Domingo, 24 de Novembro de 2024

Requiescat in pace, Júlio Chorão

Chorão só.jpg

Faleceu ontem, Júlio Chorão e o funeral terá lugar em Vilar Maior, amanhã, sábado, pelas 12 horas. Natural de Aldeia da Ponte, casou com Fernanda Simões da Vila. Após a reforma, passou largos anos em Vilar Maior e era sempre com gosto que nos cumprimentávamos e conversávamos um pouco. Era irmão de três ilustres sacerdotes que desempenha(va)m funcões na diocese de Évora: O cónego Lourenço que oficiou várias vezes na festa do Senhor dos Aflitos; o padre Adriano e o padre Dr Joaquim de quem fui aluno no Seminário Maior, respetivamente, de Música e de Filosofia. As nossas condolências. 

publicado por julmar às 17:32
link | comentar | favorito
Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024

Requiescat in pace, Quinha

Quinha.jpg

Maria José Caramelo da Silva

Como calculo, muitos não se lembrarão da Quinha e muitos mais acharão estranho o nome. Eu que passo o tempo a interrogar-me sobre a gente da minha terra, já em tempos escrevi neste blog um texto com o título "Marias há muitas":

 'Eram tantas que, se nada se acrescentasse antes ou depois do nome, dificilmente se saberia de quem se estava a falar. Daí que, a maior parte das vezes, se lhe apusesse mais um nome próprio, um qualquer (...). O mais frequente era substituir, no trato social, Maria por Marquinha. E aqui os da minha geração, basta puxarem pela memória para lhe ocorrer uma quantidade de marquinhas. Destas, uma ou outra, perdida a primeira sílaba, ficava a ser tratada como Quinha.'

No caso da Quinha é, para mim diferente, por ser parente e, assim,  a conhecer e a toda  linhagem.  A Quinha era filha do ti Zé Silva (ferreiro) e da ti Clara dos Anjos Caramela, sendo que o ti Zé Silva era irmão da minha avó Isabel e a ti Clara, irmã do meu avô Albino Caramelo Leonardo. Se dissermos que a Quinha é filha do ti Zé Silva e da ti Clara, todos (pelo menos os da minha geração) ficam a saber quem é e, se acrescentarmos que era irmã do Zé Silva que em dias de festa do Senhor dos Aflitos se lhe entregava de corpo e alma, ficamos esclarecidos. 

A Quinha, forma de tratamento carinhoso, tão de acordo com a sua pessoa, foi casada com o conterrâneo Antonio Dias de Almeida. Um casamento que durou poucos anos num tempo em que separação e divórcio eram socialmente mal vistos e muit penalizadores para as mulheres. A Quinha foi para Lisboa por volta de 1950 e a filha, a Beleca, ficou na Vila até fazer a  4ª classe. Por Lisboa viveu longos anos exercendo a profissão de costureira. De alguns anos a esta parte esteve no Lar da Bismula. E com o ADN  da família Silva Leonardo chegou à vetusta idade de 98 anos. O seu corpo regressa ao torrão natal onde será sepultado no dia 15, sexta feira. As mais sentidas condolências para as filhas Beleca e Lina e demais familiares.

 

 
 
publicado por julmar às 17:17
 
link | comentar | favorito
publicado por julmar às 16:35
link | comentar | favorito
Segunda-feira, 11 de Novembro de 2024

Famílias da Vila - Osório da Fonseca

Dizia-me um conterrâneo, em tom de crítica amigável, no Verão próximo passado, que este blog dava mais importância ao passado e aos mortos do que ao presente e aos vivos e, claro, não deixa de ter razão. Alguma razão. Terá a ver com o inexorável fato da velhice que, ano a ano, carrego em mim e me leva com mais frequência ao cemitério da aldeia onde converso com gente com quem vivi. Pensando bem, é nos cemitérios que encontramos a razão do presente e o sentido do futuro. O que são as bibliotecas senão cemitérios de livros, esse armazém do saber? O que aprendemos é, não tanto com o vento que passa, mas com o vento que passou. 

