Devido a deficentes condições técnicas, o post com o título 'Contas em ordem' apareceu com algumas parcelas que não correspondem ao documento original e que agora reproduzimos. O meu agradecimento ao sr Presidente da Junta por me ter chamado à atenção. Aos leitores, as minhas desculpas.
Tudo no seu lugar (até os carros estão alinhados). O azul tão azul que nem o rasto dos aviões se atreveu a sujar (parece que deveria ter dito estreveu ...); um silêncio que só o canto insistente de uma carriça quebrou; nem os cães ousaram enfrentar o vento frio que, ligeiro, soprava de Espanha.
Nunca é tarde para corrigir o que não está bem. Boas contas, contas em ordem, prestação de contas é uma obrigação e, certamente, assim passará a ser.
E, publicadas que foram, no escaparate próprio, tomei a iniciativa de aqui as publicitar para que os ausentes – também contribuintes – as possam conhecer.
SALDO EM SETEMBRO DE 2014 (Transporte do saldo anterior)
Receitas
Saldos das Comissões de Festa da Paróquia
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2007) 4 721,25
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2008) 5 010,41
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2009) 2 576,41
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2010) 5 736,00
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2011) 3 736,00
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2013) 5 277,54
Mordomos do Sr dos Aflitos (Ano 2014) 6 856,00
Donativos 100,00
Estipêndio de missas Pluri-intencionais 830,00
Peditórios 564,36
Caixa de Esmolas (SS mo Sacramento) 27,35
Fundo Económico Paroquial 130,00
Total de Receitas 48 243,65
Despesas
Estipêndio de missas (pároco) 220,00
Estipêndio de missas (Pre Agostinho) 20,00
Provisão e Credencial na Cúria Diocesana 40,00
Despesa com a Festa das Comunidades
(Magusto Interparoquial) 194,28
Despesa com o Concerto de Natal 120,00
Alva 106,00
Flores 146,00
Eletricidade 71,24
Diversos 123,26
Contributo pelo toque do sino 50,00
Festa de despedida do Padre Hélder 250,00
Total das Despesas 1 361,37
Saldo Positivo 46 882, 37
Vilar Maior, 31 de Janeiro de 2015
P’lo Conselho Económico
(assina)
Padre Daniel José Tomé da Silva Cordeiro
Um bando de garotos pelas ruas da vila, agitando o chocalho na mão, grita a plenos pulmões: -Viva o entrudo! Viva o entrudo!
http://www.youtube.com/watch?v=N1N2fqmnWiQ
Ó entrudo, ó entrudo
Ó entrudo chocalheiro
Que não deixas assentar
As mocinhas ao soalheiro
Eu quero ir para o monte
Eu quero ir para o monte
Que no monte é que eu estou bem
Que no monte é que eu estou bem
Eu quero ir para o monte
Eu quero ir para o monte
Onde não veja ninguém,
Que no monte é que eu estou bem
Estas casas são caiadas
Estas casas são caiadas
Quem seria a caiadeira
Quem seria a caiadeira
Foi o noivo mais a noiva
Foi o noivo mais a noiva
Com o ramo de laranjeira,
Quem seria a caiadeira
(versão interpretada por José Afonso no seu álbum Traz outro amigo também, de 1970)
É verdade que a Filosofia e, sobretudo, a ciência, são ainda crianças, quando comparadas com o pensamento mágico e com as crenças religiosas. Porém, em defesa de uma ética laica e de uma humanidade mais saudável e mais feliz, urge fazer a apologia da razão e a divulgação do conhecimento científico. A evidência do que a ciência faz por si está na televisão que vê, na música que ouve, no medicamento que vai tomar a seguir ao almoço, no Skype que o liga a todo mundo, no telemóvel que não dispensa, na porta que se abre quando se aproxima ... Estamos rodeados de produtos da ciência e da tecnolgia por todo lado. Nunca religião alguma fez tantos milagres. Pena que os alunos saiam da escola, por vezes, da Universidade e não tenham tido jamais um encontro autêntico com o prazer de pensar, um encontro com o prazer de entender, por dentro, o espírito científico.
