Segunda-feira, 30 de Março de 2015

Requiescat in Pace - Fátima Valente

Mais uma vez, o sino da torre tocou a sinal. Quem foi, quem não foi ... pelo toque foi mulher. Chegou a hora de Fátima, filha de João Valente e de Maria Alves. Casada com Manuel Simões, residia há muitos anos em França. Aos familiares apresentamos as nossas condolências.

publicado por julmar às 18:01
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Terça-feira, 24 de Março de 2015

Memórias Perfumadas

Todos nos lembramos como era no princípio das nossas vidas, na nossa infância recuada: A chegada a um mundo no qual tudo nos extasiava: um dia reparávamos numa gota de água que desliza na vidraça da janela lambendo-a com a língua a provar a lisura do vidro; noutro dia era a terra molhada que pegávamos nas mãos; o rugido do vento, o cair da chuva; o ribombar dos trovões e dos raios cortando os céus; mil e um sabores, cheiros, sons, texturas e um número infindo de formas e figuras no espaço que iam urdindo em nós imagens do céu e da terra; um mundo misterioso que cada dia se tornava familiar, repetido, banal, habitual; um mundo que deixou de ser mavioso ou para qual nos tornámos cegos. A memória começava a habituar-se às repetições no tempo em que tudo era repetição: as refeições com as comidas sempre as mesmas: água sempre, vinho às vezes e aguardente forte de fazer vir as lágrimas aos olhos dos menos acostumados, nas manhãs gélidas de Inverno para mata-bicho; o caldo de couves, intercalado, de quando em vez, com o caldo de vagens secas e, em dias de festa, o caldo de gravanço ou, quando o rei faz anos uma canja de galinha; um naco de pão com uma talhada de morcela ou farinheira, chouriça mais raramente; umas batatas cozidas (rachadas ou de novelo) num prato, com uma lágrima de azeite, pimentão e água. 

             Os estrugidos do alho, da cebola e outras ervas aromáticas na cozinha, transbordam para as ruas; o fumo das giestas verdes  escoa-se pela telha vã enrola-se no ar,  dissipa-se com o vento, penetra forte nas narinas e obriga a abrir a porta da rua  onde a cozinheira vem esfregar os olhos lacrimejantes.

            Era o tempo em que cheirava a estrume nas lojas das vacas, na cortelha do marrano, na corte das cabras e ovelhas; cheirava a merda sobretudo no tempo em que nela mais se mexia: nos inícios da Primavera em que era transportada em cangalhas nos dorsos dos burros ou com as vacas em carros de bois. Por todo o lado cheirava a merda em múltiplas nuances de acordo com a proveniência e o grau de frescura; Merda de que ninguém se desfazia ou desdenhava que ela era essencial à vida. Era guardada em moreias  que de manhã exalavam um fumo que suavemente subia e se perdia no ar. Levada para os campos e espalhada havia de alimentar plantas e ervas donde bichos e homem tiravam sustento. A riqueza de uma casa podia medir-se pela quantidade de merda produzida. A repetição: a vida a alimentar-se da morte e esta a alimentar-se da vida num ciclo eterno.

In, Memórias de Vilar Maior- minha Terra, minha Gente, Júlio Marques

publicado por julmar às 10:59
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Segunda-feira, 23 de Março de 2015

Rebolosa, Arbolosa

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 Uma boa parte da História de Portugal anda dispersa em monografias que raramente se veêm em escaparates de livrarias. Esta adquiri-a numa casa de venda de materiais de construção civil. Li-a com interesse e achei sobretudo curioso a origem do nome a qual se patenteia na imagem da capa do livro: dois reboleiros e um rebolo. O autor conta-nos ainda uma gostosa lenda donde se teria dreivado o nome - rouba la rosa. Radica a origem - ou o crescimento - das gentes da Rebolosa no Couto de Homiziados do Sabugal. Não refere o o Couto de homiziados de Vilar Maior que dada a proximidade faria mais sentido. Penso que alguma da identidade do povo da Rebolosa poderá radicar nessa gente que redimiu os crimes praticados e pel trabalho se tornou gente válida, empreendedora como não haverá no concelho do Sabugal. Devotos de Santa Catarina (ninguém podia matar marrano antes da sua festa e tinham que tirar a licença para o efeito), importaram de Vilar Maior a devoção ao Senhor dos Aflitos que erigiram como festa principal. Quando o concelho de Alfaiates foi extinto em 1836, passaram a fazer parte do concelho de Vilar Maior até à extinção deste em1855.

