Sábado, 30 de Janeiro de 2016

Ontem e hoje

castelo.jpg

                                  ( Fotografia de José Valente, residente na América)

Trata-se de uma fotografia a rondar os fins dos anos 50. A falta de terra para semmear centeio (e o resto) era tanta que até no interior das muralhas se semeava centeio como se pode ver no chão com regos. Servia também como lugar de apascentamento de cabras e ovelhas. Por volta 1870 houve uma proposta para aí se fazer o cemitério. Ainda bem que a proposta não vingou: iriam encontrar aí sepultada uma civilização antiga, castreja talvez.

A paisagem no interior mudou muito como se pode ver pela segunda fotografia (setembro de 2015), nomeadamente pelas escavações feitas e pela vegetação arbórea. 

DSC_0083.JPG

 

 

publicado por julmar às 19:03
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Coisas leves e cousas pesadas

Caindo-me com facilidade o pé para questões filosóficas, direi apenas aquilo que, sem especulação metafísica, qualquer um constata: Há a realidade que representamos pelo pensamento e que traduzimos em palavras. Nesta trilogia do ser, pensamento e linguagem se contêm todas as outras questões, nomeadamente as que nos conduzem ao entendimento da relação do homem com o meio, isto é, à cultura. E nesse seguimento constatamos que a cultura produz o homem que, por sua vez é um produtor de cultura: o ti Zé Silva ou o ti Zé Duro que na forja moldam o ferro, o Faia ou o Lavajo que com a enxada reviram a terra das hortas, o Nunes que lavra a tapada de uma ponta à outra, o Junça que com o toque dos sinos regula o tempo sagrado e a vida profana, o forneiro que coze o pão, a costureira que apronta as vestes, o ti Jerónimo que desbasta a pedra que se há-de conformar ao lugar, o padre que diz a missa, o pastor que apascenta o gado ... e seria um rosário sem fim a enumeração de todas as atividades e gestos, acrescentados das representações mentais e da comunicação entre os homens, mais os sentimentos e emoções experimentados. E  tudo isso é feito na obediência a um código de regras que, como um maestro invisível, leva à execução de uma polifonia admirável. Há na vida uma gramática tão ou mais complexa que a gramática da linguagem. E nem uma nem outra são acompanhadas de livro de instruções. 

Não precisa sair da Vila para entender o que é a cultura. Aqui se passa, o que com o homem se passou e se passa em qualquer lugar: o homem frente à realidade, pensando, agindo e comunicando. Porém, em circunstancias diversas, em tempos e espaços diferentes; com histórias e geografias diferentes. 

E é essa diversidade de fatores que as torna únicas, lhes confere uma identidade. Essa identidade é feita pela sua história que se insere na história da região e do país; pelo espaço em que se desenvolve; pela ação das gentes; pelo poder (autonomia) que tem para preservar a sua identidade. Quando os fatores mudam, muda a cultura segundo as leis da adaptação e conservação. Porém, por vezes, as mudanças são tão rápidas e profundas que tornam impossível a adaptação. Foi o que aconteceu com a cultura de Vilar Maior, um caso paradigmático de muitas outras no interior do país que, lentamente definham e morrem. 

Compreender inteiramente o que se passou e interrogarmo-nos sobre o futuro, parece-nos ser um trabalho urgente. Porque, talvez, nem todo o passado esteja perdido. Em circunstâncias diferentes, é certo, no passado, os reis tiveram de tomar medidas drásticas por causa do despovoamento das terras. 

 

publicado por julmar às 17:57
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Quinta-feira, 28 de Janeiro de 2016

Emigrantes, virão um dia ou não

Da esquerda para a direita: Raul Araújo, João Marques, Fernando Cerdeira, José Santos

Inícios dos anos 60, em Campigny, aposto eu que seria domingo, talvez depois da missa. 

Hoje sabemos que uns vieram, outros não. Doem-nos todos. Mais os nossos e aqueles que por lá ficaram.

https://www.youtube.com/watch?v=pewOaY3flTs 

Ei-los que partem 
novos e velhos 
buscando a sorte 
noutras paragens 
noutras aragens 
entre outros povos 
ei-los que partem 
velhos e novos

Ei-los que partem 
de olhos molhados 
coração triste 
e a saca às costas 
esperança em riste 
sonhos dourados 
ei-los que partem 
de olhos molhados

Virão um dia 
ricos ou não 
contando histórias 
de lá de longe 
onde o suor 
se fez em pão 
virão um dia 
ou não

Manuel Freire

publicado por julmar às 17:58
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Quarta-feira, 27 de Janeiro de 2016

Completariam 100 anos

Estes são os que receberam batismo em 1916. Lembro ainda muita desta gente ou sei dela por dela ouvir falar: A Matilde filha do chamado Regedor Velho, a Maria Carlota filha de Vasco Francisco Quevedo que era foi secretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros; do António Lavajo jornaleiro em todos os dias da sua vida alentado pelo copo de vinho de que exagerava; do José Osório, filho da senhora Evangelina e que se despediu da Vila em grande dor por mor da morte do seu filho no trágico acidente dos foguetes; do meu tio Virgílio que morreu anjinho como era usual naquele tempo; do Joaquim que era filho da irmã da minha avó Joaquina Monteira; dos Serranos, dos Valérios, dos Quelhas, dos Badanas ... de gente que foi do tempo dos nossos pais e dos nossos avós. Histórias de vidas que ficam por contar. 

Matilde

Silva, Henrique

Alves, Emília

Júlio

Fernandes, António

André, Rosa

Maria José Carlota

Quevedo, Vasco Francisco Q.

Augusta, Maria

António

Lavajo, Manuel

Cunha, Beatriz

Adélia

Esteves, Manuel

Cunha, Maria

Maria

Badana, Francisco

Fernandes, Isabel

Francisco

Quelha, António

Fernandes, Isabel

José

xxxxxxxxxxxxxxxxx

Fonseca, Evangelina Osório

Manuel

Leopoldino, José

Fonseca, Maria de Jesus

Deolinda

Badana, Alexandre

Fonseca, Rosalina

Maria

Fernandes, João

L., Teresa Bernarda

Maria

André, Manuel

Lavajo, Ana

Conceição

Dias, José

Lavajo, Maria Clara

Francisco

Bárbara, José

Leitão, Luísa

Valentina

Silva, Joaquim

Martins, Maria de Jesus

Manuel

Gomes, Joaquim

Monteira, Ana

Pascoal

Capela, José

Monteira, Balbina

Virgílio

Marques, Manuel

Monteira, Joaquina

Maria

Pinheiro, José Marcos

Monteira, Maria

Joaquim

Nunes, João

Monteira, Maria da Luz

João

Rasteiro, José

Passareira, Maria Amélia

Germano

Franco, José

Proença, Ana

Jerónimo

Afonso, Bernardo

Proença, Isabel

Antónia

Serrano, José

Rosa, Maria

Teresa

Valério, Francisco

Soares, Luísa

José

Valério, Júlio

Soares, Maria da Luz

Antónia

Serrano, António

Soares, Rosália

António Sérgio

xxxxxxxxxxxxxxxxx

Teixeira, Josefina Rosa

Joaquim

Simões, João Ferreira

V., Ana Martins

publicado por julmar às 11:42
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Sábado, 9 de Janeiro de 2016

A dor gravada em pedra

DSC_0152.jpg

 Abrindo os pesados portões de ferro forjado que guardam o adro da Igreja matriz, antigo cemitério, encontra do lado esquerdo a lápide com o epitáfio que na fotografia se mostra. 

publicado por julmar às 21:22
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