Dos Araújos que por aqui passaram, a família principal derivou do casamento de Alexandre Gonçalves Araújo ( 1861- 1944) com Mariana Fonseca Gouveia (1875.- 1954) que de uma extensa prole, referimos dois dos filhos que fizeram a sua vida na Vila. A Celeste, que casada com José Franco, dizem ter sido das moças mais bonitas da Vila. O trabalho na renda era o seu trabalho de todos os dias. O Raúl que exerceu o cargo de regedor, homem de vários ofícios, casado com Maria José Oliveira - a D. Zézinha - que pelo seu bem saber, ler, escrever e contar e deter boas informações para o efeito, exerceu o cargo de Regente Escolar. Como quase todos emigrou para França, onde vive o único filho, o Carlos Alexandre. Pela vila temos a Bé e a Lena.
Tendo em conta a base de dados sobre os registos de batismo da freguesia de Vilar Maior no período que vai de 1911 a 2000, procurámos saber qual a frequência de uso de nomes próprios para indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.
Procurámos saber como ao longo deste tempo que nomes próprios foram usados e qual a frequência do uso. De salientar o fato que após o movimento migratório iniciado no início da década de sessenta a natalidade diminui constantemente até aproximar-se de zero. Aparecem nomes estrangeiros que se referem a indivíduos cujos pais trabalhavam fora do país, em França sobretudo, e que nas férias os batizavam na aldeia.
Seguindo a mesma metodologia quisemos saber quais os nomes próprios usados no batismo dos indivíduos do sexo masculino.
Assim, foram usados 60 nomes para batizar 560 indivíduos. No quadro seguinte constam os nomes mais usados, destacando- se o José.
CARLOS |
10 |
|
FERNANDO |
11 |
|
JÚLIO |
18 |
|
FRANCISCO |
31 |
|
JOÃO |
33 |
|
JOAQUIM |
45 |
|
MANUEL |
62 |
|
JOÃO | 108 | |
JOSÉ | 121 | |
De nomes menos comuns salientamos: Germano (5), Florêncio (5), Pascoal (1), Olivério (1), Élio(1), Diamantino (1), Hermenegildo (1). Este último de pronúncia difícil foi popularizado com Mergildo.
Os conterrâneos que contem os mesmos anos que eu, hão-de se lembrar da quinta feira da Ascenção (subida de Cristo ao Céu). Lembro, vagamente, os rapazes e raparigas que iam pelos campos e colhiam um ramo de espigas - cevada, trigo, centeio) e o caráter excepcionalmente religioso desta festa. Penso que era este o dia em que todo o leite da aldeia era entregue ao senhor reitor. Tratava-se de um dia de guarda em que era absolutamente poibido fazer qualquer trabalho que não fosse "os serviços mínimos".
«O "dia da espiga" ou "Quinta-feira da espiga" é uma celebração portuguesa que ocorre no dia da quinta-feira da ascensão com um passeio matinal, em que se colhe espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte. É considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o "dia da hora" porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam". Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da "espiga" e também se colhiam as ervas medicinais. Em dias de trovoadas queimava-se um pouco da espiga no fogo da lareira para afastar os raios16 17 .»
In Wikipédia
Tendo em conta a base de dados sobre os registos de batismo da freguesia de Vilar Maior no período que vai de 1911 a 2000, procurámos saber qual a frequência de uso de nomes próprios para indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.
Procurámos saber como ao longo deste tempo que nomes próprios foram usados e qual a frequência do uso. De salientar o fato que a após o movimento migratório iniciado no início da década de sessenta a natalidade diminui constantemente até aproximar-se de zero. Aparecem nomes estrangeiros que se referem a indivíduos cujos pais trabalhavam fora do país, em França sobretudo, e que nas férias os batizavam na aldeia.
No que se refere aos nomes dos indivíduos do sexo feminino contabilizámos 98 nomes diferentes usados para batizar 465 indivíduos. Desses nomes, 45 foram usados uma só vez e vão desde nomes hoje vulgares como Sónia, Susana, Tânia, Sandra a nomes mais invulgares como Norberta e Utelinda.
