Terça-feira, 30 de Janeiro de 2018

A morte saiu há rua, há cem anos

A queixa sobre os tempos que correm parece ter sido uma queixa de todas as épocas passadas. Quando hoje nos queixamos do tempo que vivemos, seria bom lembrar como era há cem anos. E bastará recordar a guerra de 1914-1918, designada como 1ª Guerra Mundial que alterou profundamente o quadro das relações políticas, bastando dizer que com ela terminam quatro impérios: Alemão, austro-Húngaro, Otomano e Russo. Portugal participou no conflito, chegando a estar mobilizados duzentos mil soldados, incluindo de Vilar Maior, ouvindo eu da boca do ti Joaquim Ferreira histórias por que ele passou na frente da Flandres. As estatísticas variam mas parece terem morrido mais de 15 milhões de soldados e  mais de 45 milhões de civis.

Porém,  em 1918 e 1919, a Peumónica também designada como Gripe Espanhola, terá dizimado, em todo o mundo, um número superior de pessoas ao da Guerra. Estima-se que em Portugal terão morrido 135 mil.

Isto tudo para justificar a notícia habitual de quantas pessoas faleceram em Vilar Maior há cem anos.

Nos meus registos faleceu um total de 65 pessoas, sendo 26  do sexo masculino e 39 do sexo feminino, seguramente mais do dobro de anos próximos.

publicado por julmar às 19:06
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2018

Requiescat in pace, Dr Manuel Leal Freire

Resultado da sua busca para manuel leal freire

1928-2018

Um pouco por todo lado encontrarão sínteses biográficas deste ilustrado e ilustre bismulense, dispensando-me, por isso, de o fazer aqui. Nenhuma outra voz cantou e retratou de forma tão bela e completa as terras de Ribacôa e Sabugal como o Dr Leal Freire. Por Vilar Maior, pela sua terra e pelas suas gentes, tinha um gosto especial não faltando à Festa do Senhor dos Aflitos de que fazia temas frequentes em prosa e em verso. Não foi apenas um etnógrafo, observador atento da cultura do povo, não se limitou a escrevê-la, mas foi  ator e promotor desse jeito de ser beirão em terras da Raia.

O blog "Vilar Maior, minha terra, minha gente" perde os eu maior colaborador, pois aqui foram publicados dezenas de artigos do Dr Leal Freire.  Apresento as minhas sentidas condolências à famíia, em especial aos filhos Francisco e Guilhermina.

 

A DOCE VOZ DO AVÔ - Dr Leal Freire

Pedra negra, telha  vã,

Postigos de pau de  pinho

Caibros  queimados  do fumo

O chão de frinchas  luradas

 

Noite  negra, noite  feia,

Freme  o vento, rola  a  neve

É baça  a  luz da  candeia

Bate o cravelho da  porta,

 

É verde o molha da  lenha

Enfumado o palheirinho

O caldo  que ferve  ao  lume

Só  água  e boa  vontade

 

Mas o avô  conta  coisas

Que  excomungam fumo  e fome

Douram a  neve e  o negrume

E fazem da  água  caldo  de  anjos

 

Pode  ler uma breve biografia de Paulo Baptista Leitão no blog Capeia arraiana

http://capeiaarraiana.pt/2017/03/14/manuel-leal-freire-um-homem-do-povo/

publicado por julmar às 16:37
link | comentar | favorito
Terça-feira, 16 de Janeiro de 2018

Requiescat in pace, Margarida Duro

Foto de Otilia Domingos.

Foto retirada da Págiana do FB de Otília Domingos

 Já um pouco atrasada a notícia do falecimento de Margarida Duro, filha de José Duro ( O ti Zé Ferreiro) e de Cecília Costa (a ti Assucília, na língua do povo). Mais uma conterrânea que parte e a que a todos nos deixa mais sós. Para a família as nossas sentidas condolências.

