Terça-feira, 31 de Agosto de 2021

Haja o que houver, venha quem vier - Tornar Vilar Maior uma Aldeia Cultural

 

Uma das coisas que a idade nos ensina é que a imperfeição nos é inerente nas palavras que escrevemos, nas ações que empreendemos, nas ideias com que tentamos representar a realidade, nas instituiçoes que criamos, nos projetos que realizamos. Também, ao longo do tempo, fomos aprendendo que é porque aceitamos essa imperfeição que não desistimos dos nossos projetos. Se o mundo fosse perfeito que  sentido teria a nossa vida? Quando estudava, a minha avó, anafabeta como a maior parte das mulheres nascidas no século XIX, com alguma preocupação de que pudesse apanhar uma raposa, dizia-me: - olha que eu nunca apanhei nenhuma! 

Na vida é assim: é preciso meter as mãos na massa e, como diz o povo, quem tende e amassa tudo se lhe passa.

Gostaria de reafirmar que quando falo ou escrevo não é para dizer como as coisas são ou como deveriam ser mas tão só como eu as vejo. Esta é a minha base de entendimento e respeito para com os outros. Por isso, procuro que as propostas do meu projeto sejam fundamentas, claras, transparentes, sujeitas a críticas e alterações.   

Desde o princípio, este blog - VILAR MAIOR, minha terra minha gente - estabeleceu um conjunto de objetivos entre os quais foi ganhando corpo o projeto 'Tornar Vilar Maior uma Aldeia Cultural'. 

Temos eleições à porta e, venha quem vier,  gostaria de ver compromissos escritos, concretos e específicos, com os eleitores para os próximos quatro anos.

O meu contributo é o já referido projeto que coloco à disposição dos candidatos. 

 

publicado por julmar às 08:18
link | comentar | favorito
Sábado, 28 de Agosto de 2021

Quando a Festa virou tragédia - A imprensa 2

Jornais Diários de Lisboa e Porto e jornais regionais fizeram reportagens e deram notícia

tragedia.jpg

 

publicado por julmar às 12:44
link | comentar | favorito
Sexta-feira, 27 de Agosto de 2021

Quando a Festa virou tragédia - A imprensa

Para os que se queixavam que a Vila não se encontrava no mapa, de um dia para o outro, pelas piores razões, salta para as primeiras páginas dos jornais

Scanner_20190609 (29).png

 

publicado por julmar às 05:57
link | comentar | favorito
Quinta-feira, 19 de Agosto de 2021

Quando a Festa virou tragédia II

IMG_0442.JPG

A emigração para França está no seu auge. A Vila continua pobre: estrada de terra batida, sem água canalizada, sem saneamento, sem eletricidade, sem assistência médica. Os francos, (sempre se falava em francos velhos que ajudavam a construir imagens de milhões) cambiados para notas de quinhentos e de mil escudos, circulavam em abundância. Agosto e setembro, os meses de vacanças, era o tempo de ir a mercados e feiras, de fazer a compra do lameiro, da vinha, do Chão, da tapada, da veiga, que haviam de assegurar uma vida boa, quando a França acabasse. Sim, porque ninguém imaginava ficar por lá, porque, como diziam, ‘a França não vai durar para sempre ‘.  As vacanças eram o tempo de mostrar a todos que a vida corria bem, que estavam a ser bem-sucedidos e, até, trocavam os ‘bôs dias e vá com Deus’ por ‘Bonjour! Coment ça va? - Ça va bien!’

Tempos de orgulho e vaidade. E, também, de agradecimento com esmolas fartas para a Festa. Das fitas roxas pendentes da imagem do Senhor dos Aflitos sobressaíam largas notas de quinhentos e de mil. Pelas dez horas da manhã do domingo de festa, no largo da capela do Sr. dos Aflitos, já com o palco ornamentado para a missa campal, o Sr. Carlos Freire procedia, em voz bem colocada e serena, à arrematação das ‘pernas’ do andor do Senhor dos Aflitos: perna direita da frente, perna esquerda da frente, perna direita da retaguarda, perna esquerda da retaguarda. Novamente, o mesmo para outro turno. Eram muitos os que queriam pagar a promessa (por terem chegado sãos e salvos a França, pela cura de uma doença, por um motivo que só o próprio sabia, por qualquer outro tormento ou aflição) e as arrematações estenderam- se a bandeiras e estandartes, a andores de outros santos, com destaque para o andor da Senhora de Fátima. Tudo para que a festa fosse rija.

Quando se falava de festa, era da festa do Divino Senhor dos Aflitos. O dia mais importante do ano era o domingo da festa, cheio de uma intensidade difícil de conter num só dia. Por isso, começava bem cedo: a alvorada com a banda de música de Loriga, do cimo da torre da Igreja, de trompas e trombetas voltadas para a povoação, executava de forma enérgica o despertar.

De imediato, o fogueteiro começava a desfiar a sequência de foguetes que os ajudantes lhe iam chegando: primeiro os mais fracos de resposta, depois os de tiro; seguiam- se os de canhão, primeiro os de resposta e depois os de tiro, por cerca de uma hora. Terminava, então, com a latada: muitas dúzias dispostas em fila numa geringonça feita para que, numa sequência curta, o som parecesse um troão único, tão forte como se, assim aos estoiros, quisessem abrir as portas do céu. Estava dado o sinal de que a festa ia ser rija. Aos de Aldeia da Ribeira, sempre a desafiarem- se, ficava entregue a mensagem - Nunca conseguirão fazer isto!

O ritual da festa é sempre o mesmo com a banda e os foguetes a marcar o compasso. Agora, um momento de acalmia para o pequeno-almoço. A seguir, umas pancadas no bombo chama os filarmónicos, espalhados pela praça e, postos em fila, ao sinal do maestro, inicia a marcha pelas ruas do povo. As mordomas, com os cestos de vime, à frente da banda, recolhem as oferendas para a quermesse. O som da música e o estralejar dos foguetes entusiasmam a garotada que caminha à frente da banda. As mulheres preparam o almoço e vestem os filhos com roupa festiva a estrear. Das portas abertas vem o cheiro dos guisados de borrego e do arroz doce. A recolha das oferendas está a terminar, a banda e acompanhamento passam frente à igreja da Misericórdia onde os fogueteiros atarefados, no largo, na companhia de alguns curiosos das artes pirotécnicas, preparam os foguetes para o final da procissão. Uma provável cana de foguete com resto de lume, vem do alto sobre o molho de foguetes que explodem e, por simpatia, estoira todo o arsenal da Casa do Sino onde estariam cerca de quinhentas dúzias. Agora não foi só Aldeia da Ribeira a ouvir mas todas as povoações vizinhas.

Uma enorme nuvem de fumo e poeira cobriu o ar, um intenso cheiro a pólvora espalhava-se em redor. Os olhos incrédulos encontravam no sítio da Igreja apenas um monte de pedras. As pessoas corriam, para um lado e para outro, à procura dos seus. Aos poucos, sossegavam uns e começava a ouvir-se o choro e os gritos daqueles a quem um ente querido fora atingido. A Festa tinha acabado ali.

Em vez da música e do troar dos foguetes, um silêncio pesado. Em vez do riso e da alegria, o pranto e a dor amassados em lágrimas. Em vez do Adeus ao Senhor dos Aflitos, o adeus aos que morreram.

A fé dos homens não foi abalada e a Misericórdia de Deus foi reconstruída.

publicado por julmar às 05:57
link | comentar | favorito
Terça-feira, 10 de Agosto de 2021

A História escrita em pedra. A lagareta de Badamalos

 

lagareta de badamalos1.jpg

A União de freguesias de Aldeia da Ribeira, Vilar Maior, Badamalos constitui um extenso território com uma área superior à de muitos concelhos do país, que vai da raia de Espanha até ao rio Côa, um território de planalto, de montes e vales serpenteado por ribeiras e ribeiros que se inclinam para o Côa, com uma história que, em boa parte, está escrita em pedra e, por não ter  sido transcrita em papel, passará diretamente para o universo digital. Nada tem sido feito, para além do nome e do ato administrativo - UNIÃO - para construir a unidade dos povos e gentes que a constituem e de conhecer e explorar as suas potencialidades. Por mim, não o faço tanto quanto gostaria. 

Nos finais de 2020, Natália Rodrigues, de Badamalos, publicou na sua página do Facebook, uma fotografia semelhante à que ilustra este post e fiquei cheio de curiosidade. Foi assim que, posteriormentete, entrei em contato com o João Afonso que me levou ao lugar onde pude observar o monumento. Neste mês de Agosto, em dia que percorri as praias fluviais do nosso rio Côa, antes de visitar a de Badamalos, desviei, logo à entrada da povoação, para o caminho para Valongo e, a cerca de 150 metros, meti numa rodeira à direita e, a cinquente metros, lá estava a lagareta.

A uma altitude de 770 metros ( 40°28′47″ N 6°58′50″ O), quase no cume do cabeço.Escavada numa rocha monolítica , em aproximada forma oval, com um ligeiro declive , na direção Sul , tendo nessa extremidade, rasgada uma abertura para um pio inferior cerca de 40 cm, escavado na mesma rocha de cor branca e grão grosso. O local, pequeno afloramento granítico, onde se encontra, é  infértil, povoado de giestas e serviria de pasto para cabras e ovelhas ou, na falta de melhor terra arável, poderia servir para cultivo de centeio. A profundidade do lagar é  irregular, crescendo em profundidade no sentido do pio. Esta lagareta é do mesmo tipo da que existe em Vilar Maior, dentro da propriedade contígua à povoação, como a de Badamalos,  denominada Cerrado, no lugar dos Mortórios. As duas muito semelhantes, a de Vilar Maior com um perímetro maior mas de menor profundidade. O pio da de Vilar Maior com maior volumetria. Em ambos os casos, as funções seriam idênticas e, mais que ao serviço de quaisquer rituais religiosos, serviriam como lagares onde se pisavam as uvas cujo precioso líquido escorria para o pio e daí seria transportado para outro vasilhame. Num e noutro caso,  estavam rodeadas de vinhas. A lagareta da Tapada Limpa, de que já tratámos neste blog, no lugar da Correia, ainda que diferente destas, teria idêntico uso, ainda que não exclusivo. 

A vinha e o centeio, quer em Vilar Maior quer em Badamalos, ocupavam a maior área agricolável. O lagar estava para o vinho, como o lajedo da eira para o centeio.  Que seria do homem destas terras sem o pão e o vinho?

 
publicado por julmar às 19:06
link | comentar | ver comentários (2) | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
11
12
13
15
16

17
18
19
20
21
22
23

24
25
26
27
28
29
30

31


.posts recentes

. Vilar Maior, minha terra ...

. Família Silva Marques

. Emigração, Champigny-sur-...

. Para recordar - Confrater...

. Requiescat, Isabel da Cun...

. Em memória do ti Zé da Cr...

. Requiescat in pace, Fenan...

. Paisagem Zoológica da Vil...

. Gente da Minha terra (192...

. Requiescat in pace, José ...

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds