Um excelente ano 2017 para todos os que por aqui passam. Melhor que ficar à espera que a felicidade caia do céu é lutar por ela hoje. Agora. Porque amanhã pode ser tarde demais. Por isso, desejo aos meus amigos o que para mim desejo - sonhos realizáveis e coragem para lutar por eles
Hoje, véspera de natal, faleceu, no hospital da Guarda, António Cerdeira Seixas. Nasceu em Vilar Maior, a 20 de Dezembro de 1924, filho de José Seixas (1884-1948) e de Ana Cerdeira (1891-1928). Órfão de mãe aos quatro anos, aprendeu a vida por si e o ofício (construtor/pintor) com o pai. Uma parte do rosto da vila saiu das suas mãos: Em 1948 construiu a primeira casa, a sua própria casa, no Buraco (hoje chamada Avenida das Escolas/Banda Filarmónica de Loriga), que, hoje, é o maior bairro da vila; boa parte das cheminés da vila foram por ele construídas no tempo da exploração do minério. Finalmente, a obra que mais dá nas vistas, executou o alteamento da torre da Igreja Matriz, em 1959, onde, agora, decorrem obras de revestimento a granito. Emigrante, comerciante, agricultor. Uma vida longa e uma vida cheia que deixa marcas físicas na paisagem e marcas indeléveis no coração de todos os que, como eu, tiveram o privilégio de com ele conviver. Continuará sempre com um lugar especial nos nosso corações.
Demos conta neste blog no dia 5 de fevereiro de 2014 que a Sra Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon, visitou Vilar Maior no dia 3 do mesmo mês e da visita a vários locais, mereceu-lhe destaque as ruinas de uma possível sinagoga nas proximidades da Igreja paroquial.
dávamos conta de um programa de reabilitação de sinagogas na qual se incluía a de Vilar Maior:
(...)A Noruega contribui com quatro milhões de euros, enquanto o Estado português participa com cerca de 700 mil euros – um total de perto de cinco milhões que permitirá restaurar ou valorizar símbolos da presença judaica em Portugal. Estão previstos, entre outros, a revitalização da sinagoga de Tomar, a criação de um Memorial da Vida de Aristides Sousa Mendes, em Vilar Formoso, a recuperação das sinagogas de Almeida e de Vilar Maior (uma antiga sinagoga medieval recentemente descoberta), criar o Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano, em Bragança (com projecto do arquitecto Eduardo Souto de Moura), ou a recriação da Casa da Inquisição em Reguengos de Monsaraz. A criação da rota envolve nove municípios e seis entidades regionais de turismo, para além da Comunidade Judaica de Belmonte. (...)
Ora, a pergunta é:
Porque é que a sinagoga de Vilar Maior não foi reabilitada?
Ora vejam como ficou, depois de reabilitada, a sinagoga de Malhada Sorda:
(Foto da publicação no FB de Tiz Silva)
Júlia Cerdeira, filha de filha de Francisco Cerdeira e Matilde Monteiro, faleceu com 91 anos de idade. A ti Júlia, como carinhosamente era tratada, viúva do ti Xico Henriques, viveu durante muitos anos no topo da Praça (onde hoje é a casa do Quim Miguel) pelo que desde menino, dada a vizinhança, me habituei à sua presença. Quando morre gente da geração dos nossos pais, gente de quem gostamos, morre um pouco de nós.
A toda a família, em especial aos filhos Mário, Maria, Isabel e Henrique, apresentamos sentidas condolências
Visita 14-09-2016. Percurso: Nave - Vila Boa - Nave
Área -10,73 km² . Densidade populacional é de 22,6 hab/km².
Evolução da população
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1910 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
630 | 798 | 754 | 879 | 820 | 780 | 822 | 928 | 948 | 844 | 511 | 410 | 379 | 330 | 243 |
Poisei o carro ao cemitério da Nave e deitei pés ao alcatrão, estrada fora, tudo a descer, até à entrada de Vila Boa onde se encontra o cemitério. Logo a seguir, a água num extenso e trabalhado pio ou bebedouro para o vivo, sobretudo burros e vacas. A água, elemento fundamental, que um filósofo grego há mais de dois milénios escolheu para explicar a origem de tudo:tudo é água, tudo é feito de água. A terra é uma espécie de embarcação que flutua sobre a água. Mais prática, a gente de Vila Boa sabia que sem água não se podia viver:nem plantas, nem animais, nem homens. E fazia parte dos elementos da natureza, caía abundante do céu, entranhava-se na terra, alimentava nascentes, formava ribeiros que se juntavam a outros e iam dar a uma ribeira maior que se lançaria num rio maior até chegar ao mar que a maior parte desta gente nunca viu. Se a seca se prolongava, colocando em perigo as culturas, o povo punha-se em procissão, encabeçada pelo sr padre, devotamente se rogava aos santos para que Deus derramasse chuva.sobre os campos. As orações estavam feitas ficaria nas mãos de Deus o seu atendimento. A água obedece à sua natureza e não aos desejos do homem e para que lhes seja útil têm que a domesticar represando-a, canalizando-a, guardando-a, orientando o seu curso, aproveitando a sua força. Boa parte do tempo é gasta com cuidar da água: transportá-la para casa, regar as culturas dos campos, dar de beber ao vivo, lavar a roupa, fazer a barrela, amolecer o linho, amassar o pão, fazer o caldo dos homens e a vianda dos animais. E apetece dizer como o outro: a água serve para muitas coisas e até, dizem, que há quem a beba. Em terra de muito vinho, e em Vila Boa era bom e abundante, preferia-se este e até se dizia do home pantanoso, sem sem préstimos maiores que é um bebe águas.
