Natal é tempo de memória e de reconhecimento.
O blog Vilar Maior, Minha Terra Minha Gente vem lembrar hoje todos os que aqui nasceram, todos os que aqui se batizaram, todos os que, de fora, a adoptaram, todos os que aqui com suor e com trabalho ganharam sustento, a todos os que cá se acoitaram, aos pedreiros e seus ajudantes que, pedra a pedra, construíram o monumental Castelo, mas também aos que levantaram a parede humilde do seu lar, aos jornaleiros de enxada, aos lavradores que com seus arados revolveram as terras, aos pastores dos animais a quem tratavam pelo nome, aos que, por ofício, tratavam dos outros por cuidarem de si: Alfaiates e sapateiros, tratavam das roupas e do calçado. E os ferreiros que com a forja amoldavam o ferro, sem o qual a Vila seria uma impossibilidade: nem martelos, nem foices, nem facas, nem sovelas, nem gadanhas, nem panelas ... nem ferraduras que os caminhos são de pedra dura.
E os latoeiros, do tempo que não havia plástico, que tornavam a vida funcional com o vasilhame - baldes, regadores, caldeiros, caldeiras, cântaros, copos, jarras -, candeias, lanternas, ogadores, enchedeiras, enxofradeiras.
E os barbeiros que trataram das nossas cabeças! E todos os ofícios aqui não nomeados. E todos os professores e professoras, (regentes também) os de boa e má memória que a bem ou a mal ensinaram os que podiam ir à escola ( um cumprimento especial á minha professora Adélia) e aos párocos a quem incumbia dar sentido à vida de todos.
A todos os que no século passado tiveram de emigrar, e foi a maior parte. E aos poucos que cá ficaram e preservaram a continuidade.
Desde que iniciei este post, que insistentemente, estão a bater à porta da memória: - E as mulheres? As mulheres? De propósito, deixei para o fim o mais importante. Ninguém está presente como elas: Guardam-nos nove meses em seu ventre, dão-nos ao mundo mas continuam junto de nós, cuidam de nós, alimentam- nos e protegem- nos. São elas que tecem a vida e a cultura. Acendem o lume, fazem o caldo, amassam, tendem e cozem o pão, lavam a roupa que cosem e remendam; e tratam do linho que maçam, espadelam, fiam e tecem; e espalham riso, lágrimas e ternura e contam as mesmas histórias de sempre.
A todos, aos ausentes, também. Mas, de um modo especial, àqueles que vivem em permanência na Vila, porque sem eles o que seria a Vila?