Joana Nunes vai estar na IV Feira de Talentos apresentando os magníficos desenhos, nomeadamente aqueles que representam monumentos e lugares da Vila. Será uma oportunidade para todos reconhecerem o seu talento e, talvez, adquirirem um quadro único sobre a sua terra.
A Feira de Talentos é uma feira franca no sentido mais lato do termo. Há um mínimo de organização necessária e gostaríamos quem mesmo sem inscrição, formal e obrigatória nos comunicasse a sua participação. Pode não querer ou precisar de uma barraquinha, mas se quiser o melhor é pedir para reservar, dado que há um número limitado.
Na maioria, seguidores do Evangelho, os vilarmaiorenses fazem render muito os seus talentos. Gente laboriosa que, com pouco ou nada, construiu e constrói vidas melhores. A maioria dos vilarmaiorenses partiu para fazer render os seus talentos. A Feira é um tempo de regresso, de gratidão, de reconhecimento e de festa. Com a diferença de que ninguém nos pedirá contas, ninguém irá ser julgado. Porque aqui não há servos inúteis. Apenas homens livres.
«Será também como um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens. 15A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade; e depois partiu.
16Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. 17Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois. 18Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas. 20Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.' 21O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.'
22Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.' 23O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.'
24Veio, finalmente, o que tinha recebido um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.' 26O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei. 27Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.' 28'Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos. 29*Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30*A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.'»
A Feira dos Talentos é um tempo e um espaço onde cada um pode mostrar os seus talentos expondo, trocando, vendendo. Ou, simplesmente, cirandando por ali, conversando, vendo, comprando, divertindo-se.
Para além das bancas com os saberes e os sabores populares, a feira de Vilar Maior é uma animação, com um concerto musical - Rosa María Folk - que se enquadra no reviver de melodias que acompanhavam as atividades tradicionais.
Vale a pena ir a Vilar Maior no dia 8 de Agosto para participar numa feira diferente.
A Feira dos Talentos tem como objectivos:
1- Permitir conhecer os talentos dos conterrâneos;
2- Partilhar saberes, técnicas, valores;
3- Divulgar os nossos produtos;
4- Tornar esta Feira um evento anual, afirmando-se progressivamente no contexto do concelho e da região;
5- Alimentar os laços entre os vilarmaiorenses residentes e ausentes;
6- Angariar fundos para a festa;
7- Fomentar o espírito de Participação e Solidariedade;
8- Incentivar o empreendedorismo;
9- Proporcionar reconhecimento aos talentos participantes;
10- Fortalecer os laços intergeracionais;
11- Proporcionar a todos um dia de boa disposição, convívio e diversão;
12 – Criar espírito de pertença entre os povos da nova freguesia.
Precisando eu de um pouco de barro e colhidas informações junto de quem o aplicou em tempos que já lá vão, disse-me podê-lo encontrar na Carvoeira. Ora, a Carvoeira encontra-se um pouco a sul da Atalaia das Moitas (lugar onde pode ainda encontrar as ruínas de um posto de vigia). Estes dois lugares encontram-se no início do planalto das Moitas, uma das maiores florestas de carvalhos do país, onde se abasteciam os povos limítrofes da lenha que lhes servia, não apenas para a confeção de alimentos e aquecimento, mas para o fabrico de carvão que haviam de servir as fraugas dos ferreiros e as oficinas dos oleiros. Contíguo à Carvoeira havia o Poceirão e o Forno da Telha. Ora bem, pegando neste conjunto de nomes poderemos colocar uma hipótese muito plausível da existência de um forno onde se fabricava a telha, nomeadamente um telhão tosco impregnado de areão como o que cobria a torre de menagem do Castelo e outras construções antigas. Com efeito, para o fabrico cerâmico que referimos era necessária a cozedura em forno - Forno da Telha - a lenha ou carvão para o mesmo - Carvoeira - e, naturalmente, para amassar o barro era necessária a água que seria fornecida por um poço, uma poça ou um Poceirão. O saber dos homens usando a terra barrenta, a água e o fogo construíam um artefato importante para proteção da inclemência do tempo no seu excesso de ar frio e ar quente.
Mais do que deitar o barro à parede, esta parece-me uma hipótese fundamentada..
Antes do surto emigratório dos anos todos viviam o cuidar da terra e do vivo e os campos estavam cheios dos sons dos cocalhos dos gados, do murmúrio das águas das noras, das vozes de animais e pessoas, dos barulhos dos instrumentos agrícolas. Por vezes, erguia-se a voz solitária de uma rapariga ou côro de um rancho dos ceifadores.
É um pouco de tudo isso que nos traz o talento da voz de Rosa María Folk num concerto que se enquadra nos objetivos da Feira de Talentos de Vilar Maior.
Pode ver um pouco como será:
https://www.youtube.com/watch?v=5-8aIxS_GbY
Gentes das Batocas, de Aldeia da Ribeira, do Escabralhado, da Vila, do Carvalhal e de Badamalos, vamos todos ao São Tiago da Arrifana!
Agora sim, o cartaz definitivo da IV Feira de Talentos de Vilar Maior.
No mesmo dia teremos um interessantíssimo concerto de música Folk das vizinhas províncias espanholas de Leão e Castela, regiões para onde migravam muitos raianos para trabalhos sazonais como as ceifas e as tosquias.
