vila, no tempo em que havia grandes sermões, se cantava a ira de Deus, os lavradores semeavam o pão, os pedreiros levantavam paredes e os ferreiros aguçavam os picos dos pedreiros e as relhas dos lavradores.
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