(Imagem do Senhor dos Passos de Vilar Maior)
Quando a vila detinha a sua tradicional categoria de cabeça de município, realizava-se nela uma concorrida cerimónia de rememoração da via sacra
as aldeias limítrofes quase se despovoavam para assistir e curiosamente algumas delas forneciam mesmo actores que se haviam especializado na reprodução das personalidades bíblicas intervenientes na tragédia do Gólgota.
Na sua totalidade, pertenciam a aldeias agora integradas na união de freguesias que tem por centro Vilar Maior - a saber Quinta das Batoquinhas, Batocas, Aldeia da Ribeira, Escabralhado, Carvalhal do Coa , Badamalos, Arrifana do Coa e, obviamente, Vilar Maior
É também óbvio que pertenciam á vila a maior parte dos figurantes e todos os anódinos e quase anónimos, só sendo chamados das povoações adjacentes os que, por fas ou nefas, se distinguissem do vulgo.
A grande atracção era uma senhora do burgo, uma elegante loira de formosa e opulenta cabeleira que fazia de Maria Madalena e cujas lágrimas faziam chorar copiosamente a assistência.
Segundo ouvi de minha bisavó Cecília, nome difícil a quem talvez por isso chamavam sarilha, pertencia essa senhora, à nobre estirpe dos dias, ao tempo muito conceituada, não apenas na sede do concelho, mas numa roda de várias léguas
De Veronica fazia uma outra ilustre dama, esta da casa dos Alexandres e que, para dessudar a cara do senhor usava toalhas de elevado valor e graciosa traça
outras famílias, designadamente os Simões e os Frias davam as piedosas mulheres que integravam o circuito.
Um vistoso mancebo da Quinta das Batoquinhas, filho dos feitores portugueses, que a finca tinha uma administração binacional, fazia de Cristo.
E os algozes levavam a função tanto a sério que o pobre do moço precisava de uma semana para se recompor dos encontrões e dos simulacros da flagelação.
O Pôncio Pilatos vinha das Batocas, na figura de um endinheirado comerciante a quem a fortuna dera prosma e num algibebe de Lisboa se municiara com trages de tribuno romano.
O Simão Cirineu vivia no Escabralhado e era recrutado pela sua força hercúlea, capaz de levantar pela cheda um carro de bois, carregado de troncos de carvalho, sendo, em corolário, bem leve para ele, o madeiro com que o mártir do Golgota peregrinava pelas ruas da vila, tornadas ruas da amargura.
O Centurião era de Aldeia da Ribeira, chegara a anspeçada nos lanceiros da rainha. Ganhara porte marcial. e para o grande cerimonial conseguia sempre farda condizente.
De Badamalos vinha um mesteiral, de nome Linhares, que se especializara na figura de diabo e servia para cortar com laivos de comédia o ar trágico do drama.
O Carvalhal do Coa, conquanto minúscula arribana, fornecia um personagem central - um tosquiador de aspeito terrífico e furibundo, a martelo talhado para Herodes
Em contraciclo, da Arrifana, também do Coa, vinha João, o evangelista, o discípulo amado, símbolo da mansidão.
Talvez seja tempo de se tentar o renascimento dos passos, agora com o material da união das TRÊS FREGUESIAS.
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