A alcunha dos rebolosenses, os Penuchos, por enfeitarem os seus chapéus com penas e penugens de aves, traduz a sua vaidade, peraltice, orgulho ou auto-estima em alta. Na forma antiga, e no hábito de apor um a no início de muitas palavras, dizia-se Arbolosa. 

publicado por julmar às 11:48
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Sexta-feira, 20 de Março de 2015

O regresso à pedra

DSC_0001.JPG

 

É seguramente uma das melhores construções do Cimo da Vila. Fartos da pedra que o tempo enegrece, assim que as economias o permitiram, esconderam-na debaixo do cimento pintado com cores que lhes pareciam bem. 

Como diz o Eclesiastes, há um tempo para tudo

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz
Eclesiastes 3:1-8

Volta assim a mostrar a face que tinha quando era seu proprietário o senhor Bernardo Simões (1880-1959).

Parabéns ao atual proprietário. 

publicado por julmar às 11:06
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Quinta-feira, 19 de Março de 2015

Porque hoje é dia do pai - A mão direita do meu pai

mão direita do meu pai.jpeg

Muitas são as coisas maravilhosas,

Mas nada é mais maravilhoso do que a mão direita do meu pai.

 

Embaínha a espada por amor à paz

Poda a árvore para que cresça e frutifique

Desembaraça as plantas boas das daninhas

Dá uma mão de ensino para indicar o recto caminho

Pega na rabiça do arado e revolve a terra

Onde, mão cheia, lança, em gesto largo, a semente

Que seara loira o tempo fará

Mão que guia a vaca, o burro e afaga o cão

Dura, calejada, segura e forte,

Poisa-me na cabeça e é uma benção

 Tão forte que pegavas no braço

Dos meus poucos quilos de gente

 P'ra cima do dócil jumento

Mão que à mesa, com toalha de linho posta,

Fazia chegar o vinho e o pão

Alimentos do corpo, força da tua mão

 Só da agressão da morte te não pôde defender

Mas, nas linhas da tua mão direita, pai,

Ficou escrita a civilização.

publicado por julmar às 19:03
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Terça-feira, 17 de Março de 2015

Requiescat in pace - Maria Proença

Maria de Lurdes Santos Proença faleceu hoje no Hospital da Guarda. Teimava em ser útil, em continuar a tratar a horta mesmo quando o esforço era demasiado. Esforço para subir as escadas de casa, esforço para tratar de si para continuar a viver, sem queixas excessivas. Sempre amável, sempre simpática. Mais uma casa que se fecha, menos uma voz para nos dizer bom dia. A todos os familiares, sentidas condolências.
publicado por julmar às 21:57
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Segunda-feira, 9 de Março de 2015

Porque hoje é dia da mulher

IMG_0151.JPG

                                                                   Isabel Maria da Silva (1887-1982)

De entre as mulheres da minha vida, lembro hoje a minha avó materna. Estatisticamente, devo-lhe 25% do meu património hereditário. Dela, mais do que génio, herdei genica. Mas devo-lhe, sobretudo, as histórias que me contava, o encorajamento e a atitude certa para enfrentar a vida.

publicado por julmar às 23:02
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Cantos Quaresmais

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A tradição popular, rica na variedade de formas musicais para este tempo da Quaresma, elaborou no decorrer dos tempos, uma série de actos rituais de carácter eminentemente penitencial, como o Canto dos Martírios e a Encomendação das Almas.

No intuito de dar continuidade a esta tradição, as paróquias que integram a Unidade Pastoral do Planalto do Côa, promovem os «Cantos Quaresmais» no próximo sábado, dia 14 de março, pelas 21h, na paróquia de Ruivós. São bem-vindos todos os que se quiserem associar a este momento que promove a tradição e a cultura.
publicado por julmar às 13:12
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Ressurexit, aleluia!

Pensei que poderia desaparecer, assim sem mais, com uma despedida à francesa. Mas logo alguns estranharam e me perguntaram o que se passava. Disse-lhes que na Vila eu, o Vilarmaior1, tinha pouca sorte,porque a Internet ou não funcionava ou era tão lenta que o meu addministrador não tinha paciência para me alimentar. De modo que resolveu contratar os serviços de uma empresa informática, a Pixus, e, por esta amostra, podemos navegar por aí fora. Eu que temi pela vida, sinto-me como que ressuscitado. Fico feliz, por poder estar convosco!

publicado por julmar às 11:39
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