Continuamos a orelhas moucos ao apelo de Kant (1724-1804): Sapere aude - ousar saber.
(Da esquerda para a direita - Graça, Sara, Assunção e Lúcia)
Sim, é preciso ter lata! As quatro manas, filhas de latoeiros que construiram a sua vida trabalhando a folha de Flandres, foram à feira e não resistiram ao colorido do plástico.
SALVE, MARIA DA GRAÇA!
No tempo que vieste à luz
Nascia o sol de Espanha, como agora
Punha-se no ocaso de sempre
Para os lados do Carvalhal.
A Ribeira enfiava pela ponte
E cantava aos saltos pelas penedias da Fraga.
E, ano após ano, com o sol a nascer
Com a ribeira a cantar
Crescia a mocinha com graça
Entre a serventia ao latoeiro, seu pai
A quem chegava a tesoura, o estanho e a liaça
E o cuidar da mula, animal de estimação
Que carregava toda a tralha
E por mor da guerra
Tinha livro de registo e identificação.
E ouvia o latoeiro cantar o hino guerrilheiro
Enquanto martelava no rebordo do caldeiro:
«Viva a Maria da Fonte
Com as pistolas na mão
Para matar os Cabrais
Que são falsos à nação
É avante portugueses
É avante não temer
Pela santa liberdade
Triunfar ou perecer»
De mocinha a moçoila
A dar nas vistas pela praça
Começaram os rapazes a comentar:
- Que bela que está a Graça!
E de todos o João
Foi o que teve mais sorte
Zamburreando o acordeão
Conquistou-lhe o coração
E tomou-a como consorte.
Contra a geral opinião
Dos pais de cada um
Decidiram fazer a união
Levar uma vida comum.
E no princípio era o amor
E mais uma casa, um lar
Uma lareira e uma vida para viver
E dois corpos para sustentar.
E a terra e o trabalho
Um chão, uma horta e umas leiras
E mais uma cabra e outra
E também um gato e um cão
Depois um filho, o primeiro
E mais terra, mais cabras e umas ovelhas
E multiplicam-se as cabras e as ovelhas
E mais um filho
Mais umas vacas e um marrano
E o João virava lavrador de carro, arado e charrua
De aguilhada na mão e assobio dominador
E a Graça passa a mulher de lavrador:
A Graça do ti João Marques!
E no passar dos anos, no suceder das estações
Se enchia a arca de pão e o tonel de vinho
E com igual regularidade se enchia
A casa de filhos e de filhas
A Graça, mulher de lavrador,
Cria vidas e sustenta vidas:
Peneira, amassa e finta o pão
Maça, espadela, fia e tece o linho
Lava, cora e passa a roupa
Acende o lume, enche a panela
Cobre a mesa com toalha de linho
Onde como em altar sagrado
Se come o pão e bebe o vinho
Passa o tempo e com o seu passar
Os garotos viram gente
E como pássaros saem do ninho
Um agora para ali,
Outro depois para acolá
E mais um, e mais outro, e outro, e outro
E ficam sós o João e a Graça
À espera que o tempo os vá trazendo.
Corria serena e mansa a vida
Quando a morte bateu à porta:
- João, são horas! É a tua vez!
- Impossível! disseste tu e pensámos nós.
Dor imensa, difícil aceitação
Mas … faça-se a tua vontade
E o João despediu-se
Fica a Graça mais orfã que os filhos.
Porque no tempo tudo acontece,
Nele se tece a alegria e a dor
Se gera e se perece
E voltando a passar o tempo
A Graça de nova graça se veste
Ano após ano envelhece
E se as coisas correrem bem
Celebramos hoje os noventa e cinco
E havemos de celebrar os cem!
