Pois, à conta da PAC (política agrícola comum) foram as vinhas, foram as veigas e com elas foram as pessoas. É doloroso ver as margens dos nossos rios. Fizeram de nós um país terciarizado acreditando que podíamos viver a fazer mesuras uns aos outros, sobretudo aos estrangeiros, que bastaria engomar camisas sem ter que as produzir. Parece que se está a chegar a uma conclusão. Ora, batatas!
Se estivéssemos no século XX, antes do êxodo migratório do início de sessenta, ser-nos- ia incompreensível que se pudesse viver na vila sem batatas. Terá sido trazida da América do Sul pelos espanhóis como mera curiosidade botânica. Segundo Leite de Vasconcelos a primeira vez que a palavra batata aparece em português é no ano de 1647 e parece que o seu cultivo e consumo generalizado apenas terão ocorrido ao longo do século XIX, de norte para sul do país.
E com o cultivo da batata muda-se a vida e muda-se a paisagem. Dada escassez de terras, os mestres pedreiros levantam paredes ao longo dos rios e criam sucessivos cômoros que ficam cada vez mais altos que o leito dos rios para o que terão de erguer essas construções cilíndricas - os passeios das rodas (noras) - para desgraça da qualidade de vida dos burros chamados à ingrata tarefa de num tempo infindo terem de andar à nora. Há coisas que nem uma besta suporta sem dar em louco. Por isso lhe tapavam os olhos. E para levar a água cada vez mais longe e vencer alturas, os mestres pedreiros levantavam condutas de água rasgadas em duro granito. É que a batata exigia mais terra do que qualquer outra cultura de regadio.
Tapada para o centeio, vinha para o vinho e veiga para as batatas. Pão, vinho e batata, eis a trilogia agrícola fundamental que sustentava as vidas. Por isso, o lavrador chegado o Outono era um homem feliz se na loja a tulha das batatas, a arca do pão e o tonel do vinho tivessem de abonda até à nova colheita. O marrano desfeito em enchido e carnes na salgadeira, mais o pote do unto haveria de vir trazer o acompanhamento e o gosto à batata e ao pão. Tudo o mais, ainda que importantes, são suplementos ou complementos.
E as batatas eram boas de todas as maneiras e sempre com sabor diferente. Ouvia contar da desgraça que foi um ano em que a colheita se perdeu. A criatividade que era colocada para fazer o caldo. Sim, tentem fazer um caldo sem batatas os dias todos do ano! O arroz e a massa eram bens raros para dias de festa. Sim, porque a batata podia ser cozida de novelo, rachada ou descascada dando sempre sabores diferentes. E diferentes não só segundo as variedades mas segundo a terra onde eram cultivadas, constando que as melhores eram as da Balsa; tal como as secadais eram melhores que as regadias.
Porém as que sabiam melhor, eram as que no dia do arranque das batatas eram preparadas e comidas in loco!
. De novo, a condessa de Bo...
. Vilar Maior, minha terra ...
. Emigração, Champigny-sur-...
. Para recordar - Confrater...
. Requiescat, Isabel da Cun...
. Em memória do ti Zé da Cr...
. Requiescat in pace, Fenan...
. Paisagem Zoológica da Vil...
. Gente da Minha terra (192...
. badameco
. badameco
. o encanto da filosofia
. Blogs da raia
. Tinkaboutdoit
. Navalha
. Navalha
. Badamalos - http://badamalos.blogs.sapo.pt/
. participe, leia, divulgue, opine