Enquanto este blog existir, Vilar Maior - minha terra minha gente - há-de lembrar todos os que nos vão deixando. Até agora já por aqui passaram setenta.

publicado por julmar às 17:25
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2018

Foram minhas testemunhas

Casmº Todos.jpg

 

Há 41 anos na Senhora da Graça (Sabugal) num belo dia de sol desejaram-nos felicidade, a mim e à Terezinha. Por ela lutámos, lutamos todos os dias das nossas vidas. Os mais velhos  partiram (os meus pais, a avó Isabel o tio César a tia Marquinhas, os meus padrinhos João Seixas e Ascenção, a tia Isabel Seixas, a ti Patrocínia, a tia Sara e, mais recentemente, os meus sogros); outros que não eram assim tão velhos partiram também ( Manel da ti Júlia, o Manel Cerdeira - filho do ti Lucrécio-, Carlos Freire, Antónia Valente, Rodolfo Valente). Todos os outros têm mais mais 41 anos. O mais novo será o meu sobrinho Pedro. Mais uma vez - obrigado por terem partilhado este momento connosco

E um obrigado aos amigos de Vale de Cambra, que, agradavelmente, nos surpreenderam com a presença. 

 
 
E lá vamos estrada fora, anos setenta, de Carocha o futuro pela frente.
publicado por julmar às 18:35
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 12 de Janeiro de 2018

Voltando à vaca fria

Deu-me para vasculhar o passado do blog e encontrei no dia 24-03-2009, um post com o título: Nós por cá é assim. Ou seja, há nove anos já era assim.

Em 11-07-2017 em post com o título SINALIZAÇÃO, continuava assim. Alguém na altura se sentiu muito e garantiu que eu estava enganado, que as placas já haviam siso encomendadas. Mas continua assim.

sinalizacao.jpg

Imagine-se em qualquer sítio do país, ou do mundo, com uma sinalização como esta. O que faria? Seguir para a direita? Seguir para a esquerda? Esperar por alguém? 

Teve sorte o automobilista que se defrontava com este dilema, pois calhou de eu ir a passar:

- Por favor, quero ir para Vilar Formoso.

Claro que a gente da Vila e arredores não lhes faz falta que estão tão fartos de saber e até ficam admirados como pode haver alguém que não saiba como se vai para Vilar Formoso, para a Bismula ou para o Sabugal. O senhor Presidente da Câmara e os seus vereadores também por aqui passarão mas eles também não precisam. Porque esta situação não está assim há oito dias, há um mês ou há um ano. Nem as eleições que se avizinham os fará resolver problemas assim, porque tudo vai ficar na mesma, tudo vai ficar igual. Ou vão mostrar que estou enganado? 

publicado por julmar às 17:15
link | comentar | favorito

Quando os blogs faziam de redes sociais

Se me meto a ver/ler o blog Vilar Maior, perco-me por lá em memórias. Como as redes sociais eram incipientes havia uma rede de comentadores que, anónimos, mostravam o seu humor, crítica e valor literário, como o Jarmeleiro ou o Burro Velho. 

Discurso Directo

Mais um belo comentário assinado, desta vez, por Burro Velho.

«Eu, burro velho, até lhe mandava o retrato. Mas não consegui nenhum, já que o fotógrafo, vendo a minha triste figura - magro e escanzelado; Cabeça baixa e orelhas derreadas; Rabo entre as pernas, mataduras por todo o corpo porque a albarda, os atafais e o cabresto pedi-os de empréstimo ao meu irmão mais velho: Estropiado porque já não há ferreiros para me deitarem umas chapas novas (ah que saudades do ti Zé Silva): E o mais deprimente é que, ao ver passar uma burra seja velha ou nova, bonita ou feia , já não sou capaz de a seduzir com aquele canto de duvidosa sonoridade mas de potência incomparável - . Por tudo isto, dizia, o fotógrafo recusou-se a fazer a fotografia, talvez com fundados receios de lhe danificar a máquina. Contudo, prometo-lhe que tudo farei para mudar a minha imagem e tão logo isso aconteça, verá satisfeito o seu pedido.»

