Sexta-feira, 22 de Setembro de 2023

Ora, viva a Pândega

Viva a pandega.JPG

Personagens : à frente, da esquerda para a direita: Zé Simões, Zé Osório e Raúl Araújo; atrás; da esquerda para a direita: Quem souber que identifique o senhor de vara na mão, chapéu, colarinho da camisa apertado; de garfo na mão, se não é o Zé Dias, quem é? Fernando Castelo Branco; Alexandre Araújo Gonçalves (pai do Raul), o mais velho de todos (1861-1944). Apesar da informalidade ninguém perde a compostura no trajar. Todos num momento único que advinhavam ia ser publicitado, muitos anos mais tarde, no blog Vilar Maior, minha terra, minha gente. 

Local - Dentro das muralhas do Castelo que, como se vê, já eram aproveitadas para manifestações culturais. É possível conjeturar que as estruturas de madeira, atrás, tivessem (não com estes atores mais dados à vida real que à sua representação) servido para uma representação teatral que faziam parte da tradição vilarmaiorense.

Tempo :  No Verão (era nessa altura que a visita - Zé Osório - vinha à aldeia, à festa do Senhor dos Aflitos). Quanto ao ano, principio da década de quarenta.

Cena: Uma celebração de aniversário ou, apenas, de encontro de amigos. na forma do que na altura se designava como uma pândega. O cristianismo não apagou por completo as festas pagãs e, talvez, pândega provenha de um termo grego "pandeia" que significa todos os deuses festivos. Claro que as pessoas para festejar não precisam de saber essas coisas e quanto menos souberem melhor é a festa. Dionísio e Baco sempre foram celebrados e a vida seria muito triste sem eles. Vinho da Correia, no sopé do Vale da Lapa,  a correr abundante de um enormíssimo corno, provavelmente importado, que embora os houvesse em Vilar Maior, nenhum com semelhante tamanho. O petisco, sabe-se lá, talvez caça de perdiz ou coelho, que ali há caçadores, ou simples punheta de bacalhau. O importante é a reinação, animada pelo vinho e pela canção:

Ora viva pândega!

Ora viva lá

Como esta pândega

Não há, não há

Nem pode haver

 

publicado por julmar às 14:49
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2023

A arte de tocar os sinos

sino.jpg

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa in “Obra Édita”

Segunda feira de Festa, encontrava-me acamado devido ao Covid e, no silêncio do meu isolamento, junto à torre da Igreja, pude apreciar a arte de bem tocar os sinos. Que bem que me soube ouvir estes sinos que repicaram para mim no dia do meu batizado já lá vão mais de setenta anos! E posso dizer que fiquei muito intrigado com a arte do executante. E, claro,  recordei o mais velho de todos o ti Manel Junça, o seu filho o Zé Prata (há muitos anos emigrado em França), o Alexandre Badana, o Dani e o último  dos sineiros, o Xico da ti Elvira, já falecidos. Mas quem poderia ter tocado o sino? Lembrei-me que poderia ser o Zé Prata que tinha vindo à festa. Dias depois, encontrei-o. - Olhe lá, quem foi que tocou os sinos na segunda feira de festa?

- Fui eu!

- Bem me parecia! 

Elogiei-lhe a mestria, acrescentando que «filho de peixe, sabe nadar».

- Não, não, está enganado! Não foi o meu pai que me ensinou, eu é que lhe ensinei a ele. A mim quem me ensinou foi o Zé Dias e com 10 anos eu tocava os sinos e ajudava à missa. Ainda hoje, em França, sou eu que trato da Igreja e, muitas vezes, substituo o padre. 

Fazendo bem as contas, bem poderá ter sido o Zé Prata que me anunciou ao povo como um novo cristão. 

 

 

publicado por julmar às 19:07
link | comentar | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Outubro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28
29
30
31


.posts recentes

. Requiescat in Pace, José ...

. Os Rios da Minha Infância

. Liber mortuorum

. Centenário da capela do s...

. Requiescat in pace, Manue...

. Paisagem humana - A Vila ...

. Jeirinhas e os bois teimo...

. Diário de um bebedor de a...

. Arqueologia - Em busca de...

. Requiescat in pace, João ...

.arquivos

. Outubro 2024

. Setembro 2024

. Agosto 2024

. Julho 2024

. Junho 2024

. Abril 2024

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.O encanto da filosofia, o badameco

. Liber mortuorum

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds