As mulheres da minha aldeia sempre foram o pilar invisível, mas inquebrantável, que sustentou famílias, tradições e memórias. Eram elas que amanheciam antes do sol, preparando o pão, cuidando dos filhos, lidando com a terra e com os animais, sem nunca se queixarem do peso que carregavam nos ombros. Mulheres de mãos calejadas e olhares firmes, que sabiam que a vida era feita de trabalho e resistência.
Também havia os homens – e que seria deles sem elas? A natureza, na sua inteligência, mandava, regra geral, que os homens morressem primeiro, pois não saberiam cuidar de si. Viúvas ficavam vestidas de negro para sempre, não apenas em sinal de luto, mas porque a sociedade esperava delas essa devoção silenciosa. Seguiam em frente, carregando sozinhas a memória dos que partiram e a responsabilidade de manter as famílias unidas.
Na minha aldeia, as mulheres eram as primeiras a levantar e as últimas a descansar. Elas davam à luz, criavam os filhos, enterravam os seus mortos e seguiam vivendo, mesmo quando a vida parecia não lhes dar tréguas. Eram donas de uma força silenciosa e de uma dignidade que o tempo não conseguiu apagar.
Hoje, quero homenagear essas mulheres, que foram mães, avós, irmãs e filhas, que amaram e sofreram em igual medida, que riram e choraram sem nunca perder a essência daquilo que eram. Mulheres que, mesmo sem saber, ensinaram-nos o verdadeiro significado de coragem e resiliência.
Lembramos aquelas que, desde tenra idade, pegaram na enxada e no sacho, que cavaram a terra com mãos calejadas e pés firmes, que mondaram ervas, ceifaram o trigo, regaram os campos, garantindo o sustento da casa. Mulheres que, mesmo cansadas, voltavam para os seus lares, onde a lida nunca terminava. Acendiam o lume, enchiam a panela com o que a terra dá e, com mestria, aproveitavam cada ingrediente com sabedoria, lavavam a roupa na presa de Vale de Castanheiros ou na ribeira, fiavam e teciam, transformando fios em peças de aconchego. E cantavam, para afugentar o mal.
Foram mães dedicadas, esposas incansáveis, filhas diligentes e avós sábias. Carregaram cestos e cântaros à cabeça, levaram os filhos ao colo e suportaram fardos invisíveis, aqueles que a vida lhes impôs sem pedir licença. Com a força de quem nunca desiste, enfrentaram o vento e a chuva, o frio e o calor, sem nunca baixar os braços. Resistiram.
Hoje, queremosr lembra e honrar estas mulheres. Porque foram elas que, com sacrifício e resiliência, ergueram famílias e transmitiram valores. São elas que nos ensinaram que a verdadeira força não mais do que nos músculos, se encontra na alma, na coragem de continuar, no amor que colocaram em cada tarefa, em cada gesto.
Que neste dia e em todos os outros, possamos reconhecer e agradecer o legado que deixaram e continuam a deixar. Porque sem elas, a nossa aldeia não seria o que é. Sem elas não seríamos, deram-nos tudo. deram-nos a vida, cuidaram de nós. A todas as mulheres da nossa terra, a nossa eterna gratidão.
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