(Fotografia retirada da página do Facebook Gentes de Loriga, publicada por Maria Dulce Pereira Pinto)
Fernando Alves Pereira, nascido em 10 de Agosto de 1937, em Loriga, faleceu no passado dia 21 de Julho. Requinta, o instrumento que tocava na banda de Loriga, acrescentou-se-lhe ao nome de batismo, de uma forma natural. De uma forma natural e espontânea brotava o jovial sorriso na cara, o toque do instrumento, a relação social com todos, como se a vida fosse uma festa contínua. Recordo-o pela casa dos meus pais no dia da festa do Senhor dos Aflitos, de quem era fervoroso devoto, para por lá pernoitar e jantar e, hesitante entre o arroz doce da minha mãe e o melão casca de carvalho de meu pai, acabava por comer um e outro. O Fernando era um homem especial, aristocrata, com um sentido estético manifestado na música e na poesia. Não era apenas o homem da requinta, mas de requinte também.
Aqui lhe faço homenagem com a republicação de um poema que me enviou em Agosto de 2010:
Carta de um emigrante ao Senhor dos Aflitos de Vilar Maior
I
Desculpa Senhor dos Aflitos
Este ano não posso ir ver-te
Mas as saudades que sinto
E sabes bem que não minto
Me levaram a escrever-te
II
Festejarei a tua festa
Em casa junto dos meus
Mas o meu sangue irá gelar
Quando o relógio marcar
A hora do teu Adeus
III
Nessa hora de saudade
Algumas lágrimas irei verter
Lembrarei os meus queridos pais
E também todos os demais
Que já estão em teu poder
IV
Para o ano não vou faltar
Se Tu assim o quiseres
O teu hino hei-de cantar
E o teu andor transportar
Se boa saúde me deres
V
Uma vez mais me desculpa Divino Senhor
Talvez te tenha maçado
Mas falando assim contigo
E sendo Tu o doce Amigo
Fico mais aliviado
VI
Não te vou dizer Adeus
Já que estás sempre ao meu lado
Mas digo-te muito baixinho
E sabes com que carinho
Por tudo Senhor obrigado
Do que pesquisei o antropónimo Rasteiro terá tido origem por terras da Vila ou da Arrifana. Procurei-os em listas telefónicas antigas e na Internet em listagens várias. Nem rasto aparece. Mesmo em documentos da Vila, como seja, as Mesas da Misericórdia ou bens de alma e, mais uma vez, não aparece. Nos registos de batismo o mais antigo que temos é de um tal João, filho de José Rasteiro, casado com Maria Amélia Passareira, do ano 1913
O nome, não se encontra fora de Vilar Maior e terras confinantes – Arrifana, Aldeia da Ribeira, Batocas – e os que encontrarmos por outras paragens, nomeadamente em França, são descendentes dos Rasteiros daqui. Este, é assim um nome que aqui se criou.
Se todos os nomes têm um significado, este leva-nos, num primeiro momento, a tudo o que anda rente ao chão, àquilo que se arrasta ou que anda de rastos, ao que é rastejante ou rastejador. Poderia ser por serem de baixa estatura? Podera, mas, em termos físicos, a estatura da família Rasteiro está provavelmente, na média das outras famílias. Também poderia haver um antepassado especialmente pequeno, que por alcunha se transmitisse aos descendentes. A origem poderá ser outra, bem mais plausível, se tivermos em conta o perfil psicológico. Rasteiro pode ser aquele que segue, identifica ou, até, o que produz ou (não) deixa rasto o que se traduz numa capacidade notável de sobrevivência e de êxito na vida. O perfil psicológico contraria o primeiro sentido que nos atira para a submissão, a obediência, o servilismo, a humildade mesmo. Os Rasteiros(as)têm um carácter guerreiro, são afirmativos, independentes, desafiadores, destemidos, altivos, confiantes, com elevada auto-estima que no excesso, os pode levar a uma auto-imagem de superioridade, tão evidenciada no ti Manel Rasteiro: “Atão, caratel, atão no vendes que não há vacas com mais força cas minhas, home!” Estas características levam à criação de uma imagem de animosidade e conflito que mais os conduz à afirmação das mesmas. O sentido de oportunidade e de risco leva-os a dedicarem-se a negócios e a serem os primeiros a emigrarem. A ocupação dominante era a agricultura e a pastorícia, raramente artesãos, lavradores mais que jornaleiros que lhes tiraria a independência. Em casos de excepção, dedicaram-se a estudos para além do ensino básico. O humor está longe de ser um traço dominante como não perdem tempo com o jogo. A vida é levada a sério. Tornou-se, no século XX, uma das mais extensas famílias da Vila cruzando-se com as famílias: Cruz, Cerdeira, Costa, Lourenço, Sacadura, Carreira, Silva, Martins, Cunha, Proença, Costa, Fernandes, Passareira, Alves, Santos, Dias, Gonçalves, Bárbara, Gil, Duarte, Louro. Certamente, ainda outras de que não tenho conhecimento. Aos da minha geração ficam-nos na memória a ti Filomena Rasteira (mãe do António, do Zé e do Manel), o ti António Rasteiro, da Arrifana (pai do Chico), o ti Manel Rasteiro, o ti Júlio, a ti Maria, a ti Matilde, o ti Zé, que na generalidade, cumpriram generosamente, o mandamento bíblico: "Crescei e multiplicai-vos", de onde se segue haver uma profícua descendência que, dado o fenómeno da globalização, deixou de estar confinada à Vila, mas que aí regressam quando podem.
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