Quarta-feira, 27 de Março de 2013

A água VI

Das coisas mais gratificantes de quem procura conhecer o passado é descobrir um documento que o ilumina. Ora, na linha do ciclo da água que tenho vindo a descrever, apareceu-me hoje esta acta da Junta de Freguesia de 1852 sobre a necessidade de construir um chafariz. Curiosamente o chafariz foi contruído exatamente um século depois.

Sessão do dia12 de Dezembro de 1852
" Sendo presente a Junta da Parochia com a maior parte dos cidadãos vizinhos de todas as classes, reconhecida por todos a necessidade que esta Villa soffre de agoa potavel, não só pelas poucas fontes públicas, como por sêr de má qualidade e escassear no Estio a pontos de sêr mister de implorar o favor de nascentes particulares, tãobem de agoa insalubre, pois que he de cisternas, pouco limpas, sendo esta penuria, que os peritos attribuem a endemia de sezões e febres a que esta Villa é sujeita mais no Estio e no Outono. Ponderão que tornava mais sensível este mal a falta de umchafariz, ou depósito onde beba o vivo, e por conseguinte táobem a cavalaria do Exército sente no seu (?). Ponderão que a experiência está mostrando que mesmo no centro da povoaçãoda Villa he certa a agoa nativa com que se pode bem formar um chafariz público, cujos benefícios são incalculaveis e em consequencia accordou a Junta que todos os Moradores desta Villa sem excepção fossem collectados no serviço braçal, que preciso fôr para abrir um aqueducto começando às escadas dos freixos da praça pella rua acima até onde a experiência mostrar que a agoa seja sufficiente para o fim desejado, e que a valla seja encanada, fazendo-se por turno este serviço, dando os Lavradores toda a pedra precisa, os jornaleiros fazem a escavação, e aplanar por fim o terreno - e que os que não forem lavradores, nem jornaleiros serem obrigados a prestar à sua custa o serviço de jornaleiros. Acordou mais, que com uma desta se dirigisse a Exma Camara um respeitoso requerimento para mandar à custa do Município construir o chafariz e prosseguir pela praça a valla tanto quanto necessário seja até que a agoa possa tornar-se pendente, cuja despeza esta Junta orça pelo menos na quantia de cem mil reis, visto que a Povoação se obriga a fazer por si a parte maior, isto é a vallada desde os freixos para cima - cujas deliberações depois de muito aplaudidas pelos numerosos vizinhos, que estavam presentes, a Junta aprovou, e resolveu sumetter à approvação do Concelho do Districto para ter a força de Lei, e declarou mais, que a pena imposta aos refractarios seria a de mandar-se fazer a sua custa o serviço, que lhe pertencer, e as correcionaes, de que se tornarem merecedores.
Ultimamente a Junta accordou, que depois da legal approvação, se reservava o direito de aprovar uma comissão, encarregada de dirigir a obra, e ordem , e regulamentaridade do serviço, segundo as instrucções que a Junta hade facultar à dita Comissão, a qual não serà livre para reunir-se sem justo motivo, attendido pela Junta. Assim o deliberou, e assignou com os cidadãos prezentes.
O Presidente - Rev. Joze Ignacio de Faria
Joze Ribeiro Leitão
Candido Ozorio da Fonseca"

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publicado por julmar às 00:17
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1 comentário:
De Manuel Maria a 28 de Março de 2013 às 17:09
Cem anos demorou a obra a fazer-se... em VM é tudo ao "relentim"! É que primeiro tem de sser tudo muito bem discutido.


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