Domingo, 19 de Fevereiro de 2012
Sempre que vou a Vilar Maior me falam do passado. As pessoas são cada vez menos e cada vez mais velhas. Só as pessoas novas podem falar sobre o futuro. Lembro o tempo em que tinha pouco passado e o tempo se estendia até um horizonte longínquo. Olho os lugares que são a minha memória. Subi ao Cimo da Vila, andei por lá, com este sol radioso esquecido do Inverno. Lá de cima olhei para o povoado: hoje nem o som dos cães; de três ou quatro chaminés saía fumo a atestar de que ali havia gente. Apenas o som dos pássaros. Olhei pela enésima vez as ruínas da Senhora do Castelo, aproximei-me do portão de ferro do cemitério, meti a mão, destravei o ferrolho, empurrei o portão que me respondeu num gemido que bem conheço. Aproximei-me da sepultura dos meus pais e, longamente, conversei com eles. Como vizinhos lá estavam a avó Isabel, o padrinho João e Ascensão, os tios António e Arminda. E por ali cirandei entre gente da minha parentela e gente que fez parte, cada uma a seu jeito, da minha vida que, no descanso entre os resplendores da luz perpétua, me transmite uma grande serenidade.
Esse gemido do ferrolho são as almas do outro lado...
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