No polo oposto, temos, obviamente, MARIA. Com ele foram batizados 164 indivíduos. Seguem-se, por ordem decrescente:
ISABEL |
38 |
ANA |
29 |
FILOMENA |
28 |
HERMÍNIA |
9 |
BEATRIZ |
9 |
ELVIRA |
8 |
ALEXANDRINA |
8 |
VIRGÍNIA |
6 |
PRUDENCIA |
6 |
OLÍVIA |
6 |
(Da esquerda para a direita- A Bé, a Teresa, Artur, Raúl, João Seixas, a Lena, José Franco e professor Pinheiro)
Vilar Maior, 5 de Abril de 1955, no quintal da casa so sr Alexandre Araújo, que, dizia-se ser o homem com mais telha na vila, tal era a quantidade de área coberta. O conjunto de casas ligadas à do senhor José Franco tinham ligação interna e era propriedade sua; O lugar da Correia era todo seu. A família numerosa e de caraterísticas urbanas tinha exigências de consumo que os rendimentos não acompanhavam. Por isso foi vendendo, quase tudo. Uma das suas netas a Tininha (filha do coronel Franco), visitava a vila com alguma frequência e quebrava o silêncio das noites de verão com melodias que artisticamente arrancava do acordeão. Vivia na Figueira da Foz , essa praia dos portugueses da Beira e dos espanhóis de Castela e que serve de final de cenário a uma novela de autor anónimo - Mar Azul. O palco em que se desenrola, com personagens reais é a Vila. Além da música, a Tininha dedicava-se à pintura, alguma dela tendo como temas paisagens e monumentos da vila.
O senhor Alexandre, de nome completo Alexandre Gonçalves Araújo, filho de António Gonçalves Araújo e de Maria Gouveia, faleceu em 1944 com 83 anos.
A cabra, o marrano e o burro, cada um a seu jeito, foram a trindade que susteve as gentes da vila nos tempos mais antigos. E histórias de burros é o que não falta. A vida não era fácil nem para pessoas, nem para animais. Mas para o burro era ainda mais difícil: Carregava o dono, os filhos e a mulher; carregava para lá e para cá toda a tralha transportável; se era preciso lavrar, lavrava; chegava o tempo das regas e tapavam-lhe os olhos que serviço de tocar a roda é pior que o suplício de Sísifo. Por isso, se na vila alguém merece uma estátua é o burro. Mas inteligentes como somos, jamais seremos capazes de lhe expressar o nosso reconhecimento.
O BURRO
Quem diz que o burro é burro
É porque de burros não sabe
Pois se de burros soubesse
Via que o atributo lhe não cabe
Mais depressa que ninguém
Aprende os caminhos vários
Mas escolhe o que lhe convém
De acordo com os herbanários
Ao contrário da vaca lenta
Que desvendada à nora anda
Só de olhos tapados
O aceita fazer a jumenta
Tratar mal o jumento
Só por forte ingratidão
Sendo de pouco sustento
Pra o homem ganha o pão
E quanto ao sentimento
Devem ter muito cuidado
Se não "convidam" o jumento
Ele pode ficar o gado
Não podendo ter cavalo
Que é animal pr'a nobre
Não ter sequer um burro
É estar abaixo de pobre
Tem tão forte natureza
Quando parada anda
Que nenhuma força maior
Nem voz em ti manda
Da tua natureza resistente
Se conta a história no povo
Do "José Mama na Burra"
Como o homem mais potente
Quando ides para a feira
Vede como o albardais
Que seja à boa maneira
Com cabresto, cilha e atafais
(IN, Memórias de Vilar Maior, minha terra, minha gente - Júlio Silva Marques)
Dizia-me uma conterrânea que dá conta da frequência do meu ir e vir da vila de Gaia à nossa vila de Vilar Maior
- Ó senhor Júlio, consigo o caminho não ganha erva.
E, por esta saudação, sentimo-nos imediatamente num mundo onde o que muitas vezes resta já não é senão o mundo das palavras. Vale-me a vizinha de frente cuidadora de meia dúzia de cabras, do macho e do cão para me ligar à ruralidade perdida. Vale-me o Nuno com o burro atrelado à carroça para conservar a última inovação dos transportes na vila, extintos que estavam os carros de vacas. Vale-me o ti Zé da Cruz que, montado em noventa anos feitos, dia sim, dia sim palmilha o caminho dos Galhardos a cuidar das batatas e do feijão, se, com a seca que vai, a presa o não deixar ficar mal. Vale-me o Zé Jerónimo, octogenário de pedra e cal, para dar uso exclusivo ao açude dos Regatos onde abundância da água, do estrume do gado e o seu saber cuidar da terra produz copiosamente tudo como lhe é dado. Vale-me o ti Fernando, o mais velho de todos, que anda que se farta, indo, ágil, dos Picotes ao Areal e às Retortas e que, ouvindo cada vez menos do mundo em volta, me lembra histórias dos tempos idos. Vale-me o António Lavajo que ronda a Praça com o seu cão e que, em passeios mais longos, se aventura até à Ponte ou à Misericórdia e vai palpitando sobre o estado do tempo e sobre o drama de não chover e a ribeira secar. Vale-me o ti António que, certamente jurou à sua Sara, que Deus tenha em eterno descanso, que continuaria manhã bem cedo a correr os caminhos que os dois faziam de mão dada. O número de hortas tratadas vai encolhendo. Creio não estar enganado que em toda a margem esquerda do Cesarão, desde Aldeia da Ribeira até lá para os Pisões o único prédio tratado é uma pequena Horta da Ribeira tratada por João Marques.
Claro que não é o fim do mundo. Mas é um certo mundo que acaba.
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