«Nunca se pode concordar em rastejar, quando se sente ímpeto de voar». (Helen Keller)
In Wikipédia
Com a idade aprendemos a viver mais devagar e o vagar permite-nos fazer observações mais demoradas e reparar em coisas a que não prestávamos atenção ou às quais dispensávamos uma olhadela breve. Vem isto a propósito da arribação de aves à vila, pela Primavera.
De há sessenta anos a esta parte, houve uma grande transformação na paisagem humana e natural por causa da emigração e consequente abandono da agricultura. Também no mundo das aves.
As cegonhas estiveram longo tempo sem por aqui aparecer. Nos últimos anos, regressaram algumas e, numa manhã cheia de nuvens, uma cegonha voou, alto, longo tempo sobre a pirâmide da torre, parecendo investigar se seria um bom sítio para fazer ninho. Não ficou.
As águias andam por cá durante o ano todo como nunca andaram em tão grande número, quase sempre solitárias. Voando muito alto, indagando se lá no fundo haverá carcaça de animal morto (se for va va ou vitelo será abundante petisco) ou animal que possa ser presa. Há dias, no Alto do Leomil, em plena estrada, uma águia derriçava por uma raposa morta e só o aproximar do carro a fez levantar voo.
Ao entardecer, no sítio das Eiras (barragem) voava, alto, um bando de cinco patos bravos, na direcção sul-norte.
As andorinhas chegaram, as primeiras, antes do começo da Primavera e, agora, em certas horas, são imensas, cortando o ar, em voo desordenando, semeando gorjeios pelo espaço, andando por ali à toa.
O peto (pica-pau) soou, na sua forma característica e pausada, pela primeira vez, pelas dez da manhã, ali por trás da casa do Zé Mergildo, como o faz há muitos anos. Mais fácil que vê-lo, é ouvi-lo.
A poupa chegou no princípio de março pré-anunciando a primavera com o seu canto inconfundível.
Um casal de pintassilgos namora na videira da varanda de casa, com dois concertos diários, um de manhã e outro à tarde. Para minha felicidade, ali irão, como de costume, nidificar e criar ali os filhotes.
O cuco há-de estar a arribar de terras africanas fazendo-se anunciar pelo característico canto que lhe dá o nome: cu-cu! e que marca o calendário de uma série de tarefas agrícolas. É de todas as aves a maior parasita «que, em vez de construir ninho, deposita os seus ovos nos ninhos de outras aves, nomeadamente de pequenos insectívoros, como a ferreirinha-comum, o pisco-de-peito-ruivo e o rouxinol-pequeno-dos-caniços, entre outras espécies. As aves em cujos ninhos os ovos são colocados recebem o nome de hospedeiros e ficam com a tarefa de cuidar do jovem cuco até este ser independente. [2] No fim da Primavera, a fêmea do cuco procura lares adoptivos para os seus ovos. Quando encontra um hospedeiro apropriado, aves cujos ovos se assemelham ao dos cucos, ela espera até que o ninho deixe de estar vigiado. Retira então um dos ovos dos hospedeiros e põe um dos seus no lugar.
Os filhotes do cuco também já apresentam um estratagema de sobrevivência traiçoeiro, aparentemente gravado genéticamente, pois, segundo David Attenborough, apenas ao sairem dos ovos, empurram para fora do ninho os rècem nascidos autênticos de uma ninhada, tomando-lhes o lugar.» , in Wikipédia
E outras aves ali fazem o seu habitat
Carriças,codornizes, perdizes, corujas,corvos, estorninhos, gaios, melros, mochos, noitibós, pardais, peneireiros, pombos, rolas (ultimamente a rola turca), rouxinóis, toirões (?), toitinegras e outros.
Bom e porque a cultura milenar observou o comportamento das aves ali foi buscar traços que passa para alguns tipos de homens e mulheres. De Bitarda (abetarda) se chamava à muher de vida fácil; de Cuco o que vivia à custa alheia; de Pombo os que usavam de mansidão; e quando de alguém se dizia: aquilo é que me saiu uma ave! tratava-se de alguém pouco recomendável; de Melro se chamava aos lampeiros que ainda mal o fruto amadurece e já estão a tratar dele. E claro, aves raras aparecem por todo o lado, felizmente, raramente.
E porque não sou ornitólogo mas um simples ornitófilo desculpem imprecisões, enganos e até possiveis erros.
O Primeiro Ministro António Costa esteve este sábado, 5 de março, no Sabugal a presidir à iniciativa “100 dias de Governo – Valorizar o Interior”. O encontro procurou evidenciar a prioridade que “o atual Governo pretende imprimir à estratégia de coesão territorial, desenvolvimento e valorização do interior do país”.
No Sabugal, o chefe do Governo a presentou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior que é presidida por uma docente da Universidade de Coimbra. Esta unidade tem como objetivo, definido há cerca de um mês em Conselho de Ministros, “criar, implementar e supervisionar um programa para a coesão territorial, promovendo medidas de desenvolvimento do interior e de atração e fixação de pessoas nestas regiões”.
Ora, segundo Resolução do Conselho de Ministros n.º 3/2016, determina que em Vilar Maior passará a funcionar uma delegação da referida unidade de missão, pelo que desde já determina, as seguintes obras:
1 - Melhoria das comunicações, nomeadamente a instalação de Fibra Ótica, dado que já existe toda a infra-estrutura necessária e serão imprescndíveis ao trabalho da referida delegação.
2- Recuperação do valioso património de Vilar Maior, nomeadamente:
a) Restauração da Igreja de Nossa Senhora do Castelo;
b) Obras de preservação da ponte romana sobre o Cesarão;
c) Obras no Castelo onde será instalado um observatório de astronomia
d) Reconstrução/restauro da judiaria
3- Abertura do posto de turismo
4- Abertura do Museu
5- Projecto de tornar Vilar Maior uma aldeia tradicional onde o turista poderá reviver uma aldeia dos anos cinquenta com uma economia agro pastoril e artes e ofícios da época.
Está previsto o início de todo este processo ainda durante o corrente ano.
Razão para dizer que não há fome que não traga fartura.
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