O Plymouth de 1948 do senhor Fernando
Tudo o que se passava na Europa ia chegando a Portugal, com atraso; tudo o que acontecia em Portugal ia chegando à Vila, com atraso. Chegou a implantação da República, no princípio do século, que aqui teve os seus defensores e os seus inimigos. Com o fim da monarquia a aristocracia local, não residente, por incúria ou falta de meios, descurou os imóveis. Com o laicismo e a desconfiança do clero, por parte dos republicanos, a igreja local também sofreu as vicissitudes do resto do país, de que é exemplo elucidativo a perseguição ao, então, pároco Júlio Matias. Daqui foram soldados para a 2ª Guerra Mundial, emigrantes para a América do Sul (Argentina e Brasil); também aqui não se escapou à Pneumónica em 1918, ano em que houve para cima de sessenta mortes; veio o Estado Novo e aqui encontrou o clima propício do resto do país; por cá graçava a mortalidade infantil, a doença sem remédio que lhe valesse, o analfabetismo como coisa natural e tudo era entregue ao deus dará que era quem cuidava dos pobres e dos indigentes que eram quase todos. Finalmente, na década de 40, descobriu-se que também na Vila havia minério - volfrâmio e estanho que interessavam à indústria de guerra da Alemanha e da Inglaterra. Até que enfim que havia trabalho: de dia na exploração do minério e de noite no contrabando do mesmo. Emtão jorrou o dinheiro, jorrou a alegria e jorrou o vinho que, em muito, a sustenta.
Antes de tudo isso, chegara à Vila Fernando Boavida Castelo Branco, vindo de terras para lá da Senhora da Póvoa. As terras da família Pessanha - que possuía as maiores e melhores - estavam em venda e o sr Fernando comprou, não as mais férteis mas as que ficam na margem direita do Cesarão. Ora, foi precisamente nessas que se encontraram as maiores jazidas de minério. Foi sorte? Poderá ter sido, mas como soi dizer-se a sorte protege os audazes e o senhor Fernando era audaz, inteligente e ... tinha olho para o negócio. O senhor Fernando era diferente dos outros proprietários presos a atavismos, explorando o trabalho em relações de patrocinato e troca de favores ao jeito medieval. O senhor Fernando foi o primeiro e único capitalista que houve na Vila: tudo era transformado em dinheiro. O prazer que ele tinha de puxar, no meio da praça, por um bom maço de notas para pagar o dia a este e àquele!
Ora o automóvel era, à época, um símbolo de prestígio e de riqueza. O senhor Fernando não comprou apenas o Plymouth Special de Luxe Coupé da imagem, mas ainda uma arrastadeira (Citroen) e um outro ainda que não recordo a marca. Acontecia que dado o mau estado da estrada de terra batida, a provável imperícia do condutor e a mecânica pouco fiável, levava a que quando queria ir a Vilar Formoso chegavam a ficar pela estrada os três automóveis, antes que chegasse ao Alto de Aldeia da Ribeira. Lá tinha que ir o ti Zé Lúcio com uma junda de vacas trazê-los de regresso a casa.
Depois foi ficando mais velho. Acabou o negócio do minério. Os trabalhadores emigraram. O senhor Fernando comprou um Mini Austin. Mas é uma personagem ímpar do século XX na Vila.
Fotografia cedida por Carlos Gata
O boletim paroquial Terras de Riba-Côa, do tempo do Padre Narciso, noticia em 11-11-1959 o início do alteamento das obras da Torre. Isso nos bastará para sabermos que esta foto é anterior a essa data. Sabemos que era assim a Vila antes da emigração que com a abundância de dinheiro lhe trouxe a transformação das feições. O Cimo da Vila está de pé, com os telhados cuidados, com cotas uniformes. A torre, e a igreja, baixa ainda se vê da praça que as casas em frente ainda não tinham ganho altura; o largo das Lages agarrado ao chão; a casa do ti Manel Adrião e circundantes metidas no negro da pedra. E a calvície dos campos exauridos de recursos,
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