Faleceu mais uma conterrânea, Alice Rasteiro, filha de Júlio Rasteiro e Maria Emília Silva, viúva de Amadeu, que viveu os últimos anos no Centro de Bem Estar Social da Malhada Sorda. Da extensa família, que viveu numa casa junto da Misericórdia, constituída por dois irmãos - o José e o António - e quatro irmãs - a Alice, a Ester, a Isabel e a Conceição - , apenas a Conceição continua entre nós.
Apresentamos à irmã, aos filhos e restante família as nossas condolências.
Dizia-me um conterrâneo, em tom de crítica amigável, no Verão próximo passado, que este blog dava mais importância ao passado e aos mortos do que ao presente e aos vivos e, claro, não deixa de ter razão. Alguma razão. Terá a ver com o inexorável fato da velhice que, ano a ano, carrego em mim e me leva com mais frequência ao cemitério da aldeia onde converso com gente com quem vivi. Pensando bem, é nos cemitérios que encontramos a razão do presente e o sentido do futuro. O que são as bibliotecas senão cemitérios de livros, esse armazens do saber? O que aprendemos é não tanto com o vento que passa mas com o vento que passou.
É assim que, ao interessar-me pelos Fonsecas Osórios de hoje, navego pelo passado e me aparece gente que " por obras valerosas se vão da lei da morte libertando". A gente que veio parar à minha terra é gente que aqui veio ter, aqui viveu e daqui partiu: Gente rica, gente nobre, gente pobre; exércitos, alcaides, milícias, guerreiros e guerrilheiro, soldados, capitães, tenentes e coronéis; bispos e vigários gerais, padres e capelães, missionários e pregadores; pessoal da administração concelhia e da alfandega, tabeliães, juízes espadanos, regedores; guardas do monte, dos rios, do fisco e da república. Todos em nome de Deus e do rei sustentados por quem trabalha a terra - lavradores, pastores e cavadores - que de tão ligados à terra não iam nem vinham, por aqui ficavam aguardando o tempo das colheitas para de novo semearem, uma vez e outra, e outra. Havia os homens dos ofícios todos vitais mas de tantos que são que fiquem aqui registados os ferreiros e os pedreiros por razões da sua evidente importância. Sobra desta gente os que por cá passavam ao serviço do rei - Duarte D'Armas desenhador; o Infante D. João de Castro - irmão do rei D. Fernando que fugido à justiça se acoitou no castelo; os homiziados que aqui cumpriam as penas de seus crimes; os pobres que mendigavam um pedacito de pão, por Deus; os criados, os ganhões e criadas de servir, os recém-nascidos colocados na roda enjeitados, os contrabandistas, os jograis e os teriteiros, as bruxas e boticários, amola tesouras e capadores. E também vinha gente de longe cobrar as rendas, por si ou por seus delegados, como a condessa de Bobadela que arrecadava 140 alqueires de pão por ano. Se aqui houvera uma procissão com toda esta gente com os instrumentos com que ganha a vida - na verdade perdendo-a a cada dia que passa - haveria de ser um espectáculo admirável. Se não desse para o torto ... que a gadanha do feno, a foice do pão e todas as outras são armas de dois gumes.
Então e as mulheres, voltam a ficar esquecidas? As mulheres eram as mulheres desses homens.
Então, e o que é que tudo isto tem a ver com o bispo Jerónimo Osório da Fonseca? Veremos num próximo post.
Quem me Dera
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco
Fernando Pessoa
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