publicado por julmar às 17:08
link | comentar | favorito
Terça-feira, 2 de Janeiro de 2018

Por Terras do Sabugal, passo a passo – Memórias de um Viandante

Resultado da imagem para mapa das freguesias do concelho do sabugal

Referem as biografias de I. Kant (1724-1804), filósofo alemão, que ele se levantava às cinco da manhã, tomava o seu chá, fumava o seu cachimbo e, passando pela preparação de aulas, escrita e lecionação, impreterivelmente, às cinco horas da tarde, fazia a sua caminhada habitual, cujo horário, segundo a famosa lenda, era tão preciso e invariante que as donas de casa de Königsberg podiam acertar os seus relógios pelo minuto em que o Professor Kant passava por suas janelas. Ora, admirador que sou da obra de Kant, encontrando-me em férias em Vilar Maior, durante o mês de Agosto, todos os dias, quase com a regularidade cronométrica do filósofo, antes do nascer do sol, iniciava o percurso Vilar Maior-Aldeia da Ribeira – Vilar Maior. Como filósofo, tão longe do esplendor de Kant mas com a mesma atitude filosófica, sei quão importante é para a reflexão e para o devaneio, a mecanização do corpo andante. Ocorreu, nesses devaneios matinais, perguntar-me: Porque não fazer todos os dias um trajeto diferente? Porque não percorrer todas as terras do concelho? vindo-me à memória o título da obra de Joaquim Manuel Correia – Memórias Sobre o Concelho do Sabugal; não medi distâncias nem fiz cálculos; não consultei mapas nem fiz qualquer preparação. No dia seguinte, encontrei-me num trajeto diferente e todas as noites, antes de adormecer, decidia o trajeto do dia seguinte. Em cada percurso procurava, sobretudo, ver, ouvir, cheirar, sentir a brisa da manhã, ver o prateado do horizonte que gradualmente se doirava até aparecer a bola de fogo. Não há raiar da aurora tão belo como o da Raia, aqui onde o dia nasce pequenino, ali perto, em Espanha. E o tempo de andar a pé, dá para tudo: para sentir, pensar, sonhar, imaginar…e para desenhar o que faria com estas viagens. Poderiam ficar pelo andar, pelo ver, pelo pensar, como conversas para mim próprio. Porém, sei bem do prazer e do proveito que advém de tentarmos interpretar as nossas experiências e de as comunicarmos aos outros e, se uns o fazem pelo desenho, pela pintura, pela música, ou por qualquer outra forma, eu não o consigo fazer, e com dificuldade, senão pela escrita.

Assim, o que escrevo não tem pretensão maior do que conhecer melhor estas terras na sua configuração natural, na compreensão do esforço multissecular de gerações na humanização da paisagem e na construção de um património cultural que nos deu a identidade que nos tornou aquilo que somos. Escrevo para aprender, não escrevo para dizer como as coisas são, mas, tão só, como eu as vejo. Se torno público, estas divagações, é só por considerar que outros, vendo como eu olho, tenham a oportunidade de olhar de modo diferente. Como dizia A. Gedeão no poema Impressão Digital:

Os meus olhos são uns olhos,

E é com esses olhos uns

Que eu vejo no mundo escolhos

Onde outros, com outros olhos,

Não veem escolhos nenhuns.

 

E lá fui eu, qual D. Quixote sem escudeiro, caminho fora, passo a passo na redescoberta das terras do Côa, da margem esquerda e da margem direita, subindo e descendo montes, atravessando rios, olhando horizontes que se perdem por Espanha, pela serra da Estrela, por Malcata.

publicado por julmar às 17:31
link | comentar | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


.posts recentes

. Vilar Maior, minha terra ...

. Família Silva Marques

. Emigração, Champigny-sur-...

. Para recordar - Confrater...

. Requiescat, Isabel da Cun...

. Em memória do ti Zé da Cr...

. Requiescat in pace, Fenan...

. Paisagem Zoológica da Vil...

. Gente da Minha terra (192...

. Requiescat in pace, José ...

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds