1969 (?)
Durante vários anos, os vilarmaiorenses que haviam procurado Lisboa para fugir à parvónia, reuniam-se, anualmente, e confraternizavam. A eles se juntavam alguns que iam da Vila. Assim se fortaleciam os laços e se alimentavam as raizes.
D. Zezinha e filho
Marias há muitas. Tantas que, se nada se acrescentasse antes ou depois do nome, dificilmente se saberia de quem se estava a falar. Daí que, a maior parte das vezes, se lhe apusesse mais um nome próprio, um qualquer. Mas tratando-se de mulher que por linhagem, riqueza, educação ou posição social se quisesse distinguir, poderia fazer-se anteceder o nome de “Dona”. Recordo a Dona Maria, filha de Dona Evangelina, da linhagem antiga dos Osório Fonseca. O mais frequente era substituir, no trato social, Maria por Marquinha. E aqui os da minha geração, basta puxarem pela memória para lhes ocorrer um rol de Marquinhas. Destas, uma ou outra, perdida a primeira sílaba, ficava a ser tratada como Quinha.
Mas voltando às Donas do século XX, falamos, hoje, de uma Maria, a Dona Zézinha, que de nome completo era Maria José de Oliveira Morais, sendo que, por vezes, aparece Gouveia em vez de Morais. Das muitas proibições que havia à época, extensivas a todos os cidadãos, algumas tão ridículas como a de usar isqueiro, outras se acrescentavam às mulheres, como, por exemplo, a de entrar na igreja de cabeça descoberta e, outras ainda, às professoras que tinham de obter licença do Governo, devendo o noivo apresentar um atestado de bom comportamento moral e civil e, um outro, que atestasse que auferia rendimento superior ao ordenado da noiva. Tempos do Estado Novo.
Jovem muito pretendida, não só por saber ler, coisa incomum, certamente pela origem social, quiçá pelo porte físico, veio a ser consorte de Raul Gouveia Araújo, filho de Alexandre Gonçalves Araújo e de Mariana Fonseca Gouveia. O senhor Alexandre, um dos mais ricos proprietários, mantinha na família um estilo de vida citadino que os rendimentos agrícolas e rendas não suportavam, como pudemos constatar com a consulta ao livro do Deve e Haver do comércio do Sr António Gata, onde está descrita a quantidade e espécie dos produtos consumidos e respetivos valores. O remédio era pedir emprestado e vender, uma após outra, algumas das propriedades. A extensa prole de filhos e filhas foram casando, uns saindo da terra ( Figueira da Foz, Gerês...).Na Vila, ficou a Celestinha - jovem de rara beleza que trouxe até cá o principe encantado, conduzindo um automóvel por caminho impróprio para a viatura, que a estrada ainda havia demorar a chegar. O primeiro automóvel a entrar na Vila. Fosse por causa da ínvia caminhada ou por razão que desconhecemos, o príncipe não voltou. Haveria de casar com José Ferreira Franco, ex-seminarista, ex-soldado, com mais cultura que a maior parte dos seus conterrâneos, agricultor forçado pela necessidade, fazendo barbas e cortando cabelos, aplicando injeções a doentes, enquanto a sua Celeste fazia crochet. A Celestinha, a quem o sol não crestava no campo, ficava por casa, qual Penélope, a fazer rendas sem fim.
O Raúl, também, ficou pela Vila. Com a educação que os pais lhe deram, com resto de propriedades partidas e repartidas, já pouco poderia vender. Por isso, o senhor Raul era um pouco agricultor, um pouco sapateiro, um pouco pescador, um pouco caçador. Por pouco tempo, regedor, também. Talvez , informador, também. Por isso, quando todos foram para França, o senhor Raul, que era um pouco trabalhador, foi e não voltou mais. Haveria de ir a D. Zezinha que não voltaria mais. E o filho, o Carlos Alexandre, meu colega de seminário iria para a França, também. Passados muitos anos, veio de visita. Não voltou, não voltará mais.
Das muitas coisas que via do balcão da casa onde nasci, todos os dias via esta família. Num dia soalheiro de dezembro, a casa do senhor Raul estava mais movimentada. Tinha-se matado o marrano, nessa manhã, e ao farto almoço desses dias acorria sempre mais gente. Do meu balão, ouvi um tiro e a seguir, uma grande confusão. O Alexandre pegara na espingarda e disparara, tendo atingido a irmã Adelina, felizmente, sem gravidade.
Um dos documentos basilares da História da Vila: Monarquia Lusitana, V Parte
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