Sábado, 22 de Setembro de 2012
Facto perceptível por todos é o de que todos somos diferentes. Perceptível também é que uns são mais diferentes que os outros. São sobretudo estes que fazem a diferença, pagando por isso um preço. Gosto, aprecio as pessoas diferentes que, por isso, assumem o risco da inconformidade, da solidão, da crítica, da audácia e da coragem. Aprecio mais do que as pessoas que pensam fazer, as pessoas que realmente fazem o que pensam.
Vilar Maior, a nossa Vila, teve um passado de que nos orgulhamos e quando chega a hora de mostrar o que valemos, dizemos: - Olhem para o nosso Castelo! Com isso apenas estamos a dizer do valor dos nossos antepassados. Por isso, quando chega a hora de saber onde ficará sediada a junta de freguesia o importante não é o que valeram as terras no passado mas o que valem no presente. Parece caricato, mas uma serração, um aviário ou um talho podem valer mais do que um castelo ou um pelourinho.
E a realidade é essa em Vilar Maior, na nossa Vila, onde não houve, praticamente, nos últimos cinquenta anos qualquer iniciativa empresarial - com excepção para António Júlio Neves Cardoso com a Destiladora, com o serviço de Taxi e o Turismo de Habitação e para o Paulo Almeida na Construção Civil e sem o qual nem um Café teríamos. De duas mercearias ( comércios) no século passado ( chegaram a coexistir três), passámos a zero no século XXI. Em contrapartida, já tivemos nestes primeiros 12 anos deste século mais investimento público do que em todo o século XX. O trágico de todos estes investimentos é que vieram tarde demais, caso para recorrer à sabedoria popular "depois de morto, cevada ao rabo". Se não há gente, não há economia. Fez-se o saneamento mas é indiferente, esteja ou não ligado, porque para a quantidade de habitantes é irrelevante. Fez-se um campo de jogos com todo a estrutura de apoio de balneários mas é irrelevante porque não há utilizadores. Todas essas obras públicas não criaram um único posto de trabalho. Fez-se uma boa recuperação dos Paços do Concelho para museu etnográfico ( que contém um espólio de muito interesse) onde já voltaram a ser feitas obras mas que nunca esteve aberto ao público. Não interessa a Vilar Maior, nem ao concelho, nem ao país, ter obras que não representem um desenvolvimento económico para Vilar Maior - isso quer dizer criação de empresas e de postos de trabalho. Não tem interesse para a economia de Vilar Maior a vinda de turistas se não deixarem em Vilar Maior um cêntimo. Esta é a cegueira do poder central e do poder autárquico que são os responsáveis pela desertificação a que chegámos e que teimosamente teimam em não abrir os olhos. A coisa é mais ou menos como se curássemos de ter computadores sem lhe introduzir o software. Claro que é mais fácil passar cheques a empreiteiros, donde resulta obra visível e palpável ( há até quem diga que resultam outras coisas) do que qualificar as pessoas, fazer formação, criar dinâmicas empresariais.. Já se viu que esse não é de desenvolvimento. Continua-se a fazer porque quem nos governa só faz o que sabe. Ou o que lhe convém.
Esta é uma parcela significativa sa situação a que o país chegou. Um conterrâneo dizia-me, em Agosto, que há na Vila muito dinheiro mal gasto mas que, mal gasto por mal gasto, que seja na nossa terra.
De
egitania a 23 de Setembro de 2012 às 22:56
Gostei desta observação e Vilar Maior é um pequeno reflexo de tudo o que se faz neste país, o que eu diria "obras para inglês ver...", feitas sem qualquer nexo, mas apenas para estarem lá.
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