Mais um conterrâneo que nos deixa. Faleceu em França, onde será sepultado, José Bárbara Cunha, filho de Francisco Cerdeira Cunha e de Justina Leitão Bárbara, uma das famílias mais numerosas da vila. Nascido em 1936, foi à inspeção em 1956 militar acompamhado de um numeroso grupo de mancebos conterrâneos, ainda vivos uns, falecidos já outros, como recentemente o João Badana de quem demos notícia. Foi dos primeiros a tentar o caminho de França, a salto, que com várias peripécias não correu bem à primeira. Uma doença silenciosa anunciou-se com um prazo de vida curtíssimo. À família apresentamos as nossas condolências.
Com a ascenção de D. Manuel ao trono (1495) e, na sequência da expulsão dos judeus de Espanha, aterrorizados pela Inquisição, muitos deles fugiram para Portugal e, alguns, ficaram pela raia portuguesa. Por cá as coisas não lhes correram melhor e as perseguições, a violência e massacre de judeus tomam lugar nas páginas mais negras da nossa história. Aqui pela Vila, no Cimo da Vila, terá vivido uma comunidade judaica como o testemunha a existência de um lugar de culto e inúmeros símbolos judaicos inscritos nas ombreiras das portas. Muitos judeus terão sido arrastados à força à pia para receberem o batismo e passaram a praticar o culto judaico na clandestinidade, o que não devia ser fácil. Eram designados como judeus conversos ou marranos. O certo é que por aqui o porco, cuja carne era interdita aos judeus, se passou a designar por marrano e o marrano passou a ser o símbolo da imundicie e um insulto para os sujos.
Se havia animal útil nesta comunidade era o marrano e só uma família muito pobre não tinha um. Os pouco católicos diziam que 'uma missa e um marrano dá para todo o ano' , os maçónicos ( insulto usado para os que não frequentavam o serviço religioso) diziam que ' o padre e o porco' só se aproveita depois de morto'.
A matança do marrano começava com a chegada do frio do Inverno. Nunca na casa havia tanta abundância alimentar. Talvez, por isso, nesse dia o compadre Valério, antes do início do lauto jantar, presidisse à oração de agradecimento e rezasse pelas almas do purgatório.
Tudo isto, por causa da fotografia que nos mostra a cortelha do marrano, em baixo, e o poleiro das pitas, em cima.
Com dois livros deixados a meio - coisa inhabitual - , não quis esperar mais para ler este. E lá viajei, não como o jovem professor mas como professor que já fui, a caminho de Gorda e Feia, uma aldeia com morte anunciada como a minha. Porque as aldeias morrem porque as pessoas morrem, os novos foram e ficam os velhos à espera da morte. E eu que não sou o Dr Bártolo que previu, rigorosamente, quando cada um dos habitantes morreria, sei que todos os da minha aldeia vão morrer e que, como Baiôa, não tenho data para morrer, mas que de cada um vou, no blog, 'Minha terra, minha gente' , dando notícia, fazendo o respetivo epitáfio. O Chico toca a sinal para os que estão lá e eu registo aqui para os que estão fora e para memória futura. Com o Chico já contratei que só morrerá depois de me tocar a sinal e que dele deixarei tudo pronto e encomendado para que o blog 'Vilar Maior minha terra minha gente' publique o seu 'requiescat in pace'. O mesmo procedimento usarei para mim. A brincar (se é que com a morte se pode brincar) ou a sério, já alguns conterrâneos me têm perguntado se eu já tenho a foto deles para o seu requiescat in pace. Um deles, de que guardo segredo, até me perguntou quanto é. Para muitos será a única memória escrita para além das certidões obrigatórias na burocracia do Estado.
Voltando a Baibôa, a minha última leitura, tenho de agradecer ao autor Rui Couceiro, por não conhecendo a minha aldeia, me falar nela, por me confirmar o retrato do futuro dela. Um dia, todos morrerão sem terem sido substituídos por outros. Essa é a tragédia.
Faleceu, em França, o nosso conterrâneo José Lavajo André (10.08.1939 - 28.09.2022) , filho de Joaquim André e de Maria Lavajo. O funeral será no dia 7, sexta feira, em Vilar Maior. Apresentamos as nossas condolências à família, nomeadamente, a suas irmãs - Beatriz, Ana e Filomena.
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