Manuel Joaquim Correia refere Via Boa como "um lugar muito úmido e pantanoso donde tem resultado o aparecimento de várias epidemias, tais como o tifo em 1882 e 1883, que dizimou consideravelmente a população". A àgua que se consumia era quase sempre tirada de fontes de chafurdo ou de locais parados. Não havia canalizações, não havia sistemas de esgotos. A única análise tida como segura era o dito popular: àgua corrente não mata a gente. Mas como isso podia falhar acrescentava: E se a matar é para sempre. Decerto essas epidemias ficaram na memória e o povo foi procurando melhorar as condições de sanidade e terá construído pios e chafarizes e até chamado a atenção sobre cuidados a ter como nos mostram os versos inscritos por cima da bica corrente
Pede-se pela saúde dos animais
Para quem está água sujar
Vingança severa e justiça
Sobre quem assim pretende matar
O bebedouro dos animais
Não serve para alguém se lavar
Nem vasilhas sujas ou fuscas
Para água na bica ou pios apanhar
Vila Bôa, 19 de Agosto de 1962
E nada como pôr o Santo Antão, protetor dos animais, a guardar a água.
Passeei-me pelas ruas de Vila Boa rememorando o passado inscrito nas ruas com casas de lavradores, de tantas vidas que por ali passaram.
Parei e ali fiquei a olhar para esta casa, igual a tantas outras, a lembrar um mundo em que eu vivi. E perdido neste olhar, sou acordado, não pelo rodado de um carro de vacas mas pela carroça que lhe sucedeu.
E para sacudir recordações, atirei:
- Que lindo par de namorados. Deixam- me tirar um retrato?
- Pois faça! ,respondeu o homem.
- E para onde nos leva?, perguntou a mulher
- Comigo!, respondi
- Veja lá se nos leva pra a internet
- Ficam bem em qualquer lado.
Um pouco à frente meti conversa com a ti Maria da Conceição que falou da Festa do Santíssimo Sacramento, da festa do Santo Antão, dos emigrantes que abalavam e deixavam, de novo, a terra sem ninguém, dos dois filhos, até me perguntar:
-Atão de onde é vossemecê?
- Sou de Vilar Maior
- Então, conheceu lá a senhora Assunção, casada com um polícia.
- Sim, conheci.
E desfiou o rol de graças e favores que a senhora lhe fizera por ter tido em sua casa o seu filho que andava a estudar na Guarda. Disse-lhe eu que a conhecia muito bem, pois, era minha tia e madrinha.
Pequeno é o mundo.
(S. Sebastião, pintura de Boticelli)
A festa de S. Sebastião foi, durante muitos anos, a maior festa da paróquia a seguir à do Senhor dos Aflitos tendo direito a foguetório e banda de música. Sendo a festa do Senhor dos Aflitos no 1º de Setembro ficavam muito próximas no tempo e oneravam fortemente os fiéis. Pelo que, não sabemos em que data a festa de S. Sebastião passou a celebrar-se, de acordo com o calendário litúrgico, no dia 20 de Janeiro.
Muito provavelmente, seria pároco, à data dos acontecimentos, o padre Júlio Matias conhecido militante anti-republicano que, por decreto no Diário do Governo, no dia 4 de Março de 1913, é expulso do Distrito da Guarda por um ano.
A tenacidade do povo de Vilar Maior (publicado no Capeia Arraiana em 15 de Agosto de 2015)
Há 100 anos, no dia 15 de Agosto de 1915, dia da festa de S. Sebastião, em Vilar Maior, o povo, vendo negada a licença para a realização da procissão resolveu desafiar as autoridades civis realizando o cortejo.
A República, implantada em 5 de Outubro de 1910, enfrentou o poder da Igreja, publicando a Lei da Separação e impondo regras restritivas ao exercício do culto.
As procissões religiosas eram consideradas ajuntamentos ou manifestações na via pública, pelo que careciam de autorização prévia a conceder pelo administrador do concelho onde se realizassem.
Ocorrendo no dia 15, terceiro domingo de Agosto, a festa móvel de S. Sebastião em Vilar Maior, que tinha procissão, o pároco recusou-se terminantemente a requerer licença prévia ao administrador do concelho do Sabugal. Alegava o sacerdote que a festa não era dele, mas dos festeiros, pelo que, a haver requerimento, não cabia ao padre assiná-lo nem muito menos fazê-lo chegar ao Sabugal. Limitar-se-ia a presidir à procissão, se autorizada.
Os mordomos foram ao Sabugal requerer a competente permissão, mas o Administrador, vendo que o padre a não assinara, recusou liminarmente concede-la, por não ter sido peticionada por quem de direito.
Chegado o dia da festa, o padre disse missa em louvor de S. Sebastião e no final pediu ao povo para se resignar e abdicar da procissão, pois a falta da licença daria motivos às autoridades para aplicar sanções. Porém, mal o padre abandonou a igreja, as mulheres de Vilar Maior resolveram agir e pegaram nos andores e guiões e saíram à rua com eles, fazendo a procissão, rezando e entoando cânticos. Os homens acabaram por aderir à acção das mulheres integrando-se no cortejo que se fez com normalidade, ainda que em desafio à proibição das autoridades.
O acto do povo de Vilar Maior foi tomado como uma vitória face aos impedimentos republicanos para o normal exercício do culto e o jornal A Guarda, afecto às posições da Igreja, deu larga repercussão pública à digna posição do pároco e à tenaz acção dos seus paroquianos.
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