Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011
Neste nosso degraçado País, importa-se tudo.
Até uvas de mesa, que, mais não são genericamente que uns grossos bagos, cheios de àgua e açucar.
Em 2009, último ano a que se reportam estatísticas importamos da África do Sul, Chile, África Mediterrânica e Espanha cerca de cinquenta milhões de quilos de uvas de mesa...
Sem contar com as que todos nós, a começar pelo crítico que sou eu, trazemos de Espanha, em espécie ou em passas,
Comer fruta fora da época, além de ficar caro e desequilibrar a nossa pobre balança de pagamentos, faz mal.
A fruta só se deve comer quando no rancho a dão ao soldado, que então é que ela é boa, gostosa e madura
E obviamente quando é barata.
Para além do custo para a bolsa dos gulosos e do peso na chamada balança de pagamentos, as uvas estrangeiras não tem sabor e por só serem água e açucar não ultrapassarão a categoria lixo, nome com que, agora, os nutricionistas apodam os maus alimentos e as agências financeiras os produtos da bolsa que os seus donos querem adquirir ao preço da uva mijona, que atinge, mesmo assim, alto preço, se vier de fora, fora da época, duplamente, pois, de fora.
E que saudade nos despertam da malvasia, do moscatel de Hamburg, do ferral-tamarando São Paulo Morango ou até de outras castas que os grandes lavradores cultivavam para primícias ou fins de estação.
Em Vilar Maior, as casas solarengas tinham nos quintais que as circundavam umas dúzias de cepas.
Pelo Santiago não era só o bago que pintava, mas todo o Moscatel Torrado a mais precoce das castas.
E já ia Novembro em mais de meio e nas abrigadas aonde não chegara a geada, e ainda se viam parras ostentando ICAS e AREQUIPAS, trazidas do Peru pelos nossos vizinhos de Mirobriga e depois vindas para os Peçanhas por gentileza dos seus parentes castelhanos
As soalheiras encostas da nossa zona,deveriam voltar-se para este tipo de produçao, revivescendo as nossas castas nobres e introduzindo outras, nomeadamente as variedades mais tardias, ensaiadas na Itália e nas de sem graínha.