VILAR MAIOR, minha terra, minha gente

Se Torga vivesse hoje teria um blog que havia deixar envergonhado o Badameco que, dado o seu nome, não tem pretensões a não ter maior altura do que a que lhe permita chegar com os pés ao chão. Com efeito, nada se assemelha tanto a um blog como a autobiogrfia do referido poeta. Estou-me a ver seguir o poeta, dia após dia, ano após ano, nesse itinerário magnífico que, nesse andar de terra em terra,  faz a descrição de um monte, de uma planície, da tasca simples onde almoça, do gesto, da palavra de um qualquer personagem, a interrogar o país que temos ou a entrar dentro de si numa procura incessante do sentido do que faz e da morte sempre presente na vida.

Da realidade local, ei-lo na Miuzela, no dia 7 de Novembro de 1971:

Largo sorriso da terra

A festejar o sol nado;

Um arado

Aguça a ponta de ferro

Na luz macia, Antes de começar o dia

De trabalho;

Por um atalho de lã churra

Rola um rebanho, à frente

Do pastor paciente

Que o empurra

Não, propriamente, para anunciar mas para que aqui fique registado neste blog, que em boa parte, se tornou numa espécie de Liber Mortuorum, a morte deste nosso conterrâneo de que desconhecia a ascendência nos Barreiras e nos Alves. Sempre o conheci como o Armando da ti Laura. Mais um conterrâneo que nos deixa. Aos seus familiares as nossas condolências.