Os sinos das torres das igrejas foram, ao longo de muitos séculos, o principal meio de comunicação entre as populações, sobretudo as rurais. A sua principal função era convocar os crentes à oração e participação nos variados atos litúrgicos. Por isso, eram inúmeros os toques: A sinal (variando conforme se tratasse da morte de homem ou mulher), à missa (se fosse dominical havia toques espaçados no tempo para que as pessoas pudessem gerir o tempo até à hora da missa), ao terço, a batizado, a casamento, a procissão, às Ave Marias, ás Trindades e outros que, certamente, não recordo. Na minha meninice era o ti Junça o sacristão a que dominava superiormente todas estas melodias arrancadas dos dois sinos da torre. Hoje é o Xico que, briosamente, trata de nos anunciar quem morre que e casamentos já não há.
Mas o sino também era utilizado para fins laicos: para pagamento da congrua, para reunir as pessoas para qualquer assunto de interesse público, para acorrer a uma aflição, nomeadamente quando havia um fogo que ocrriam mais nas casas que nos campos. Nesta circunstância toda a gente pegava em baldes e acorria a ajudar. Os sinos serviam, até, para quando o povo estava farto do padre, chamar o povo e pô-lo a andar. Por regra, os sinos da Vila, nos tempos que correm tocam aos domingos para a missa enquanto houver padre e o Xico conseguir subir os degraus da torre.
E de lembrar-me, dá-me saudade
Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
Um dos meus passatempos preferidos, na Vila, sempre foi e continua a ser, ouvir histórias. Desta vez, contei com a ajuda do ti Zé da Cruz, um nonagenário, para fazer a relação dos nonagenários da Vila. Mais ano menos ano e algum ou alguma que tenha escapado, a coisa é assim:
Fernando Cerdeira , 95
António Cerdeira , 93
Ana Dias Duarte 91
Álvaro Simões, 94
Lúcia Silva Leonardo, 95
José Dias Goncalves, 94
Leonor Cerdeira , 92
José Cruz, 92
Elvira Fonseca, 91
Júlio Silva Leonardo, 91
Matilde Nunes, 92
Filomena Duarte, 97
Maria da Conceição Duarte, 92
Joaquina Fonseca, 90
A sesta do Piloto
O Cimento onde se jogava a arraioula e a sueca já não é o que era. Há espaços vazios e tranquilidade suficiente, num domindo à tarde, para o Piloto se deixar levar nas ondas do sonho.
Faleceu Adriano Proença Cerdeira, nascido em Vilar Maior no ano de 1940, casado com Filomena Cerdeira e pai da Sylvie. Uma notícia inesperada, nesta manhã de 5ª feira, dada por Maria Cândida no FB e que nos deixa sem palavras. Será menos uma mão para apertar, um abraço que ficará por dar, um jogo de sueca por jogar, uma história das antigas por contar (com que entusiasmo as contavas!), aquela viagem à Meimoa que estava combinada e que não faremos. A última vez que te apertei a mão, foi para te dizer: A paz esteja contigo! Repito hoje: Adriano, a paz esteja contigo!
Para a Mena e Sylvie, um abraço de sentido pesar.
Após cinco realizações consecutivas da Feira de Talentos de Vilar Maior, este ano não se realizará. Os objetivos a que se propunha foram ficando muito aquém do desejável e em vez de ganhar fôlego foi-o perdendo. Por isso, é altura de parar e pensar. Poderá, ou não, continuar. Poderá haver uma coisa diferente ou não haver coisa alguma. Por mim, estou aberto, como sempre a sugestõe e a tentar coisas novas.
Eram tantas que, se nada se acrescentasse antes ou depois do nome, dificilmente se saberia de quem se estava a falar. Daí que, a maior parte das vezes, se lhe apusesse mais um nome próprio, um qualquer. Mas tratando-se de mulher que por linhagem, riqueza, posição social, formação se quisesse distinguir poderia fazer-se anteceder o nome de “Dona”. Recordo a Dona Maria, filha de Dona Evangelina. O mais frequente era substituir, no trato social, Maria por Marquinha. E aqui os da minha geração, basta puxarem pela memória para lhe ocorrer uma quantidade de marquinhas. Destas, uma ou outra, perdida a primeira sílaba, ficava a ser tratada como Quinha.
(Observada no Parque Biológico de Avintes - Vila Nova de Gaia)
Havia muitas em Vilar Maior. Será que ainda por lá andam? Que nome lhe davam?
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