É assim que, ao interessar-me pelos Fonsecas Osórios (ou Osórios  Fonsecas) de hoje, navego pelo passado e me aparece gente que " por obras valerosas se vão da lei da morte libertando". A gente que veio parar à minha terra é gente que aqui veio ter, aqui viveu e daqui partiu: Gente rica, gente nobre e gente humilde e pobre; exércitos, alcaides, milícias, guerreiros e guerrilheiros, soldados, capitães, tenentes e coronéis; bispos e vigários gerais, padres e capelães, missionários e pregadores; pessoal da administração concelhia e da alfandega, tabeliães, juízes espadanos, regedores; guardas do monte, das rasas, dos rios, do fisco e da república. Todos em nome de Deus e do rei sustentados por quem trabalha a terra - lavradores, pastores e cavadores - que de tão ligados à terra não iam nem vinham, por aqui ficavam aguardando o tempo das colheitas para de novo semearem, uma vez e outra, e outra. Havia os homens dos ofícios todos de tanto préstimo, mas que fiquem aqui realçados ferreiros e pedreiros por razões da sua evidente importância. Sobra desta gente os que por cá passavam ao serviço a mando do rei - Duarte D'Armas desenhador; o Infante D. João de Castro - irmão do rei D. Fernando que fugido à justiça se acoitou no castelo; os homiziados que aqui cumpriam as penas de seus crimes; os pobres que mendigavam um pedacito de pão, por Deus; os criados, os ganhões e criadas de servir, os recém-nascidos colocados na roda  dos enjeitados, os  contrabandistas, os jograis e os teriteiros, as bruxas e boticários, amola tesouras e capadores. E também vinha gente de longe cobrar as rendas, por si ou por seus delegados, como a condessa de Bobadela que arrecadava 140 alqueires de pão por ano devidos pelo feitor da Quinta das Batoquinhas. Se aqui houvera uma procissão com toda esta gente com os instrumentos com que ganha a vida - na verdade, perdendo-a a cada dia que passa - haveria de ser um espetáculo admirável. Se não desse para o torto ... que a gadanha do feno, a foice do pão e todas as outras são armas de dois gumes.

Então e as mulheres, voltam a ficar esquecidas? As mulheres eram as mulheres desses homens. 

Então, e o que é que tudo isto tem a ver com o bispo Jerónimo Osório da Fonseca? Veremos num próximo post

publicado por julmar às 12:12
link | comentar | favorito (1)
Terça-feira, 5 de Novembro de 2024

Rua Direita, quem te trocou?

Óbitos do século XVIII

óbitos 1730.jpg

Conclusão

Uma pequena luz se fez sobre a minha terra e a minha gente em meados do século XVIII, do modo como viviam, do que dava sentido às suas vidas; do papel da Misericórdia na comunidade, dos nomes das gentes, da “Igreja matriz derrobada”. Também dos párocos que ao longo destes anos escreveram as poucas linhas da história dos que faleceram, e dos momentos ante mortem  da vida, mais ou menos longa, que viveram. Ficou registada a sua passagem pela vida terrena.

 E, antes que termine, lamentar que a única rua mencionada neste rol de assentos, a Rua Direita, tenha deixado de o ser para passar a ser Rua do Arco. Desconhecem os autores da alteração que esse topónimo é frequente em vilas medievais e era assim designada por ser uma das mais importantes ruas desses núcleos urbanos. "Direita" neste contexto não indica necessariamente uma direção (como esquerda ou direita), mas sim algo como "reta", "principal" ou "direta" no sentido de caminho mais direto e central que ligava locais estratégicos, como a praça central, o castelo, o mercado ou a igreja principal. Era o eixo por onde circulavam mercadorias, pessoas e atividades essenciais da vila. No caso da nossa Vila de Vilar Maior, ela ligava as Portas, aos Paços do Concelho, ao Arco, à Igreja Matriz de S. Pedro, Igreja de Nossa Senhora do Castelo e ao Castelo.

Rua direita.jpg

 

publicado por julmar às 14:55
link | comentar | favorito

.Memórias de Vilar Maior, minha terra minha gente

.pesquisar

 

.Novembro 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
12
13
15
16

17
18
19
20
21
22
23

25
26
27
28
29
30


.posts recentes

. Requiescat in pace, Júlio...

. Requiescat in pace, Quinh...

. Famílias da Vila - Osório...

. Rua Direita, quem te troc...

. Requiescat in Pace, José ...

. Os Rios da Minha Infância

. Liber mortuorum

. Centenário da capela do s...

. Requiescat in pace, Manue...

. Paisagem humana - A Vila ...

.arquivos

. Novembro 2024

. Outubro 2024

. Setembro 2024

. Agosto 2024

. Julho 2024

. Junho 2024

. Abril 2024

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Fevereiro 2007

. Janeiro 2007

. Dezembro 2006

. Novembro 2006

. Outubro 2006

. Setembro 2006

. Agosto 2006

.O encanto da filosofia, o badameco

. Liber mortuorum

.links

.participar

. participe, leia, divulgue, opine

blogs SAPO

.subscrever feeds