A última das obras de misericórdia- talvez não a menos importante - manda que enterremos os mortos. Com o evoluir da civilização a sensibilidade para com os animais leva-nos a que preceitos que eram destinados aos humanos os tornemos extensíveis àqueles. Naturalmente, também por razões de salubridade. No tempo que por aqui me vou alongando já fiz o enterro de um gato e hoje de uma raposa, à entrada da vila.
Primeiro pintaram o traço central. Agora, à entrada da Vila, as barras horizontais brancas são importante sinalização visual e sonora de alerta aos automobilistas para redução da velocidade. Alguns dizem que deveriam ser barreiras que obrigassem a efetiva redução de velcidade.
Há mais tempo sinalizaram este pontão sobre o rio, só muito tempo depois de aqui ter encontrado a morte um motociclista num despiste fatal. Nunca ali passo que não recorde a imagem do homem morto, lá em baixo, estendido, metade do corpo sobre a areia, a outra imersa na água.
Pergunta: Ficaria assim tão caro ( se é que deveríamos falar em preço) colocar umas guardas laterais?
Através da vidraça, ainda que não ficasse tudo da cor do linho
Uma poesia assim, tinha que ser de um poeta natural da Guarda. Poema que vinha nas antologias do ensino do meu tempo e que fazia parte dos poemas que sabíamos, que sei ainda, de cor.
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.
É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho…
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho…
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança…
E descalcinhos, doridos…
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!…
Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.
Augusto Gil
Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. (Mateus cap.18, vs 21)
Poucos. Mais do que dois ou três. Mas poucos. Por vezes, são poucos mas crescem e multiplicam-se. Não será o caso que já ninguém está para aí virado.
Para uma análise sociológica da Vila. Missa de Domingo, 14 de Fevereiro de 2016
Total de pessoas presentes - 22
Sexo masculino -9
Sexo feminino - 13
Idade: Dos 15 aos 91 anos
Menos de sessenta: O padre( 27 anos?) e a acólita (15 anos)
No activo: o padre, um engenheiro, uma estudante
Pessoas que nunca saíram da Vila - 2
Pessoas que emigraram - 9 (3 homens, 6 mulheres)
Pessoas que nunca emigraram - 13
Casais presentes - 3
Professores reformados - 5 (3 mulhreres e 2 homens)
Se não conseguir juntar a boa vida a uma vida boa escolho sempre a última (é só uma pitada de filosofia!). A confecção de uma e outra não exige especial sabedoria. Já a combinação das duas tem mais que se lhe diga. No caso, munido de uma tesoura e de um saco, arranjei uma boa companhia para um passeio pelas bordas do Cesarão até à Casa Branca (um lugar onde Deus podia ter criado Adão e Eva, assim o quisesse) onde desembocam as águas vindas das Canadas e em cujas águas correntes colhi as moruges ou merugens (à moda da vila) que limpas de outras ervas e bem lavada temperei com sal grosso, azeite e vinagre. Pão oferecido por um amigo que o fabrica com lenha da Correia, vinho oferecido por um familiar que o tem de seu trato e cuidado, queijo e enchidos do que se pôde arranjar ... bom se isto não é uma vida boa, o que é?
Por curiosidade, achei interessante ter encontrado em Londres, num supermercado, à venda moruges. Diferentes na quantidade, no preço, na cor ... quanto ao sabor não sei.
Assim reza a lápide:
AQUI JAZ MARIA IZABEL DA CUNHA CARDOZO
NASCEU A 25 DE OUTUBRO DE 1856
FALECEU A 28 DE JANEIRO DE 1915
SAUDADE
Publicámos aqui, no ano passado, a transcrição da lápide do padre Bernardo da Cunha Cardozo que se encontra à entrada do portão que dá acesso ao aidro. Certamente seriam irmãos e o artista que talhou e gravou as campas o mesmo. A que agora apresentamos encontra-se encostada ao muro frontal do cemitério, junta de duas outras campas. Os documentos em pedra resistem ao passar dos anos se mãos de gente igorante as não partirem à marretada, como aconteceu a várias.
Há muito que não damos conta da flora da Vila. Desta vez, vamos saber um pouco de uma planta que por cá existia, continua a existir, só que já ninguém lhe liga, como se deixou de ligar a muitas outras. Trata-se do trovisco que existe um pouco por todo o lado, pois prospera em terrenos pobres e rochosos, gostando de lugares ensolarados e suportando bem as temperaturas locais.
Trata-se de uma planta arbustiva, rnamental, crescendo até aos 2 metros, com ramos delgados e folhas perenes, florescendo no fim da primavera e amadurecendo os frutos no verão. Estes frutos, bolinhas pequenas, começam verdes, passam a uma colração alaranjada e quando maduros são pretos.
As aves apreciam sobremaneira os seus frutos que podem ser usados pel homem como laxante, se tiver cuidado na quantidade, pois toda a planta é altamente tóxica.
Os nossos historiadores dão conta que já na primeira dinastia era usada para fazer pescarias, costume que, infelizmente, chegou até nós. As águas ficam de tal mod envenenadas que não só matam todo o tipo de vida aquática como podem provocar a morte de animais, domésticos ou selvagens, que bebam água onde foi deitado.
A casca é muito resistente e flexível razão por que os pastores, quando uma rês partia uma perna, a usavam para atar uma tala.
Utilidade em Agricultura Biológica: Refúgio para afídeos úteis e repelente de toupeira.
Tenho o privilégio de há 25 anos poder disfrutar diariamente deste espaço privilegiado que é o Parque Bilológico de Avintes, em Vila Nova de Gaia, considerado entre os melhores da Europa. Deste modo, alimento e fortaleço a minha matriz rural com um passeio, habitualmente, matinal e sinto-me transportado à vida da Vila de há sessenta anos. Entro e recebe-me um pavão com o seu prodigioso leque policromático; adiante num lago patos e cisnes, mais acima grous e uma dúzia de cegonhas que resolveram não emigrar e ficar permanentemente por aqui. Aves de todas as espécies e feitios, algumas em semi cativeiro, domésticas e selvagens; do princípio ao fim há o cantar constante de aves. Só porque na natureza é tudo tão importante não poderei afirmar que as aves constituem o seu principal património; só porque não faz sentido falar em dinheiro não direi que aqui se encontram aves de preço inimaginável. Por tudo isso existe aqui um centro de cuidados e recuperação de aves. Pelo caminho saltam, coelhos em abundância, há raposas, texugos, cabras-bravas, javalis, corços e até bisontes. Claro, há também os animais domésticos, desde as galinhas, perus, patos, cabras - a quem a minha neta se delicia a dar bolotas - o marrano, os burros, as vacas. Das várias quintas existentes com as suas noras, destaco a que é primorosamente cultivada: a quinta de Santo Tusso com todas as alfaias agrícolas e valências de uma quinta tradicional. A casa mobilidada, a adega e moínho contíguos no melhor dos retratos que podemos ter do que era a vida rural de outrora. E, lá no fundo, o rio. Não é o Cesarão nem o substitui: é o Febros que também canta e quando chove em demasia, se enfurece e me corta a passagem para a outra margem.
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